Jornal Estado de Minas

STREAMING

Comédia sobre perrengue de pobre é primeiro longa nacional da Paramount+


Cauê Campos é conhecido da meninada. Natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, o ator estrelou sete temporadas da série “Detetives do Prédio Azul”, exibida entre 2012 e 2016. Aos 20 anos, ele inicia agora uma nova fase em sua carreira com o filme “Vai dar nada”, que estreia nesta quarta (18/5) , no Paramount+. 





Trata-se do primeiro longa-metragem original produzido pela plataforma no Brasil. Guel Arraes e Jorge Furtado assinam o roteiro. A direção é de Furtado, em parceria com a cineasta Ana Luiza Azevedo, sua sócia na Casa de Cinema de Porto Alegre.

O ator considera que o personagem Kelson, um ladrão de veículos que usa sua moto para fugir da polícia e tentar conquistar a namorada, Neide (Fernanda Teixeira), foi uma oportunidade perfeita para seu amadurecimento profissional. 

"É um olhar adulto para a minha caminhada", disse ele, em entrevista coletiva virtual, na última segunda (16/5), da qual participaram também Guel Arraes, Jorge Furtado e as atrizes Jéssica Barbosa e Katiuscia Canoro.





MOTO 


Ao comprar do golpista Fernando (Rafael Infante) uma moto que pertenceu ao bandido Brasilite (Heinz Limaverde), Kelson vê sua vida virar de cabeça para baixo e se mete em uma encrenca atrás da outra. 

Jorge Furtado conta que a história surgiu a partir de pesquisas que ele e Guel Arraes faziam sobre coisas do Brasil. "Até que encontramos uma história real, trágica e cômica, de um rapaz que se envolveu com a venda de uma moto e uma sobreposição de leis", disse, citando as leis escritas, as da polícia, as da milícia, as do tráfico e, "por cima de todas essas, a lei da sobrevivência". 

A partir daquela situação, observando as artimanhas do brasileiro para sobreviver, os diretores perceberam que a história daria uma boa comédia. "Trabalhamos nos dois registros, no drama e na comédia. Aqui o riso é para pensar, também", afirma Furtado.







A trilha sonora tem força no longa. "A música é a grande arte que todos aspiram, arte pura, arte abstrata. O Brasil tem uma produção que se renova sempre", diz Furtado, que reuniu composições do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, da Amazônia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, e aponta “Fé no pobre louco”, de MC Marks, como uma espécie de editorial do filme.

"Quando ele (MC Marks) diz "em casa nunca mais falta gás, geladeira cheia e wi-fi, deixar minha coroa em paz..." é o sonho de jovem de periferia brasileiro que está expresso na música. É o editorial do Kelson", afirma.

DESENHO 

Cauã reconhece a importância da música para a composição da personagem. "A música, como Jorge (Furtado) disse, criou todo o desenho do personagem. Tenho essa música salva até hoje e sempre que a ouço vem toda aquela lembrança. Kelson está guardadíssimo em meu coração", disse. 





O ator comentou que fazer comédia não foi fácil. Sorte, segundo ele, foi estar em um set com Katiuscia Canoro e Rafael Infante. "A convivência com eles foi importante para aprender. São referências que nos ajudam a construir o trabalho."



Juntos há mais de 30 anos em projetos no cinema e na televisão, Jorge Furtado e Guel Arraes acreditam que a convivência diária torna mais prático o dia a dia. "Trabalhamos só on-line, mas quando nos encontramos é para exercer a amizade. O que facilita muito, porque, quando você tem afinidade, troca referência, cria um repertório comum, além da prática do trabalho em si. Digo que somos o Roberto e o Erasmo do roteiro", afirma Guel, no que é interrompido por Furtado: "Eu sou Erasmo, mais rock and roll. E o Roberto é mais velho também", brinca.

Apesar de ter sido rodado na capital do Rio Grande do Sul, com coprodução da Casa de Cinema de Porto Alegre, o longa não tem uma localização exata. "A cidade é Filmópolis, no país da Cinemalândia", compara Jorge Furtado. A trama, argumenta ele, se passa em uma grande cidade, com seus sotaques e toda a riqueza do país. “O Brasil é essa misturada toda e eu reconheço Porto Alegre na tela”, disse, com humor. 

“VAI DAR NADA”
Longa-metragem brasileiro. Direção: Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo. Com Cauê Campos, Katiuscia Canoro, Jéssica Barbosa e Rafael Infante. Estreia nesta quarta (18/5), no Paramount