Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Pioneiro do axé, Luiz Caldas homenageia o forró de raiz em 'Remelexo bom'


Para não perder a tradição de lançar um disco todos os meses, Luiz Caldas entrou em junho disposto a valorizar – mais uma vez – as raízes do forró. O baiano mandou para as plataformas digitais o álbum “Remelexo bom”, com 10 faixas autorais e a presença de Carlinhos Brown em “Carta de Zé”.





Neste mês das festas juninas – praticamente proibidas pela pandemia, pelo segundo ano consecutivo –, o álbum traz quatro sanfoneiros da pesada: Marquinhos Café, Jussiê do Acordeon, Daniel Novaes e Theus Oliveira.

“Meu disco traz o forró de raiz. É um convite ao clima de alegria das tradicionais festas juninas”, reforça Luiz Caldas, que, além de cantar, assina direção, produção e arranjos. Ele também cuida da gravação, dos violões e do cavaquinho.

Axé 

Conhecido como precursor do axé, Caldas vem gravando “discos juninos” há oito anos. Já lançou “Forró de Luiz” (2013), “Calundu” (2014), “Forró daquele”, “Xote e baião” (2016), “Um tantinho assim” (2017), “Zoinho” (2018), “O fogo do forró” (2019) e “São João em casa” (2020), além de “Remelexo bom”. Todos estão disponíveis no site do artista baiano (www.luizcaldas.com.br).





Inspirado em Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Humberto Teixeira e Patativa do Assaré, Caldas compara “Remelexo bom” a “um rio que molha a raiz do forró”, deixando-a mais saudável e fértil.

“Uso as fórmulas antigas e originais. Posso garantir: é um disco 100% acústico, não tem nada de eletrônico nele. Coloco nas letras um pouco daquela coisa jocosa, muito usada no Nordeste.” O bom humor das letras com duplo sentido, mas sem carregar na conotação sexual, é o mesmo das festas de são-joão. “Zenilton e Genival Lacerda faziam isso muito bem”, comenta.

O convidado Carlinhos Brown é parceiro desde os tempos de “Acordes verdes”, álbum lançado em 1983. “A gente sempre compõe. Ano passado, ele me chamou para participar de um disco dele. Agora resolvi fazer as pessoas o escutarem cantando forró de um jeito a que não estão acostumadas”, revela.





O projeto de Luiz Caldas de lançar um disco por mês surgiu quando a pirataria começou a inviabilizar a indústria fonográfica, posteriormente mais abalada ainda pelo streaming. Já são 111 álbuns. “Comecei em 2009, época em que as gravadoras foram se desmontando. Todo mundo ficava se perguntando: e agora, vou fazer o quê.? Já havia saído delas, senti que precisava lançar algo diferente. Comecei a pensar na minha época de bailes, quando tocava vários ritmos”, relembra.


Carnaval 

Samba e forró fazem parte do projeto de Caldas, além da regravação de canções de Walter Franco (“Quem puxa aos seus não degenera”) e André Abujamra (“O dah ho”). A “fábrica” do baiano tem suas particularidades. “Fui gravando um disco a cada mês. Porém, alguns meses facilitaram a minha vida. Em fevereiro, por exemplo, sempre gravo axé, que é a minha criação e está totalmente ligado ao carnaval. Em junho, tenho o trabalho de forró”, explica.

Maio é dedicado a discos românticos, “por causa do Dia das Mães”. No restante do ano, Caldas diz seguir o que lhe vem à cabeça. “Cheguei a fazer um álbum todo na língua tupi.” Já participaram do projeto Seu Jorge, Sandra de Sá, Zeca Baleiro, André Abujamra, Fernanda Takai, Gilberto Gil, Zé Renato e Jorge Vercillo.





Luiz Caldas se orgulha de levar música gratuitamente ao público. “Não tem comércio. Se a pessoa entrar no meu site, poderá baixar todos os discos de graça”, diz. Agora o ritmo da vez é o rock. “O álbum ‘Águias e urubus’ terá Evandro Mesquita como convidado e sai em 1º de julho. Já lancei 111 discos, o que dá mais de mil canções inéditas”, contabiliza o cantor e compositor baiano.



“REMELEXO BOM”
Disco de Luiz Caldas
10 faixas
Disponível nas plataformas digitais


 


audima