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Estado de Minas MÚSICA

Artistas debatem sobre o futuro da música pós-pandemia

Conservatório UFMG promove ciclo de conversas sobre o impacto da crise sanitária no cenário musical a partir desta terça-feira (08/06)


08/06/2021 04:00 - atualizado 08/06/2021 07:15

A pianista Luísa Mitre participa hoje de debate com o pianista Cliff Korman e o produtor Bruno Golgher sobre o tema ''O piano cabe dentro da tela?'' (foto: Henrique Boccelli / Divulgação)
A pianista Luísa Mitre participa hoje de debate com o pianista Cliff Korman e o produtor Bruno Golgher sobre o tema ''O piano cabe dentro da tela?'' (foto: Henrique Boccelli / Divulgação)

Depois que a pandemia do novo coronavírus começou, em março do ano passado, não demorou para que as chamadas lives se popularizassem como alternativa para a música ao vivo. Dos estilos mais comerciais aos mais eruditos, poucos foram os artistas que não se apresentaram via YouTube ou redes sociais. Alguns até com grande visibilidade.

Contudo, passado mais de um ano sem que o reencontro presencial com o público seja possível em segurança no Brasil, surgem questionamentos sobre a viabilidade do formato de transmissão virtual.  

Para responder às questões em torno desse tema, o Conservatório da UFMG realiza o programa Diálogos – O presente da música. O encontro ao vivo, que terá sua primeira edição nesta terça-feira (8/6), reunirá artistas e outros envolvidos na produção musical para um bate-papo sobre “a importância da arte presencial, sua ausência no atual momento e os aprendizados, dilemas e desafios da cultura após mais de um ano da pandemia de COVID-19”.

O primeiro dia terá a pianista e compositora Luísa Mitre; o economista e produtor do Savassi Festival, Bruno Golgher; e o pianista, professor e compositor Cliff Korman. O tema da conversa é: “O piano cabe dentro da tela?”. A mediação será de Fernando Rocha, diretor do Conservatório UFMG. Segundo ele, o evento surgiu a partir da organização do acervo de gravações do espaço, numa ação que inclui exibições de parte delas via YouTube.  

PRESENTE

“Vimos que seria bom ter esses artistas presentes para também comentar sobre esses temas. Sobre o presente da música. Não só sobre o presente em termos de atualidade, mas no sentido de presentear, do que a música dá ao público”, afirma Rocha. 

Como parte dessa programação, serão exibidas pelo YouTube do Conservatório nos próximos dias apresentações de Cliff Korman (dia 9) e Luísa Mitre (dia 11), gravadas anteriormente. Por isso o convite para o bate-papo.

“São parceiros, pessoas que têm uma ligação antiga com o Conservatório, fazendo música ao vivo, ou, no caso do Bruno, essa ligação diferente, produzindo o Savassi Festival. Então, nossa ideia é falar disso. Neste primeiro encontro, vamos trazer essa questão. Tudo cabe na tela, em tese. Mas será que cabe mesmo?”, questiona.

Luísa Mitre, que fez várias lives durante os últimos 15 meses, avalia que “a tela nunca vai dar a experiência do ao vivo presencial”. Seu ponto de vista tem a ver com as características do instrumento. 

“Falando do piano, é um instrumento muito sensível, muito rico, com muitas sonoridades possíveis. É  um instrumento acústico. Se amplificado, já muda muita coisa, imagine passando por um sistema no qual não sabemos como vai chegar ao ouvinte via internet. O piano não cabe na tela. A riqueza sonora de um piano de verdade, in loco, não cabe”, argumenta. 

Ela também destaca a estranheza de não ter o público por perto. “Para a gente que é performer, que tem como parte do trabalho tocar com o público, é muito diferente tocar para a câmera. Por mais que tenha a interação via chat, fica um ambiente muito frio, não sabemos ao certo qual é a resposta”, comenta.

A pianista também tem dúvidas em relação à qualidade do som “do outro lado” da tela. “A pessoa pode estar ouvindo com um fone bom ou um fone ruim ou num alto-falante. Tudo isso influencia, e o som nunca é totalmente fiel”, diz.

Contudo, ainda que não considere a melhor forma de fazer música ao vivo, a instrumentista pondera outras questões relacionadas às lives. “No início da pandemia, todo mundo ficou tão desesperado que muita gente acabou fazendo muitas lives. Do próprio canal, gratuito, de várias formas. Conheço produtores e artistas que entendiam que era o certo, que deveríamos fazer mesmo por ter uma necessidade quase física de tocar para o nosso público”, afirma.

“Mas também há quem defenda que fazer isso era como entregar nosso trabalho de graça e que isso poderia viciar o público de modo a não querer mais pagar”, ressalva. Para a compositora, não há um único entendimento que prevaleça nesse caso. “Não vejo como questão de certo e errado. É complicado mesmo. Ao mesmo tempo em que queremos fazer (as lives), as pessoas têm que entender que fazer bem-feito, num formato legal, envolve gasto, trabalho, tempo, uma equipe. Ao mesmo tempo em que a gente se sente bem de realizar um trabalho, que todo artista gosta, também entregamos algo que acaba não sendo valorizado. Portanto, fica esse medo de não saber se as pessoas seguirão valorizando o trabalho musical no futuro no sentido de se disporem a gastar com um show ou um disco.” 

A conversa terá início às 19h30. A ideia é que novos encontros ocorram a cada 15 dias. No próximo dia 22, o tema será Coro virtual – Respiro ou suspiro?, com Arnon Oliveira (maestro regente do Coro Madrigale), Lara Tanaka (maestrina regente do Coral Lírico de Minas Gerais) e Lincoln Andrade (maestro regente do Ars Nova Coral da UFMG) como convidados. 

“Diálogos – O presente da música”
Ciclo de debates promovido pelo Conservatório UFMG, a partir desta terça-feira (8/6), às 19h30, no canal do Conservatório no YouTube. Gratuito


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