Jornal Estado de Minas

MÚSICA CLÁSSICA

Orquestra de Câmara do Sesc em Minas traz arte circense ao palco


A Orquestra de Câmara do Sesc em Minas chega a uma década de existência com um espetáculo cênico-teatral em parceria com o Grupo Trampulim, coletivo de palhaçaria, e a escola de circo Espaço CircoLar. A apresentação especial acontece nesta quarta-feira (20/7), às 20h30, no Grande Teatro do Sesc Palladium.





Desde 2012, a orquestra de Câmara atua na formação de jovens músicos selecionados entre 10 e 14 anos. Ao longo do curso continuado de quatro anos de duração, os alunos têm aulas de violino, viola, violoncelo ou contrabaixo e ainda de percepção musical, prática de conjunto e canto coral, sendo posteriormente orientados, caso queiram seguir a carreira musical, nos processos seletivos para a universidade.

O regente do projeto, maestro Eliseu Barros, se diz com o coração ansioso, mas cheio de alegria para acompanhar a viagem nostálgica que será relembrar os 10 anos de trajetória da orquestra, destacando a versatilidade do trabalho à frente do corpo de música.

"A orquestra sempre caminhou por várias vertentes musicais. Já tocamos sertanejo, já tocamos pop rock, rock e clássicos. Já tocamos de tudo. A questão da inclusão também é muito forte no nosso trabalho. Todo mundo que entra, a gente dá o maior apoio para que fique conosco os quatro, cinco anos. O aluno só sai se ele quiser mesmo."





REINVENÇÃO 
Atualmente com 140 alunos, a orquestra contempla preferencialmente jovens com renda familiar de até três salários mínimos, o projeto é oferecido gratuitamente. Os benefícios incluem vale-transporte, lanche e doação de instrumentos musicais aos alunos ao final do curso.

Para esta quarta, a ideia de trabalhar com elementos circenses nasceu da necessidade de a orquestra se reinventar. Todo ano, em seus concertos de encerramento, o grupo convida artistas para dividirem o palco. No último ano, eles haviam se apresentado junto à Banda Tianastácia, mas antes disso Marcus Vianna e Daniel Boaventura foram outros convidados.

"Nesses 10 anos de orquestra, a gente nunca repetiu o mesmo estilo de apresentação no final do ano. Nós temos o intuito de mostrar aos alunos as várias vertentes da música, os vários estilos. Resgatar a nossa música popular. Sempre fico tentando bolar apresentações diferentes para oferecer aos nossos meninos e ao nosso público," comenta o regente, que é também diretor pedagógico do projeto.





Adriana Morales, do Grupo Trampulim, se diz lisonjeada pelo convite em poder compartilhar este momento com a Orquestra de Câmara. Ela e seus companheiros Rafael Protzner e Tiago Mafra trabalham juntos desde 2008, sendo que o Trampulim desenvolve atividades de palhaçaria há 28 anos. Os três são responsáveis pelo roteiro e direção cênica do espetáculo, mas os números aéreos e de tecido ficam por conta dos artistas do Espaço CircoLar.

Para ela, a iniciativa é essencial na busca pela mistura entre erudito e popular. "É uma provocação para a gente transformar esse espaço de difícil acesso. Quando mistura com o circo é uma dobradinha que dá muito certo." Além deles, o espetáculo recebe também as participações de outros dois projetos de formação cultural, o Coral Jovem e o Núcleo de Formação de Dança.

INCLUSÃO 
"Nós sempre valorizamos muito a cidadania desses alunos dentro do projeto. Tem uma aluna que nós descobrimos que ela pinta e faremos a exibição dos quadros. Em anos anteriores, descobri que tinha um menino que tocava viola caipira. Então, fiz um arranjo musical e colocamos esse menino para tocar a viola caipira na apresentação. A gente valoriza muito a cidadania e a inclusão social. Eles têm voz dentro do projeto. Sugerem músicas para a gente trabalhar. Não é uma orquestra com um modelo muito tradicional, a gente deixa a liberdade alçar voo lá dentro. É a liberdade que manda," finaliza o maestro Eliseu Barros.

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro

10 ANOS DA ORQUESTRA DE CÂMARA SESC
Concerto espetáculo com o Grupo Trampulim e a Espaço CircoLar, nesta quarta-feiran (20/7), às 20h30,  no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046  – Centro). Retirada gratuita de ingressos na bilheteria, mediante doação de 2kg de alimento não perecível, ou no Sympla (R$ 10 – arrecadação destinada ao Mesa Brasil Sesc)