Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Legião Urbana além de Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá


Quando se fala de Legião Urbana, logo vêm à mente os nomes de Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, que gravaram todos os discos da banda. Caíram no esquecimento o baixista Renato Rocha, o Negrete (1961-2015), e Kadu Lambach, o Paraná, primeiro guitarrista do grupo.





O resgate histórico dos primórdios da Legião, relacionados mais especificamente a Lambach, é o que propõe “Música urbana – O início de uma Legião”, livro de André Molina recém-lançado nas plataformas digitais e em formato físico. O prefácio é de Carmem Manfredini, irmã de Renato Russo, cuja morte completou 25 anos em 11 de outubro.

A partir de depoimentos do músico, compositor e arranjador paranaense, o livro revela a trajetória artística de Lambach. Pré-adolescente, ele foi morar com a família em Brasília no final da década de 1970. Fez muitos amigos, principalmente no Colégio Marista, onde estudou – entre eles Dinho Ouro Preto, que se tornaria depois vocalista da banda Capital Inicial.

Aborto


Antes de se juntar a Renato Russo, Marcelo Bonfá e ao tecladista Paulo Paulista na Legião Urbana, logo depois do fim do grupo Aborto Elétrico, Lambach ouvia, em fitas cassete, o rock do Rolling Stones, Black Sabbath e Queen, o pop de Guilherme Arantes e 14 Bis, além da MPB de Vinicius de Moraes e Toquinho.





Depois de ouvi-lo tocar no grupo instrumental Boca Seca, Renato Russo o convidou a se juntar à Legião, em 1982. A curta permanência na banda de Lambach, dono de boa formação musical, é atribuída ao fato de ele não ter se adaptado à estética punk dos três acordes.

“Quem um dia irá dizer que Kadu (apelido dado a ele no período em que morou em Brasília) faria parte da maior banda de rock do nosso país? Fui proibida pelo Renato de fazer amizade com o menino bonito de franjinha lisa. Ele me privou também da convivência com a 'tchurma' da Colina. Irmão autoritário e protetor”, lembra Carmen Teresa Manfredini, no prefácio do livro.

“O talento de Kadu era – e ainda é – muito mais do que os três acordes da estética punk. Neste livro, ele conta parte dessa trajetória, a de sua entrada como primeiro guitarrista da Legião Urbana, marcando seu nome na história do rock nacional. Ele não possui somente a técnica aprimorada ao tocar, mas, igualmente, sensibilidade e conhecimento, ao se enveredar por diversos estilos e caminhos musicais”, acrescenta Carmem Manfredini.




 

 

Após deixar a Legião, o guitarrista acompanhou Belchior, Baby do Brasil e Olívia Hime, entre outros. Tocou com o grupo de jazz Aria Tribo. E chegou a gravar com o lendário baixista norte-americano Stanley Clarke, além de lançar, na década de 1990, o bem avaliado LP “Last blues”.

“Música urbana – O início de uma Legião” traz documentos que Kadu Lambach guardou consigo ao deixar o grupo, como o projeto de banda escrito em tom poético por Renato Russo, além de letra inédita do compositor, “Dois corações”.


TURNÊ

Musicada pelo guitarrista, que a gravou, “Dois corações” resultou de uma reportagem sobre a venda de carne clandestina, em Ceilândia, na época em que Renato, estudante de comunicação do Ceub, estagiou no Ministério da Agricultura. Um dos versos diz: “Eu quero sua carne/ Qual é o seu preço/ Eu quero também o seu endereço”.

Kadu Lambach se mantém-se em plena atividade em Curitiba, onde voltou a morar. Além de compor e desenvolver projetos, tem feito apresentações tocando blues, jazz e pop rock. Para 2022, quando se completam os 40 anos da banda que ajudou a formar, ele anuncia turnê nacional, com o show “Kadu Lambach: Origem Legião”.

MÚSICA URBANA – O INÍCIO DE UMA LEGIÃO

• De André Luiz Molina
• R$ 49,90
• Informações: www.eduardoparana.com.br




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