Jornal Estado de Minas

HISTÓRIA

Exposição no MIS-BH convida a comparar a BH de ontem e de hoje

Na primeira metade do século 20, antes de a TV alcançar a popularidade que tem hoje, um dos maiores meios de comunicação eram os cinejornais. O filme curto que reunia uma espécie de resumo de notícias era exibido nos cinemas, antes de cada sessão. Atualmente, os cinejornais são considerados um documento histórico valioso para compreender o passado.




É com o intuito de tornar parte desse material acessível que o Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte (MIS-BH) inaugura nesta sexta-feira (12/11) a exposição gratuita "Cinejornais em Belo Horizonte", a primeira mostra inédita do centro cultural desde o início da pandemia.

Planejada como uma forma de dar visibilidade a itens que compõem o acervo do MIS-BH (que conta com 605 cinejornais, ao todo), a mostra é um prato cheio para os interessados em revisitar momentos históricos da capital mineira, dos mais relevantes aos triviais, como a visita do célebre ator norte-americano Kirk Douglas (1916-2020), em 1963.

"Essa exposição é o resultado de um trabalho de pesquisa desenvolvido pelos técnicos que atuam no museu", explica Janaína Melo, diretora de Museus da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. "Ao longo deste ano, a equipe se debruçou, bastante atenta, às produções de cinejornais, que eram utilizados no contexto de desenvolvimento da divulgação jornalística." 

AGENDA 

Segundo ela, o material que o MIS-BH detém abrange o período entre as décadas de 1920 e 1980. A exposição é composta por uma parcela desses cinejornais produzidos entre as décadas de 1950 e 1970.





"Era a maneira como as pessoas se informavam, para além dos jornais impressos e do rádio. Para nós, são documentos estruturadores para pensar e acessar as ações da cidade, o desenvolvimento dela e a agenda à qual ela correspondia no período em que os cinejornais foram produzidos", afirma Janaína.

Com o objetivo de repassar ao público as informações relevantes, os cinejornais eram produzidos por companhias privadas ou pelo próprio Estado. Além do caráter informativo, as produções também serviam muitas vezes como propaganda. Entre os assuntos mais comuns figuram inaugurações de obras, pontos turísticos, festas populares e outros eventos.

"A exposição está organizada com vários retroprojetores, que exibirão os cinejornais. Também estamos com uma instalação que mostra frames que relacionam acontecimentos do passado com o presente. E vamos mostrar um pouco de como é feita a preservação dos filmes no MIS", diz Janaína.



Em fevereiro de 1963, o ator Kirk Douglas dá autógrafos a fãs no Aeroporto da Pampulha (foto: José Nicolau/O Cruzeiro/Arquivo EM )

EIXOS 

O material exposto está dividido nos eixos "Carnaval", "Os rios urbanos" e "As ausências". A mostra pretende apresentar um panorama das práticas discursivas em torno desses temas, promovendo também um diálogo entre a época em que os cinejornais em questão foram produzidos e os dias de hoje. Por isso, alguns dos temas que aparecem nos cinejornais serão contrastados com imagens e manchetes da produção noticiosa atual, mais precisamente entre 2015 e 2020.

O visitante poderá analisar, por exemplo, como era a festa momesca em Belo Horizonte nos anos 1960 e 1970, a sucessão de obras que eliminaram os rios urbanos da paisagem no processo de urbanização e no planejamento da cidade, ou como os cinejornais tinham como foco uma classe muito específica de pessoas, geralmente homens de famílias “tradicionais” e ligados à política.

"É um convite para se debruçar sobre essas estratégias de produção de informação e também uma oportunidade de reconhecer as mudanças que os discursos inevitavelmente sofrem. A proposta é que os visitantes venham abertos para uma reflexão crítica sobre esses acontecimentos do passado, mas sem deixar de olhar para o presente", afirma Janaína. 





Segundo ela, a exposição ganha um significado maior por ser inaugurada neste momento em que os eventos culturais estão voltando à normalidade. "Passamos por um momento tão duro e nos foi necessária essa pausa para o cuidado, até mesmo para permitir que a cidade superasse a pandemia. É uma alegria e uma superação poder abrir as portas e mostrar para o público uma pesquisa feita com tanto empenho." 

REGENERAÇÃO 

Para Janaína, a mostra "Cinejornais em Belo Horizonte" funciona também como um convite para o público se reconectar com a capital mineira. "Ela se enquadra nesse processo de regeneração. A proposta é olhar para o ontem e identificar o que há de comum com o hoje, mas também não deixar de ter em mente o porvir. É o resultado de muito esforço de uma equipe que trabalhou muito."

Para a visitação da exposição é exigido o cumprimento dos protocolos sanitários.  As visitas podem ser feitas de quarta-feira a sábado, das 11h às 18h, somente mediante agendamento prévio, com retirada de ingressos por meio do portal da Prefeitura.

"Esse foi o protocolo que nós adotamos durante o contexto da pandemia. O agendamento contribui para que as visitas aconteçam de forma mais organizada e contribui para que o centro cultural receba os visitantes da melhor maneira possível. Aos poucos, estamos ampliando o número de agendamentos. Essa medida é muito positiva, não só para o público, que pode se organizar da melhor maneira, mas também é de suma importância para o desenvolvimento das ações nos museus", afirma Janaína.

"O agendamento nos ajuda a mapear o comportamento do público e, a partir disso, pensar as programações e construir novas agendas para melhor atender ao fluxo de visitantes", ela acrescenta.

CINEJORNAIS EM BELO HORIZONTE 

Abertura nesta sexta-feira (12/11), a partir das 11h, no Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte – MIS BH (Av. Álvares Cabral, 560, Lourdes). Visitação gratuita, de quarta-feira a sábado, das 11h às 18h, com agendamento pelo site.




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