Jornal Estado de Minas

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Rodrigo Santoro vive navegador de orgulho ferido na série "Sem limites"

 
Em 1519, Fernão de Magalhães (1480-1521) zarpou do porto de Sanlúcar de Barrameda, no Sul da Espanha, com cinco navios e 239 homens, para encontrar um novo caminho às Índias Orientais. Três anos depois, Juan Sebatián Elcano (1476-1526) retornava à sua terra natal daquela que ficou conhecida como a primeira viagem de circunavegação do globo terrestre.





A série épica “Sem limites”, que a Amazon Prime Video lança nesta sexta-feira (8/7), reconta a jornada de Magalhães e Elcano, com Rodrigo Santoro e Álvaro Morte interpretando os respectivos navegadores. Com seis episódios, a minissérie foi produzida com um orçamento de € 30 milhões (R$ 160 milhões).

Quem assina a direção dos seis capítulos, que foram rodados em 2021 na Espanha e na República Dominicana, é o inglês Simon West (“Lara Croft: Tomb Raider” e “Os mercenários 2”). Conhecido por suas sequências de ação, West comanda um elenco que tem, além de Santoro e Álvaro Morte, os atores espanhóis Sergio Peris-Mencheta, Carlos Cuevas, Adrián Lastra, Pepón Nieto e Bárbara Goenaga.

O papel do navegador português Fernão de Magalhães se soma a uma longa lista na carreira internacional de Rodrigo Santoro, cujo currículo tem mais de 30 filmes, séries e curtas, de produção europeia, estadunidense ou latino-americana.






Morte

O navegador liderou a expedição até sua morte, em 27 de abril de 1521, em combate com os nativos na Ilha de Mactan, que hoje faz parte das Filipinas, a serviço da Coroa de Castela. De início, Magalhães não tinha interesse em circunavegar o planeta, mas almejava descobrir uma passagem para as Índias Orientais, onde os países europeus da época negociavam especiarias, contornando o extremo da América do Sul.

“Essa é uma grande história, que toca em um assunto muito atual, que é o início da colonização. Revisitamos a época, de certa forma, o que é importante para o público jovem. É entretenimento, com muita ação e aventura, mas também com história e personagens densos”, afirma Santoro.



O ator, que fechou o contrato para estrelar a produção antes do início da pandemia, revela que fez uma extensa pesquisa para viver o personagem. “Fiquei confinado por muito tempo , e o Magalhães ficou confinado comigo. Estudei por muito tempo, mais do que o normal. Adoro o processo de estudo e preparação, mas tive nove meses para me preparar. O que havia para pesquisar, eu pesquisei”, comenta.





Os documentos sobre as histórias e as polêmicas que envolvem a vida do navegador, do nascimento na cidade portuguesa do Porto à morte na expedição, enriqueceram a percepção do ator sobre o contexto histórico e o provável caráter do personagem, que deu sua vida para atingir seus objetivos.

“Magalhães, de acordo com a apuração que consegui fazer, é um homem que vem de um lugar de ressentimento e orgulho ferido, e precisava provar seu valor. Ele fica obsessivo com a ideia de atravessar o estreito e acredita nas provas da Coroa de sua existência e nas cartas náuticas. Nada o tira desse caminho”, explica o ator.

Juan Sebastián Elcano, papel de Álvaro Morte (o “professor” da série “La Casa de Papel”) é um oficial da tripulação de Magalhães que capitaneia a expedição após a morte do português e retorna a Sanlúcar de Barrameda com apenas um navio e 18 homens.





“Eu conheci o Álvaro a partir do fenômeno ‘La Casa de Papel’, uma indicação da minha esposa. Nosso trabalho ficou muito interessante. A relação entre Magalhães e Elcano é o eixo central da história. Pelos registros históricos, os dois pareciam ter uma relação antagônica”, diz Santoro.


Histórico

Álvaro Morte aponta, para além da aventura e da “história de piratas”, que o evento histórico possibilita a oportunidade de contar como a expedição de Magalhães mudou os rumos da sociedade e a percepção da humanidade sobre o planeta Terra.

“Eu me lembro de quando era criança, na escola, e a professora falava: ‘Sabe, tem essa figura histórica, Juan Sebastián Elcano, que era do País Basco, no Norte da Espanha, e foi o primeiro homem a navegar ao redor do mundo. Ok, agora vamos falar sobre o teorema de Pitágoras...’ As pessoas aqui na Espanha têm pouca informação sobre Elcano. Quando li o roteiro, fiquei fascinado com a história”, diz o espanhol.





