Jornal Estado de Minas

TELA EXPANDIDA

Festival Fenda, que começa hoje, promete novas experiências no cinema


O frio assustou, mas não intimidou o Festival Experimental de Artes Fílmicas (Fenda), que será aberto com sessão ao ar livre nesta quarta-feira (25/5), em Venda Nova. A ampla programação, dedicada a recentes experimentações no cinema, prossegue até domingo (29/5), no Cine Santa Tereza.






“Ficções sônicas 01” foi apresentado em instalação na Bienal de São Paulo em 2021, inspirado no conceito de afrofuturismo sonoro do ganês Kodwo Eshun. “O segundo antes da coragem” foi desenvolvido para um evento on-line de experimentação visual.

Curtas-metragens e projetos em looping de Cao Guimarães ficarão em cartaz (foto: Flor/divulgação )

DIÁSPORA 

Grace diz que “Ficções sônicas 02”, o maior trabalho, é uma forma de pensar teatro e cinema no contexto pandêmico a partir da perspectiva híbrida, abordando temas como a diáspora africana. A atriz, dramaturga e diretora está feliz com a decisão do Fenda de exibir seu trabalho.





“Achei muito interessante a ideia de um festival de artes fílmicas. É uma forma de olhar para a manifestação da cinematografia para além da ideia mais fechada de cinema ou audiovisual.  Existe aí o desejo expandido de pensar as manifestações audiovisuais”, comenta.

“Sou uma pessoa que trabalha tanto no cinema quanto no teatro, e as coisas que venho fazendo são híbridas. Durante a pandemia, eu e uma série de pessoas experimentamos modos híbridos de pensar o teatro através de elementos audiovisuais. Isso gerou trabalhos que, de certo modo, são difíceis de ser classificados dentro de gêneros de uma determinada indústria do cinema. São muito experimentais”, afirma Grace.

“Horizontes” receberá trabalhos de Cao Guimarães, entre filmes realizados em diversos países e projetos em looping que ficarão em cartaz no espaço especialmente desenvolvido para o festival.





“A gente elaborou uma sessão com o Cao, com oito curtas-metragens dele. São filmes de uma delicadeza, de observação do mundo, construção sonora, textura e cores muito impressionantes”, diz Victor Guimarães.

O festival apostou também em pratas da casa para a curadoria: Cora Lima, Letícia Rú e Kevin Ramo selecionaram filmes belo-horizontinos. Em janeiro, eles participaram de oficina promovida pelo evento. Carla Italiano, Luis Fernando Moura, Maria Bogado e Felipe André Silva foram outros colaboradores do festival.

“A gente sentiu a necessidade de criar espaço para as artes fílmicas experimentais em Belo Horizonte. A cidade tem tradição no campo da videoarte e no campo do cinema experimental que remonta aos anos 1980 e 1990, com vários artistas conhecidos no mundo inteiro. Mas não temos espaço regular exclusivamente dedicado a essa modalidade de trabalho audiovisual”, diz Guimarães.




OUTRO OLHAR 

O diretor do Fenda revela a intenção de oferecer espaço para o público da capital mineira diversificar seu repertório. “Ver filmes que escapam do cinema convencional”, comenta.

Aliás, o Fenda vai oferecer novidades para boa parte do público. “Muita gente nunca viu um projetor 16mm ou Super 8 funcionando. É uma outra experiência de textura e materialidade da imagem. Tem também a cor e a resolução que a gente não consegue reproduzir no digital”, afirma Guimarães.

Ele cita o Super 8, com seu pequeno projetor em ação. “É uma coisa meio performática. Tem as trocas de rolo. É outro ritmo”, diz. “As pessoas podem ter uma experiência bem marcante. A primeira vez que vi, fiquei apaixonado”, finaliza.

FENDA

Abertura nesta quarta-feira (25/5), às 19h30, no Centro Cultural Venda Nova (Rua José Ferreira dos Santos, 184, Jardim dos Comerciários). Entrada franca. De quinta (26/5) a domingo (29/5), no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Ingressos podem ser obtidos em diskingressos.com.br. Domingo (29/5), às 10h, palestra de Leandro Listorti no Museu da Moda (R. da Bahia, 1.149, Centro). Programação completa em https://fendafestival.com e no perfil do evento no Instagram

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria