Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Maurício Tizumba faz sua Folia de Reis no palco do Teatro Francisco Nunes

Os sinos, as harpas, o “Jingle bells” e o Papai Noel dão lugar aos tambores, à viola caipira, aos cantos de domínio público e aos três reis magos no Natal proposto por Maurício Tizumba. Em sua primeira apresentação presencial desde a chegada da pandemia, neste sábado (18/12), às 20h, no Teatro Francisco Nunes.





Ele sobe ao palco juntamente com o Bloco Saúde, o Bloco Tambor Mineiro, os Caixeiros do Rosário e os convidados Wilson Dias, Bruno Messias e Ivy Mara no show “Tambores de Natal”, que celebra também seu aniversário de 64 anos, comemorado na última quarta-feira, e os 124 anos de Belo Horizonte, completados no último dia 12.

Tizumba diz que o repertório que será apresentado é calcado na tradição das folias de reis, que, conforme aponta, nada mais são dos que um festejo de Natal em que os foliões saem de casa em casa visitando os presépios montados, levando um estandarte e muita cantoria. 

“É uma forma que o povo preto e também o povo não preto tem de contar a história da Estrela Guia, dos reis magos – Belchior, Gaspar e Baltazar, e dos presentes que eles levam para o Menino Jesus recém-nascido: ouro, incenso e mirra. As músicas que vamos mostrar no show passam basicamente por essa linguagem, são músicas natalinas que vêm das folias de reis”, diz.





Ele diz que a proposta é celebrar um Natal que não se pauta pela fartura ou pelo consumo, mas sim pelo afeto, pela solidariedade e pelo companheirismo. “Na época de Natal, as mesas estão postas com peru, com champanhe, mas tem gente que não tem isso. O Assis Valente fez uma canção de Natal muito interessante, que diz ‘eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel’, e ele fala isso porque o Papai Noel dele não vem, não tem presente, não tem comida. O nosso é um Natal diferente, a gente não tem sino e não tem ‘Jingle Bells’, é outra forma de celebrar. Não é o Natal do Nicolau, mas é um Natal em que a gente acredita. Passa por essa coisa da simbologia, que é bonita de sentir quando tem sinceridade”, aponta.

Sobre os convidados, ele diz que chamou o cantor, compositor e violeiro Wilson Dias por ele ser um grande conhecedor do universo das folias de reis. Com relação a Bruno Messias e Ivy Mara, é por serem ligados – ele como diretor artístico e ela como educadora – ao projeto Meninos de Minas, com base em Itabira, que Tizumba ajudou a criar e que há 22 anos atua na formação musical de crianças e adolescentes. Ele também destaca os Caixeiros do Rosário, grupo criado especialmente para essa apresentação.

TRADIÇÕES 

Tizumba aponta, ainda, a representatividade feminina com a presença de Ivy Mara, do Bloco Saúde e do Bloco Tambor Mineiro, ambos formados majoritariamente por mulheres. “É importante misturar as coisas. Nesse mundo tão machista, quero mais é que as mulheres estejam cada vez mais presentes, elas têm a maior fatia na construção dessa coisa toda, da nossa história e das nossas tradições”, ressalta.





Os integrantes dos dois blocos percussivos que Tizumba coordena estarão presentes no palco a maior parte do tempo, com diferentes naipes de instrumentos. “Como a gente ministra esses vários cursos, de atabaque, de pandeiro, de caixa, os alunos todos participam do show. No final, consigo reunir toda a percussão, mas inicialmente tem o Bruno fazendo o número dele com os tambores, a Ivy faz o número dela com os tambores, e o Wilson também entra com a viola dele. Só os Caixeiros do Rosário é que têm um espaço separado dentro da apresentação”, adianta.

Tizumba diz que sua expectativa é grande pelo reencontro presencial com seu público, e que o clima de confraternização e congraçamento deve dar o tom do show. “O sentimento que eu carrego é de esperança por poder voltar a trabalhar no corpo a corpo, com o calor da presença, o que nada substitui e o que eu espero que possa ser mantido. Quando se trata de afeto, de amor, que é o que a gente sempre quer alimentar, o negócio é estar junto, olho no olho”, diz.

Com o arrefecimento da pandemia no Brasil, o horizonte para 2022 vai se desanuviando e, segundo Tizumba, já é possível voltar a fazer planos. Ele diz que pretende retomar de forma presencial o projeto Tambor na Praça, que comanda há 12 anos, e quer lançar dois álbuns: um com músicas de umbanda e outro em que, acompanhado por sua banda, interpreta o repertório de Vander Lee. 





“Também tenho o projeto de montar uma peça nova, pela Cia. Burlantins, chamada ‘Herança’. Fora isso, sempre tem coisas que vão aparecendo e a gente vai fazendo. Estou alimentando uma esperança grande de que no próximo ano, com todo mundo vacinado, possamos voltar a fazer nosso trabalho do jeito que a gente gosta.”

“TAMBORES DE NATAL”

Maurício Tizumba, Bloco Saúde e Bloco Tambor Mineiro recebem Wilson Dias, Ivy Mara e Bruno Messias. Neste sábado (18/12), às 20h, no Teatro Francisco Nunes – Av. Afonso Pena, s/nº, dentro do Parque Municipal, Centro. Ingressos: R$ 40

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