Jornal Estado de Minas

CINEMA

'Amarração do amor' aborda a intolerância religiosa em tom de comédia


Amor, religião, tolerância, respeito, casamento. O longa “Amarração do amor”, de Caroline Fioratti, que estreia nesta quinta-feira (14/10) nos cinemas, tem esses elementos como ingredientes de sua trama, narrada em tom de comédia. 





Depois de um encontro completamente despretensioso, os protagonistas Lucas (Bruno Suzano) e Bebel (Samya Pascotto) começam a namorar. A trama pula o primeiro ano de romance do casal e nos leva para o momento em que anunciam seu casamento para a família de Bebel, de origem judaica. Samuel, o pai de Bebel, vivido pelo ator Ary França, começa a idealizar o casamento de acordo com os ritos de sua religião.

Mas a família de Lucas, umbandista, tem outros planos. Quando o último desejo do falecido avô de Lucas é que ele se case nas terras da família, o noivo passa a lidar com um sogro e uma sogra intransigentes e controladores, e a trama se desenvolve entre brigas e concessões, sejam elas por parte do casal ou por parte dos sogros.

“Quando a gente ama, a gente sempre está cedendo, a gente tem que se adaptar, e eu vejo isso muito no casal. Apesar de jovens, eles estão muito determinados em relação ao que querem, e o que eles sentem é maior que o obstáculo imposto”, comenta Bruno Suzano sobre os aprendizados trazidos pelo relacionamento de Lucas e Bebel.





“Amor é trabalho, e os dois ali têm que querer trabalhar. Vejo os dois personagens trilhando esse caminho, e conflitos acontecem naturalmente. As pessoas são diferentes, têm famílias diferentes, referências, manias diferentes. Esse é o ajuste que eles estão fazendo”, afirma Samya Pascotto.

O pai de Bebel tem na mãe de Lucas, interpretada por Cacau Protásio, uma contraparte “perfeita”. Ambos são superprotetores e tradicionalistas. Estando em lados opostos, é natural que se desentendam, quando cada um tenta impor sua religião na cerimônia de casamento. 

Para pintar um retrato verossímil das culturas umbandista e judaica, Caroline Fioratti teve a consultoria de Mãe Nancy e Michel Gherman, membros das respectivas religiões. 

“É uma comédia divertidíssima, mas tivemos todo o cuidado ao abordar as tradições de cada uma das religiões. Eles vão descobrir que há mais coisas em comum do que diferenças, mas são muito teimosos, e esse será o grande desafio para a celebração de amor”, diz a produtora Iafa Britz, da Migdal Filmes.





Assim como em sua comédia anterior, “A sogra perfeita”, Cacau Protásio vive uma sogra no novo longa. A grande diferença aqui é a delicadeza para representar uma cultura diferente. Católica e acostumada a interpretar personagens mais caricatos para criar seu humor, Cacau teve muito cuidado para não desrespeitar a religião umbandista.

SÉRIA 

“Conheci a religião para o filme, fiz laboratório, fui ao terreiro. Tive que observar muito para imitar bem a personalidade, e eu quis fazer tudo com muita seriedade. Quando as pessoas forem ao cinema, acho que vão me ver mais séria nas cenas no centro de umbanda e um pouco mais descontrolada nas cenas de mãe e filho”, brinca a atriz.

Ary França também comenta a sua preparação para o retrato da cultura judaica. “É uma cultura forte aqui em São Paulo, e eu tenho muitos amigos judeus, principalmente atores e produtores. Procurei essas pessoas e frequentei a casa deles, pedi para observá-los durante jantares e festas. Cheguei também a frequentar as sinagogas e fui muito bem recebido.”

“AMARRAÇÃO DO AMOR”
(Brasil, 2021, 91min) De Caroline Fioratti, com Cacau Protásio, Samya Pascotto, Bruno Suzano e Ary França. Classificação: 12 anos. Estreia nesta quinta-feira (14/10) em Belo Horizonte, em complexos das redes Cineart, Cinemark e Cinépolis 

*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes







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