Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Lafetah lança single e clipe, alertando para relacionamentos tóxicos


“A minha base é BH”, afirma o cantor e compositor mineiro Lafetah, que tem vivido na ponte-área entre Belo Horizonte e São Paulo nos últimos três anos. Enquanto finaliza seu primeiro álbum, “O bestiário”, ele vem lançando singles gravados e masterizados ao longo do processo de produção.





Exemplo disso é “Flor de ciúme”, com participação de Piettro, que está disponível nas plataformas de streaming, com clipe no canal do cantor no YouTube.

Garçom, professor e cantautor

O disco completo vai sair em meados deste mês. Para chegar lá, Lafetah trabalhou como garçom, empacotador e professor para se sustentar. “Fiz tudo quanto é bico enquanto vou apresentando meus shows e produzindo minhas músicas”, diz. “Tem sido aquela vida de corre, mas eu gosto. Sou bem capricorniano. Gosto de estar sempre na ativa, perseguindo meu sonho.”

O trabalho anterior do mineiro, o extended play “Insone”, foi gravado em Belo Horizonte e lançado em 2018, com a primeira banda dele. A sonoridade era voltada para o blues e para o soul. Já “O bestiário” será mais pop, com pegadas de outros ritmos, como o brega.

“Cada música do álbum tem uma influência diferente da música brasileira. Em 'Zaga', peguei bastante da minha ascendência árabe, percussões e sons mais do Norte e do Nordeste, com triângulo. 'Catuçaí' tem um pouco do carnaval; 'Leviatã', um pouco do funk carioca. É a mistura do Brasil com várias outras coisas”, diz. Além dos singles já lançados, o novo álbum conta com outras quatro músicas e cinco interlúdios, totalizando 14 faixas.




 
CONFIRA o clipe de 'Flor de ciúme':
 

 

O processo de produção foi demorado. Das idas e vindas entre BH e São Paulo, cinco meses viraram dois anos. E as dificuldades impostas pela pandemia foram dribladas de acordo com a necessidade. Os singles foram gravados em meio à crise, alguns à distância, enquanto clipes seguiram os protocolos sanitários.

“À medida que a gente foi produzindo, as músicas também foram evoluindo. A minha dinâmica com o Rico Manzano, o produtor musical, influenciou. Como a gente teve mais tempo para amadurecer e crescer, as músicas foram ficando diferentes entre si. O álbum está bem eclético, isso mostra bastante do nosso crescimento.”

Lafetah tem provocado polêmica. “Sempre que a gente lança um clipe tem alguma repercussão, algum backlash da ala mais conservadora”, diz, ao comentar as reações a seu trabalho. “'Leviatã' foi por causa de política; 'Zaga' por causa da temática de sexo pornô. Agora foi por causa de religião.”





A polêmica atual é com as diretrizes de conteúdo do YouTube. Lafetah acredita que tenha sido denunciado por supostamente violar as normas da plataforma, mas trabalha para reverter a situação.

Clipe na capela

“Flor de ciúme” traz referências religiosas para denunciar relacionamentos tóxicos, mas com bom humor. Gravado em uma capela de São Paulo, o clipe tem a participação da ex-BBB Ariadna Arantes.

O compositor destaca o uso da comicidade para abordar temas socialmente relevantes. A vivência LGBTQIAP+, por exemplo, surge com pegada pop.

“Artista que não faz alguma coisa para perturbar um pouco a paz das pessoas não tem muita graça”, diz. “A gente deve continuar insistindo para ter a nossa liberdade de expressão resguardada. No final, é uma coisa positiva ver que a gente está sendo disruptivo. Ao mesmo tempo, é um saco, porque eu só quero mostrar meu trabalho.”

“FLOR DE CIÚME”

• Single e clipe de Lafetah
• Participação de Piettro
• Disponíveis nas plataformas digitais e no canal de Lafetah no YouTube

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria