Minas Gerais e Pará se encontram na banda Tutu com Tacacá. Nesta sexta-feira (10/9), o grupo lança o primeiro single de seu disco de estreia, previsto para novembro. Carimbó, congado e outros ritmos mineiros e paraenses fazem parte do cardápio musical.
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Antes do disco de estreia, o grupo promete lançar outro single em outubro, “Mineira no carimbó”. “No arranjo há viola caipira, sapateados da catira e o banjo tradicional do carimbó, produzido artesanalmente pelo mestre Nego Ray, de Icoaraci, distrito de Belém”, conta Ana Luísa.
A banda é formada também por Marina Araújo (percussão), Camila Menezes (baixo), Leléo Lima (percussão), Shari Simpson (flauta), Stênio Galgani (guitarra) e Viviane Cosse (vocalista e maraqueira). A produção do álbum é assinada por Luiz Camporez.
Atualmente em processo de gravação e mixagem, o “álbum cheio” do Tutu com Tacacá terá oito faixas autorais, entre elas dois pot-pourris. O repertório foi criado depois de residência artística realizada por Ana Luísa e Marina Araújo. A primeira assina uma canção, a outra, cinco.
“Há também uma composição de Shari Simpson e outra de Pedro Fonseca, ex-guitarrista e vocalista da banda”, completa Ana Luísa.
A proposta é levar para o estúdio a energia das apresentações. “Carimbó é um ritmo dançante, combina com sorriso no rosto, interação, brincadeira e felicidade”, comenta a compositora, revelando que o público tem se empolgado, comprando figurinos, ensaiando coreografias e aprendendo as letras.
“Paraenses que vivem em BH gostam de ir a nossos shows para se lembrarem de sua terra”, diz Ana Luísa, referindo-se a espetáculos realizados antes da pandemia. Entre os fãs estão também mineiros que admiram a cultura do Norte.
Tutu com Tacacá surgiu do interesse de integrantes do Grupo Folclórico Aruanda, dedicado à pesquisa da cultura popular brasileira há 61 anos, em experimentar novas possibilidades estéticas. Mas o “berço” da banda, na verdade, foi o Bloco da Fofoca, que desfila no carnaval de rua de BH ao ritmo do carimbó. E fofoca, no caso, não é maledicência, mas a vestimenta usada debaixo dos figurinos.
“Antes de criar a banda, os artistas pediram a bênção da tradição para trazer o carimbó para o carnaval de rua de BH”, relembra Ana. “Fomos ao Pará, participamos de rodas de carimbó, conversamos com mestres e movimentadores para entender a manifestação. Lá, tocamos carimbó com instrumentos mineiros junto do grupo Tambores do Pacoval, da Ilha do Marajó.”
A ala de dança do Bloco da Fofoca costuma reunir 200 pessoas vestidas com roupas de chitão. “É uma das maiores do carnaval de Belo Horizonte”, garante a cantora. “Essas pessoas também acompanham os shows da banda e vão trajadas com o figurino. A gente se sente no Pará.”
LOBO-GUARÁ
O carimbó da Tutu com Tacacá tem tempero mineiro. “A gente se inspira na forma como os paraenses falam da natureza e da culinária, procuramos trazer isso para cá. Na música “Guarás”, por exemplo, está presente o guará, um pássaro vermelho maravilhoso de lá, e o nosso lobo-guará”, comenta.
A banda Tutu com Tacacá e o grupo Aruanda prosseguem desenvolvendo os respectivos projetos. “Costumamos dizer que o Tutu é filho do Aruanda. Inclusive, já fizemos vários espetáculos juntos. Enquanto o Tutu tocava, o Aruanda entrava para dançar”, informa Ana Luisa. Agora, pai e filho esperam a pandemia passar para voltar aos palcos.
“CANTO DE MOÇAMBIQUE/TUTU COM TACACÁ”
>> Single da banda Tutu com Tacacá
>> Disponível nas plataformas digitais a partir desta sexta-feira (10/9)