Ele comenta que o fato de “Sem limites” ser uma versão ficcional do episódio histórico o deixou à vontade para criar um Elcano próprio, a partir de suas impressões dos documentos históricos. Seu objetivo foi explorar as possibilidades e construir um personagem que não fosse perfeito e conseguisse despertar a empatia do público.

“Eu queria interpretar um cara que não está seguindo um caminho certo. Ele é apenas um cara normal, que quer aproveitar a vida com os amigos, tomar cerveja e fazer piadas. Mas, eventualmente, a vida oferece a ele a oportunidade de se tornar um herói. Tem um momento na história em que ele, agora comandante da viagem, decide passar por cima das regras e não ouvir o rei”, explica o ator.

Apesar de todo o teor histórico e de a minissérie se basear em fatos bem documentados nos últimos séculos, Álvaro Morte ressalta a carga ficcional da obra, que é feita, primariamente, como entretenimento. 





“Espero que o público veja a história de um jeito diferente. Eu me lembro de quando estudava história no ensino médio e achava tudo muito chato e sério. Estamos tentando fazer com que as pessoas aproveitem a história. Queremos que o público se divirta com a série”, afirma.

“SEM LIMITES”
Série em seis episódios. Disponível na Amazon Prime Video, a partir desta sexta-feira (8/7). 


O espanhol Álvaro Morte diz que abordar fatos históricos de modo atraente para o público é uma qualidade da série (foto: Prime Video/Divulgação)

NO MESMO BARCO

Confira quem é quem em “Sem limites”

FERNÃO DE MAGALHÃES (RODRIGO SANTORO)

Fernão de Magalhães foi um navegador e explorador português, nascido na cidade do Porto, em 1480. Nobre de nascimento, cresceu como pajem da corte da rainha D. Leonor, consorte de D. João II de Portugal.

Antes de liderar a famosa expedição que acabou sendo a primeira circunavegação do planeta, participou de viagens e batalhas nas Índias Orientais, a serviço da Coroa portuguesa.

Em 22 de março de 1518, ratificou com o rei Carlos I de Castela um tratado que lhe concederia cinco navios e uma tripulação de 239 homens para descobrir uma nova rota às Índias Orientais.



Foi o primeiro a atravessar o estreito que hoje leva seu nome, no extremo sul do continente americano, e a cruzar o Oceano Pacífico, que nomeou. Magalhães foi morto em batalha em Cebu, nas Filipinas, durante a expedição, pelo governador nativo Lapu-Lapu, em 27 de abril de 1521.
 

JUAN SEBASTIÁN ELCANO (ÁLVARO MORTE)

Juan Sebastián Elcano foi um navegador e explorador espanhol, o primeiro homem a completar a circunavegação do globo terrestre. Apesar de ter assumido o comando da expedição após a morte de Magalhães, participou de um motim contra o capitão antes de conseguirem encontrar a passagem pela América do Sul, mas foi perdoado pelo português.

Elcano retornou para a Espanha em 6 de setembro de 1522 com apenas um navio, o Vitória, e 18 homens. Elcano foi premiado com um brasão de armas por Carlos I da Espanha, que continha um globo com o lema: “Primus circumdedisti me” (em latim, “O primeiro a circundar-me”), e uma pensão anual, cujo restante doou para a Igreja ao fim de sua vida.




 

JUAN DE CARTAGENA (SERGIO PERIS-MENCHETA)

Juan de Cartagena foi um contador espanhol que capitaneou uma das cinco naus da expedição e liderou o motim contra o português na costa da Patagônia, pouco antes de atravessarem o Estreito de Magalhães. Originalmente sentenciado à execução por decapitação, Cartagena foi abandonado em uma ilha remota com poucos suprimentos, para nunca ser encontrado.
 

ANTONIO PIGAFETTA (NICCOLÒ SENNI)

Antonio Pigafetta foi um marinheiro, geógrafo e escritor italiano e o principal escrivão da expedição de Magalhães. Pigafetta foi um dos 18 homens a retornar à Espanha a bordo do Vitória e completar a circunavegação do globo. Seus diários são as maiores fontes de informação que temos sobre a viagem e foram citados por Rodrigo Santoro como fundamentais em sua preparação para o papel de Fernão de Magalhães.


* Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes