Jornal Estado de Minas

MARATONAMOS

Stranger Things: o que você não viu na quarta temporada

 

 

Atenção, contém spoilers! Após três anos de espera, os fãs de Stranger Things aproveitaram o fim de semana para maratonar os sete episódios da primeira parte da quarta temporada. Mas além das reviravoltas e da tensão da trama, Stranger Things traz discussões importantes e referências que podem passar despercebidos. 





Traumas, bulimia e outros problemas psicológicos - O primeiro episódio da série nos apresenta Cassy, líder de torcida e rainha da escola. Apesar de ser popular e aparentar ter uma vida perfeita, a adolescente enfrenta seus próprios monstros: Cassy vomita no banheiro da escola, enquanto delira lembrando da mãe a chamando de gorda.


Enquanto isso, Max tem pesadelos e dor de cabeça após perder o irmão, Billy, no fim da terceira temporada. Ela também se afasta dos amigos e se torna mais introvertida, necessitando do aconselhamento da psicóloga da escola.


Ao longo da temporada, o espectador descobre como o sofrimento mental é um chamariz de Vecna, que usa dos traumas para torturar as vítimas. 


O mal do bullying - Após se mudar para a Califórnia, Eleven enfrenta problemas com os novos colegas da escola. Angela e outros adolescentes pegam no pé da heroína, que tem que lidar com a rejeição dos amigos, enquanto lida com o luto por Hopper e a perda de seus poderes. 





Enquanto tenta se encaixar, Eleven mente para Mike, relatando uma vida perfeita para o namorado, quando, na verdade, sofre agressões. Will é seu único amigo e não consegue entender porque Eleven mente. Por fim, a série mostra a garota fora de controle, mostrando como é difícil controlar as emoções.


Sexualidade de Will - Por falar no irmão mais novo de Jonathan, a quarta temporada retoma a discussão sobre a orientação sexual de Will. Na terceira temporada, o espectador entende que ele não gosta de garotas. Nos novos episódios, Will prepara uma pintura para um crush, e mostra ter ciúmes de Mike.


Apesar de não ser confirmado, David Harbour e Finn Wolfhard deram a entender, em entrevistas, que pode haver, de fato, uma paixonite de Will por Mike. Mas só teremos a confirmação no segundo volume da temporada, que só será lançado em julho.





Pânico satânico - No decorrer dos episódios de Stranger Things, vemos como a comunidade relaciona o jogo Dugeons&Dragons com o satanismo. O tema vira tema de artigo de jornal e, após as mortes em Hawkins, pais e alunos acreditam que os adolescentes teriam sido assassinados em um culto satânico realizado pelos membros do Hellfire, clube dedicado ao jogo. Na vida real, a crença em mortes por rituais satânicos atrapalhou diversos casos criminais. 


Running Up That Hill - A música de Kate Bush entrou no ranking do Spotify Global após a estreia da série. Na história, essa é a música preferida de Max. Além de salvar a vida da personagem, a menina se identifica com a letra.


Em um dos trechos, Kate canta “E se eu apenas pudesse  fazer um acordo com Deus, eu faria com que Ele me colocasse no seu lugar”. Na carta escrita para Billy, Max compartilha o sentimento de culpa pela morte do irmão e de como gostaria de ter feito algo para impedir o ataque do Devorador de Mentes. 





Vilões comunistas - A trajetória heroica de Hopper se passa em uma cadeia soviética, no auge da Guerra Fria. Na história, os russos são os caras maus que fazem de tudo para maltratar Hopper e quem mais for contra o regime socialista. 


Além disso, Stranger Things retrata guardas corruptos, contrabando e carnificina pelo lado russo, enquanto os americanos conseguem destruir os inimigos. 

Stranger Things revive nostalgia

Elenco de Stranger Things durante o lançamento da quarta temporada (foto: Jon Kopaloff /ACE)
 

Uma grande característica de toda a série é a nostalgia, seja nos cenários, no figurino, na trilha sonora e até nas regras dos jogos de basquete. E, claro, várias referências cinematográficas.


Dessa vez, os Irmãos Duffer trouxeram um vilão que lembra Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo). Ambos misturam o mundo dos sonhos com a realidade, além de mortes impactantes e sangrentas. E, claro, um visual humanoide de dar medo.





Além disso, o ator Robert Englund, que deu vida ao jardineiro serial killer, integra o elenco da quarta temporada, como Victor Creel. Falando nesse personagem, ele é uma mistura de Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes) e Ronald “Butch” deFeo, jovem que matou toda a família na série Amityville.


“Carrie: a estranha” é outra referência em Stranger Things: assim como a personagem do longa de 1976, Eleven é uma menina inocente, rejeitada pelos colegas e com super poderes. A referência fica explícita na cena da pista de patinação.


Há também referências a temporadas anteriores da série, como o clássico corte de cabelo de Eleven e a corrida de bicicleta, da primeira temporada. Também lembramos de alguns cenários, como a casa de Steve, e da morte de Barb. Já Eleven continua com a frase “friends don’t lie” (amigos não mentem) como lema. 





 

Já outro clássico da cultura nerd, "O Senhor dos Anéis", aparece na cena da floresta, com uma citação direta: "O condado está em chamas". Mas não é só isso. David Harbour, que dá vida a Hopper, disse que a superação do personagem na quarta temporada da série foi inspirada no retorno de Gandalf em As Duas Torres, filme da saga.

 

Ozzy Osbourne e Black Sabbath também são citados. Na série, Eddie compara a performance de Steve no mundo invertido ao episódio em que o roqueiro mordeu um morcego no palco. 


Por fim, Stranger Things presta uma homenagem a Kobe Bryant, morto em 2020. O jogador de basquete usava a camisa 8, a mesma que Lucas. 


Para o volume dois, os fãs aguardam mais referências (e respostas para perguntas que ficaram no ar ao fim do sétimo episódio). Mas os últimos dois episódios só chegam à Netflix no dia 1/7.