Jornal Estado de Minas

DISCO

Marcos Brey, de Ribeirão das Neves, abraça o rock para falar da periferia


Marcos Brey lança “Luzir”, seu primeiro álbum de rock, cujas letras de cunho autobiográfico retratam a vivência dos negros e das periferias brasileiras. Neste sábado (26/06) à noite, o músico de Ribeirão das Neves faz live para divulgar o disco, viabilizado pela Lei Aldir Blanc.





Com mais de duas décadas de carreira, Marcos Brey, de 36 anos, apresenta suas composições de forma intimista, no formato voz e violão, desde 2012. Artista da cena independente, ele participou dos festivais Escambo, Mamute e Pá na Pedra. O repertório de seu primeiro disco instrumental, “Alento” (2018), foi criado para um espetáculo da bailarina e coreógrafa Rachel Miranda.

FACETA 
Em oito faixas, “Luzir” expressa um outro momento da carreira do cantor e compositor. “A galera só conhece o Brey do barzinho, da MPB, do violão instrumental. Estou ansioso para apresentar a nova faceta da minha música”, afirma.

As principais influências de Marcos vieram do rock inglês, do violão brasileiro e do Clube da Esquina. Por outro lado, “Luzir”, que buscou referências em roqueiros dos anos 1990 e 2000, manda um recado para quem acredita que o gênero está “morto”.





“Rock é um estilo de vida, uma cultura. Ele não vai morrer, não está morto e nunca esteve”, ressalta o compositor. A faixa-título fala sobre “deixar o que te ofusca e se permitir brilhar”. Brey diz que ela remete ao empoderamento dos negros na sociedade contemporânea.

“No geral, as pessoas da periferia têm uma dificuldade a mais para alcançar certas coisas na vida. Esta é minha história, então o disco é um pouco autobiográfico”, comenta.

Sociólogo graduado pela PUCMinas,  Marcos Brey quer transformar a sociedade por meio de sua música. A escolha do curso foi influenciada por sua participação no projeto social Instituto Semifusa, em Ribeirão das Neves.





“O projeto me levou a querer estudar porque eu não sabia responder a várias questões da minha cidade. Vi que o curso de sociologia me traria nova visão. Com certeza, quando vou escrever, não tem como me desvencilhar do olhar sociológico”, afirma.

O figurino de Marcos se inspira no Pantera Negra, herói da Marvel interpretado por Chadwick Boseman (1976-2020) no cinema. “Ele foi o primeiro héroi negro de Hollywood mostrado realmente como uma pessoa inteligente, tecnológica e futurística”, comenta.

Por meio do lançamento de seu disco e também de sua música, ele pretende destacar a potência da arte de Ribeirão das Neves. A produção priorizou artistas da cidade da Região Metropolitana de BH. Dizendo que é difícil ser artista independente fora de Belo Horizonte, Brey acredita que a Lei Aldir Blanc foi “divisor de águas”, por distribuir recursos de forma proporcional às regiões de Minas Gerais.





Apesar da aprovação do projeto no edital, a produção do álbum enfrentou desafios no contexto da pandemia. “Em Neves, não há estúdios suficientes para a quantidade de artistas, então meu disco foi pré-produzido dentro de um restaurante (Ateliê), onde eu costumava tocar nas noites”, relembra.

ONDA ROXA 
Para evitar aglomerações, a banda, com nove integrantes, se dividiu para fazer as gravações no estúdio Casa Radar, na capital. Porém, os ensaios tiveram de ser paralisados em abril devido à onda roxa. A produção só foi concluída em junho.

“Estou muito emocionado e feliz pelo que o ‘Luzir’ já é hoje”, afirma Brey. Na live desta noite, “vai ter um pouquinho de bate-papo e um pouquinho de música”, promete.

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


“LUZIR”
.Disco de Marcos Brey
.Oito faixas
.Selo Semifusa Ecos
.Disponível em todas as plataformas digitais
.Live neste sábado (26/06), às 20h, no canal de Marcos Brey no YouTube








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