Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Shabê, um dos pioneiros do rap de BH, lança o disco solo 'Visão monocular'

Conhecido pela dupla formada com Dokttor Bhu, Shabê batalha pelo rap mineiro desde a década de 1990. Só agora ele lança seu primeiro álbum solo, “Visão monocular”, com oito faixas. O humor ácido marca as letras do MC, que trazem referências à cultura pop e à literatura.





O título do disco, explica o rapper, remete ao seu olhar atento para o mundo. E também se refere ao acidente sofrido aos 17 anos. Shabê, que se chama Emerson Furtado, perdeu a visão de um dos olhos devido à explosão de um artefato no banheiro de uma casa noturna. Cem cópias do álbum terão encarte em braile e serão distribuídas gratuitamente, informa ele.

VERSÕES

“Visão monocular” partiu da vontade do rapper de desengavetar as composições guardadas. “Compreendi que aquelas coisas caberiam apenas em um trabalho solo”, diz. O álbum teria 10 faixas – entre elas, “versões rap” de “Sonhos”, de Peninha, e “Carta aos missionários”, da banda Uns e Outros. Porém, as duas ficaram de fora. “Na hora da liberação, me pediram um dinheiro além do que eu podia pagar”, lamenta Shabê.

Contemplado no edital Descentra, da Fundação Municipal de Cultura de BH, o disco traz rock, funk, jazz e samba conduzidos pelo rap de Shabê. Edgar Filho assina a produção.

Disponíveis nas plataformas digitais, as faixas “Visão monocular”, produzida por Sérgio Giffoni e Hélder Oliveira, e “Pandemônio na pandemia”, por GreeBeatz e Preto C, ganharam, respectivamente, videoclipe e lyric vídeo.





Neste sábado (4/09) à noite, Shabê fará live de lançamento em seu canal oficial no YouTube. A transmissão será realizada ao vivo, diretamente do Quintal, espaço no Bairro Padre Eustáquio. “Comigo estará o DJ Edd”, anuncia o MC.

“Um disco orgânico”. É assim que Shabê define o novo trabalho, no qual está acompanhado do guitarrista Ismael Souza, do baixista Luiz Gomes, do baterista Edgar e do percussionista Cuíca Play. “O trompetista Brasilino comparece em ‘Um quarto rei mago’, que tem uma pegada mais jazz”, conta ele.


Também estão presentes dois nomes de ponta do hip-hop mineiro – PDR Valentim, do coletivo Família de Rua, que realiza o Duelo de MCs, e Dokttor Bhu, parceiro de Shabê há 16 anos –, além da cantora Juliana Felício. “Ela participa da faixa ‘O que é que te faz bem’, homenagem aos bailes das décadas de 1980/1990 feitos nas quadras, um dos raros lugares de lazer da periferia”, comenta o rapper.





O adolescente Shabê era frequentador dessas festas. Gostava de dançar e fez parte do grupo Caçadores de Estilo, dedicado à street dance. “Fomos até no programa da Xuxa, em 1995, e ficamos em segundo lugar no concurso de dança de rua. Concorremos com gente de vários estados. Foi a partir dali que comecei a me identificar com o rap”, relembra.

Com o passar do tempo, Shabê passou a compor e a conviver com vários militantes do hip-hop e da black music da capital mineira, como o rapper Roger Deff, DJ A Coisa, DJ Black Josie e Roger Dee. Esse último o convidou para participar da antológica coletânea “Malucofonia”, que reunia Flávio Renegado, Matéria Prima, Julgamento e Cubanito, entre outros.

DUPLAS

O primeiro disco de Shabê foi gravado com Maurô, no início dos anos 2000. Mas foi a parceria com Dokttor Bhu, a partir de 2006, que o projetou no cenário do rap. Em 2011, a dupla lançou o álbum “Conglomano”, com 11 faixas. Além disso, Shabê participou de trabalhos de Heberte Almeida, Roger Deff e da band aCromossomo Africano.





O rapper revela que tem aproveitado o confinamento pandêmico para compor, além de melhorar antigas criações. Anuncia que vai lançar outro disco no fim deste ano, com participação da DJ Black Josie e do pandeirista Tulio Araujo. No início de 2022, a dupla Dokktor Bhu e Shabê manda novo álbum para as plataformas digitais.

“VISÃO MONOCULAR”
• Disco solo de Shabê
• Oito faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais
• Live neste sábado (4/09), às 20h, transmitida pelo canal de Shabê no YouTube

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