Jornal Estado de Minas

CINEMA

Lista dos 15 pré-candidatos estrangeiros ao Oscar sai nesta terça (21/12)



Nesta terça-feira (21/12), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulga a lista dos 15 títulos pré-selecionados para disputar a categoria de melhor filme internacional no Oscar 2022. O Brasil tenta uma vaga com “Deserto particular”, dirigido por Aly Muritiba.




 
O filme brasileiro levou o prêmio do público da mostra paralela “Venice days”, no Festival de Veneza, e estreou nas salas de exibição do país no final de novembro. Conta a história do policial Daniel (Antonio Saboia), que comete um erro, põe a carreira em risco e deixa Curitiba rumo ao sertão baiano em busca da mulher com quem se relaciona virtualmente. Ao chegar na pequena cidade, vive um conflito ao descobrir que Sara (Pedro Fasanaro) é uma jovem trans obrigada a viver como Robson, escondendo da família interiorana sua orientação sexual.


São 92 filmes em busca de uma vaga. “Amira”, candidato jordaniano, saiu do páreo no início deste mês. Dirigido pelo egípcio Mohamed Diab, o longa causou imbróglio político e recebeu duras críticas dos palestinos.
 
O filme conta a história de Amira, nascida de inseminação artificial. O esperma do pai, palestino preso em Israel, foi contrabandeado para fora do presídio. Adulta, ela descobre que o sêmen, na verdade, veio de um carcereiro israelense, inimigo de seu povo.




 
O japonês "Drive my car", indicado ao Globo de Ouro, tem boa cotação para Oscar 2022 (foto: Janus Films/divulgação)
 
O filme foi acusado de insultar a Palestina, onde muitas mulheres engravidam dos companheiros detidos por meio do contrabando de esperma. O Hamas tachou o filme de “serviço prestado ao inimigo sionista”.
Entre os fortes candidatos à briga pelo Oscar está o longa japonês “Drive my car”, de Ryusuke Hamaguchi, que levou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes deste ano e vai disputar o Globo de Ouro na categoria filme estrangeiro.
 
Outro concorrente de peso é o francês “Titane”, dirigido por Julia Ducournau, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em julho. O longa estreia no Brasil em 28 de janeiro, como atração da plataforma de streaming Mubi.




 Também está no páreo o iraniano “A hero”, de Asghar Farhadi, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes e indicado ao Globo de Ouro 2022.
 
“Zero to hero”, filme de Hong Kong dirigido por Chi-Man Wan, e o italiano “A mão de Deus”, de Paolo Sorrentino, também tentam chegar ao Oscar. Ambos já estão disponíveis na Netflix.
 
As cinco produções internacionais que disputarão o Oscar serão anunciadas em 8 de fevereiro, assim como os indicados em todas as demais categorias. A entrega do prêmio está marcada para 27 de março, no Teatro Dolby, em Los Angeles.




 
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o francês "Titane" é forte candidato à estatueta (foto: Neon/divulgação)
 

MULHERES

Dos 92 filmes estrangeiros que brigam por uma chance na 94ª edição do Oscar, 22 são dirigidos por mulheres – ou seja, 23,9% (veja a lista nesta página). A francesa Julia Ducournau já fez bonito em Cannes, levando a Palma de Ouro com seu “Titane”. Antes dela, só a neozelandesa Jane Campion havia levado o prêmio, com “O piano”, em 1993.
 
Aliás, “Ataque dos cães”, o novo filme de Jane Campion, foi indicado a seis categorias do Globo de Ouro 2022 e é forte candidato a estatuetas do Oscar.
 
Outra mulher brilhou recentemente no Oscar: a chinesa Chloé Zhao, que conquistou as estatuetas de melhor filme e melhor direção, em abril deste ano. É a segunda cineasta a realizar o feito – antes dela, Kathryn Bigelow foi premiada por “Guerra ao terror”, em 2010.
 
Diretoras de todos os continentes vão cruzar os dedos amanhã, quando sairá a esperada lista de pré-candidatos ao Oscar de melhor filme internacional. Roteiros abordam dramas familiares, mulheres em busca de seu próprio espaço, machismo e questões políticas, como o retrocesso da democracia na Turquia.





* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

DIRETORAS NA DISPUTA

''Barakat'': mulher vai de encontro ao machismo africano (foto: Reprodução)

ÁFRICA DO SUL
“Barakat”, de Amy Jephta. Matriarca pretende reunir a família disfuncional para dar a notícia de seu novo romance.

