Jornal Estado de Minas

PATRIMÔNIO

Museu Mariano Procópio celebra 100 anos de inauguração com futuro incerto

O Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, completa 100 anos de inauguração oficial nesta quarta-feira (23). Considerado um dos mais importantes do país, o museu está com as portas fechadas desde 2008, devido a obras, e amarga um futuro sem definição na parte administrativa e quanto à reabertura total para visitação.




 
Em 1915, o colecionador Alfredo Ferreira Lage (1865-1944) abriu o espaço como museu particular e, em 23 de junho de 1921, foi oficialmente inaugurado – data escolhida para celebrar o centenário de nascimento de seu pai, o comendador Mariano Procópio Ferreira Lage (1821- 1872).
 
Primeiro museu de Minas Gerais e símbolo da memória brasileira, o Museu Mariano Procópio tem um acervo com cerca de 53 mil peças entre pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de história natural.
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Em 29 de fevereiro de 1936, Alfredo Ferreira Lage formalizou a doação do Museu – acervo e parque – ao município de Juiz de Fora, sem fazer exigências.

Porém, ele criou o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio para ser o guardião da instituição, responsável pela indicação do diretor, escolhido por meio de uma lista tríplice enviada para escolha do prefeito.




 
Mas, nesta semana, a Prefeitura de Juiz de Fora vai encaminhar para a Câmara Municipal um Projeto de Lei que prevê alterações no modelo de gestão do museu.

A proposta é que ele passe a ter um superintendente, escolhido por meio de seleção pública, que responderá pela gestão direta. O segundo cargo seria o de diretor, com funções de curadoria, selecionado pela prefeitura a partir de uma lista tríplice encaminhada pelo Conselho de Amigos do Museu.
 
Museu Mariano Procópio é um dos mais importantes do país, com acervo de 53 mil peças (foto: Iepha-MG/arquivo )


Atualmente, Giane Elisa Sales de Almeida é a diretora interina do Museu. Ela também é diretora -geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que faz parte da administração municipal. 
 
O Projeto de Lei foi elaborado após 10 reuniões de uma Mesa de Diálogo e Mediação de Conflitos instituída para discutir alterações na forma de administração do museu.




 

Família Ferreira Lage e família real

A família Ferreira Lage tinha uma relação muito próxima com a família real em Petrópolis. Prova disso, foi a construção da primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, a “União e Indústria”, idealizada pelo comendador Mariano Procópio Ferreira Lage.

A estrada liga Petrópolis a Juiz de Fora e foi inaugurada em 1861, também no dia 23 de junho, com a presença do imperador Pedro II e família.
 
Inicialmente, o museu ocupou a sede da chácara, hoje denominada Villa Ferreira Lage, erguida por Mariano Procópio no alto de uma colina, revelando-se uma obra de arte em estilo neorrenascentista – projeto de autoria do arquiteto alemão Carlos Augusto Gambs.
 
A construção de um prédio anexo, a galeria de Belas-Artes, inaugurada em 13 de maio de 1922, ampliou o acervo de Alfredo Ferreira Lage. O prédio é a primeira edificação brasileira construída com finalidade de ser museu. 




 

13 anos de portas fechadas

Em 2008, o museu fechou as portas para restauro e obras emergenciais, devido ao risco de degradação do local e do acervo. De 2016 até março de 2020, permaneceram abertas apenas a galeria Maria Amália e duas salas onde ficaram a exposição "Esplendor das Formas" e outras pequenas mostras.
 
O Império brasileiro é um dos destaques do acervo. Os trajes da coroação, da maioridade e do casamento de dom Pedro II e o traje de corte da princesa Isabel estão entre as mais significativas peças do museu. 
 
O acervo de mobiliário é considerado um dos mais importantes do país, destacando-se pela coleção de peças desde o século 16 até o século 19.
 

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