Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Quinteto Violado e Banda de Pau e Corda lançam disco gravado em BH

 
Com uma história de cinco décadas de amizade, os grupos Quinteto Violado e Banda de Pau e Corda se juntaram para lançar o álbum inédito “Na estrada – Ao vivo” (Biscoito Fino). Gravado em 2020, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, o disco traz um repertório coletivo, executado pelos 11 músicos que integram os dois grupos. O show contou com a direção musical de Dudu Alves (Quinteto) e Sérgio Andrade (Pau e Corda) e teve realização das produtoras Nó de Rosa e Cadoro Eventos.





O trabalho marca os 50 anos do Quinteto Violado, comemorados em outubro passado. Sérgio Andrade conta que o plano era realizar uma turnê nacional, que passaria por São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Fortaleza. Após os dois primeiros shows, respectivamente em Juiz de Fora, no dia 13 de março, e em Belo Horizonte, no dia 14, a turnê foi suspensa, devido ao início da pandemia do novo coronavírus.

O repertório do álbum é composto por músicas que marcaram a trajetória das duas bandas. Da Pau e Corda está um medley formado por “Lampião” (Waltinho & Roberto Andrade) e “Têmpera” (Waltinho), “Mestre Mundo” (Luiz Bandeira & Julinho), Esperança (Waltinho & Sérgio Andrade) e “Pipoca moderna” (Sebastião Biano & Caetano Veloso).

Do Quinteto estão o medley com “Forró de Dominguinhos (Dominguinhos) e “Sete meninas” (Toinho Alves & Dominguinhos), “O plantador” (Geraldo Vandré & Hilton Acioly), o clássico “Asa branca” (Luiz Gonzaga & Humberto Teixeira), “Palavra acesa” (Fernando Filizola & José Chagas) e um medley com “Cavalo marinho” (adaptação de Marcelo Melo, Fernando Filizola & Luciano Pimentel) e “Mundão” (Fernando Filizola & Luciano Pimentel).





Sérgio explica que a amizade com a Banda de Pau e Corda vem desde antes de sua criação oficial. “Nós nos conhecemos em 1971, quando eles começaram. A Banda de Pau e Corda não existia como grupo ainda, os três irmãos, eu, Waltinho e Roberto Andrade, hoje falecido, é que fazíamos as canções e participávamos daqueles festivais do final dos anos 1960 e início dos 1970”, diz.

“Foi o falecido Toinho Alves, que era o contrabaixista do Quinteto Violado, quem sugeriu o nome de Banda de Pau e Corda”, conta Sérgio. Ele comenta que as duas bandas pretendem agora dar continuidade à turnê interrompida no ano passado. Embora já tenham dividido o palco anteriormente, essa é a primeira vez que as duas formações tocam simultaneamente o repertório de uma e de outra. 

Sérgio Andrade é o único remanescente da formação original do Pau e Corda, assim como Marcelo Melo é o único integrante do Quinteto presente desde sua criação. “Essa formação atual da Banda de Pau e Corda tem dois integrantes, o Sérgio Eduardo, que já está com quase 30 anos (de grupo) e o Júlio Rangel, com 20. Os outros são mais novos. Isso é natural que a gente mude, afinal são 50 anos, mas acho que o mais importante é manter o foco e a estrutura filosófica do grupo, o que foi feito. Os novos vêm sempre para dar sangue e vitalidade, acho isso importante demais.”




ÁLBUM 

A Banda de Pau e Corda lançou, em outubro passado, o disco “Missão do cantador” (Biscoito Fino). “Esse álbum tem uma importância grande para nós, porque há 30 anos que a banda não lançava um disco de autorais inéditas. E ele veio com essas músicas e ainda contou com as participações de Chico César e Zeca Baleiro. Voltamos também com uma música de um mineiro que amamos de paixão, que é o poeta Murilo Antunes. Tem uma música inédita dele no disco.”

A banda pretende fazer show desse disco na capital mineira, que Sérgio chama de “segunda casa” da Pau e Corda. Dudu Alves, do Quinteto, está contente de lançar um disco gravado em Minas Gerais. Sobre a seleção do repertório, ele comenta que “‘Lamento sertanejo’, na verdade, se chamava ‘Forró do Dominguinhos’. Foi assim que ele nos apresentou essa música, por volta de 1973, mostrando somente a versão instrumental. Tempos depois, Gilberto Gil pegou essa melodia e colocou letra nela e virou ‘Lamento sertanejo’”.

“E nesse mesmo pot pourri a gente colocou ‘Sete meninas’, que é uma parceria de Dominguinhos com meu pai”, conta Dudu. “Eles tinham uma grande amizade, e Dominguinhos viajou muito com o Quinteto naquela década. Eles tinham acabado de fazer uma temporada com o Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Era a volta de Gonzagão aos palcos. Nesse período, Dominguinhos era o sanfoneiro de apoio de Luiz Gonzaga para essa turnê que eles fizeram.”





Depois dessa turnê, Dominguinhos foi convidado pelo Quinteto para fazer uma série de shows com o grupo. “De lá para cá, essa amizade se consolidou e depois surgiram várias parcerias. Mas ‘Sete meninas’ chegou a ser gravada por Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho, Mestrinho, Falamansa e Luci Alves, entre outros. Ela tem uma repercussão muito bacana na história do Quinteto e ficou muito marcada”, diz Dudu.

Sobre “O plantador”, outra que está no repertório do disco, ele diz que “Geraldo Vandré se tornou um grande amigo do Quinteto, inclusive fizemos um trabalho chamado ‘Quinteto canta Vandré’, que lançamos na década de 1990. Alguns anos depois, a gente transpôs todo o arranjo desse disco para uma grade de partitura e tocamos com a Orquestra Jovem de Pernambuco, sob a regência do maestro José Renato. Na época, gravamos com essa orquestra que era formada por crianças e tinha 70 músicos”.

O clássico “Asa branca”, ele observa, “não poderia ficar de fora do repertório, tem que fazer parte dessa obra. E ficou muito legal, a gente tocando e cantando junto com a Banda de Pau e Corda. É um momento muito emocionante desse álbum”.





Ele conta que o Quinteto e a Pau e Corda pretendem retomar sua turnê começando por Minas, “já que as duas bandas têm um carinho muito grande pelos mineiros e onde sempre fomos muito bem recebidos”. A data de reinício é 18 de março de 2022, no Palácio das Artes, onde o giro parou em 2020.

“NA ESTRADA – AO VIVO”

Quinteto Violado e Banda de Pau e Corda
Biscoito Fino
Disponível nas plataformas digitais

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