ALEMANHA
“O homem ideal”, de Maria Schrader. Cientista busca recursos para sua pesquisa e aceita participar de um experimento: viver, durante três semanas, com um robô criado para fazê-la feliz.

ARGENTINA
“El prófugo”, de Natalia Meta. Dubladora acha que seu corpo é invadido por intrusos quando ela sonha.

ARMÊNIA
“Should the wind drop”, de Nora Martirosyan. Auditor do aeroporto da pequena república separatista de Artsakh, no Cáucaso, participa de projeto para que o país se abra ao mundo.





AUSTRÁLIA
“O uivo das romãs”, de Granaz Moussavi. Durante a guerra, garoto arrimo de família sonha em ser ator.

BÉLGICA
“Playground”, de Laura Wandel. Menina de 7 anos e o irmão mais velho são vítimas de bullying.

COSTA RICA
“Clara Sola”, de Nathalie Álvarez Mesén. O despertar sexual e místico de Clara, mulher de 40 anos.

EGITO
“Souad”, de Ayten Amin. Adolescente entra em conflito, dividida entre a mídia social e hábitos tradicionais de sua religião.

FRANÇA
“Titane”, de Julia Ducournau. Modelo de showroom passa a ter atração sexual por automóveis após violento acidente de carro, que obrigou criança a carregar placa de titânio no crânio.




 
"Freda'' mostra a resistência feminina diante da crise social no Haiti (foto: Reprodução)
 
HAITI
“Freda”, de Gessica Geneus. No Haiti, Freda e a família vivem de sua pequena loja de comida de rua, enfrentando a violência e a precariedade de sua comunidade.

INDONÉSIA
“Yuni”, de Kamila Andini. Prestes a terminar o ensino médio, adolescente faz planos para o futuro, mas pode ser obrigada a se casar com homem que mal conhece.

KOSOVO
“Colmeia”, de Blerta Basholli. Fahrije luta contra o machismo para sustentar os filhos com seu pequeno negócio depois de o marido desaparecer durante a guerra no Kosovo.

LETÔNIA
“The pit”, de Dace Puce. Menino de 10 anos dá lição cruel em garota que fez observações desdenhosas sobre seu falecido pai.

LÍBANO
“Costa Brava, Lebanon”, de Mounia Akl. Casal deixa Beirute para tentar viver utópico sonho nas montanhas.





MACEDÔNIA DO NORTE
“Irmandade”, de Dina Duma. Vídeo com cenas de sexo desfaz a amizade de duas adolescentes.

MÉXICO
“A noite do fogo”, de Tatiana Huezo. Três pré-adolescentes convivem com a cidade dominada pelo tráfico e violência.

PARAGUAI
“Apenas o sol”, de Arami Ullón. Nesse documentário, Sobode Chiqueño, indígena ayoreo, registra em um velho gravador as memórias de seu povo.

PORTUGAL
“A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos. Filme baseado na história familiar da cineasta, cujo pai, Henrique, perdeu a mãe aos 17 anos.
 
''Dying to divorce'' retrata a opressão às mulheres na Turquia (foto: Reprodução)
 
REINO UNIDO
“Dying to divorce”, de Chloe Fairweather. Documentário sobre a luta de advogada para defender as mulheres na Turquia. Fim das liberdades democráticas faz aumentar a violência doméstica e o feminicídio.





REPÚBLICA DOMINICANA
“Holy beasts”, de Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas. Vera V, atriz em decadência, faz seu último filme, cujo roteiro inacabado foi escrito pelo amigo J. L. Jorge.

RÚSSIA
“Unclenching the fists”, de Kira Kovalenko. A jovem Ada quer escapar da superproteção do pai e comandar sua própria vida na pequena cidade de Mizur, na Rússia. A volta do irmão mais velho para casa a faz reviver antigos traumas.
 
''Bad roads'': cotidiano tenso na Ucrânia (foto: Reprodução)
 
UCRÂNIA
“Bad roads”, de Natalya Vorozhbit. Quatro histórias se passam na região ucraniana de Donbass: homem enfrenta militares na estrada, adolescentes esperam pelos namorados numa praça em ruínas, jornalista é agredida em cativeiro e garota atropela frango pertencente a casal de idosos.
 
 




audima