Jornal Estado de Minas

CINEMA

Confira os 24 filmes que disputarão a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Cancelado em 2020 devido à pandemia do novo coronavírus, o Festival de Cannes confirmou nesta quinta-feira (3/6) a realização de sua 74ª edição entre 6 e 17 de julho, com 24 filmes em competição pela Palma de Ouro. Não há filmes brasileiros na disputa.





"O marinheiro das montanhas", de Karim Ainouz, que venceu a mostra Um Certo Olhar em 2019 com "A vida invisível", será exibido nas Sessões Especiais (não competitivas).

Entre os selecionados para a competição, há veteranos em Cannes, como o italiano Nanni Moretti, o iraniano Asghar Farhad, os franceses Jacques Audiard e Leos Carax; representantes do cinema americano, como Wes Anderson e Sean Penn; e outsiders no cenário geral, como o holandês Paul Verhoeven. Quatro dos longas em competição são assinados por mulheres.

Não há nenhum filme dirigido por um cineasta ibero-americano. A edição 2019, vencida pelo sul-coreano “Parasita”, de Bong Joon-ho, contou com "Dor e glória", do espanhol Pedro Almodóvar, e "Bacurau", dos brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

O tailandês Apichatpong Weerasethakul apresentará "Memoria", rodado na Colômbia e estrelado por Tilda Swinton e Jeanne Balibar.

Entre os filmes fora de competição, destaque para "De son vivant", de Emmanuelle Bercot, com Catherine Deneuve, Cécile de France e Benoit Magimel. 





Outro filme muito aguardado é "Stillwater", um thriller de Tom McCarthy rodado em Marselha, com Matt Damon e Camille Cottin.

A atriz e diretora norte-americana Jodie Foster receberá a Palma de Ouro honorária, 45 anos depois de ser convidada pela primeira vez ao festival, com o filme “Taxi driver”. A homenagem, concedida em edições anteriores a artistas como Woody Allen, Clint Eastwood e Jane Fonda, "celebra a trajetória artística brilhante" de Jodie Foster, "de uma personalidade incomum e com um compromisso discreto, mas firme, com os grandes temas de nossa época", segundo o comunicado do festival.
 
"Ouvimos dizer que as salas de cinema iam morrer" com a pandemia, disse na coletiva de imprensa o delegado geral do Festival, Thierry Frémaux. Mas "o afluxo de público após a reabertura dos cinemas na França e em outros países" provou o contrário, acrescentou. "E o Festival de Cannes é a segunda grande notícia para o cinema."

Este ano, o festival terá uma nova mostra, intitulada Cannes Premières. Esta seleção abrirá espaço para cineastas "reconhecidos" que já tenham sido selecionados para a competição. Outra novidade: a criação de uma seção temporária dedicada às questões ambientais. O Festival anunciou em meados de abril uma série de medidas destinadas a reduzir sua pegada ambiental, bem como uma contribuição paga pelos jornalistas credenciados. 





No total, a Seleção Oficial exibirá 61 filmes. A composição do júri, presidido pelo americano Spike Lee, ainda não foi revelada. Thierry Frémaux apelou à "prevenção" e à "cautela", argumentando que a epidemia da COVID-19 ainda não foi "derrotada".

Embora se estime uma participação de apenas metade dos 40 mil participantes diários que o festival costuma atrair, nenhuma limitação de capacidade está prevista nas salas. No entanto, será necessário um "passe sanitário" (comprovante de vacinação ou teste PCR negativo).  
 

Brasil coproduz concorrente francês


 
O longa francês %u201CBergman Island%u201D, de Mia Hansen-Love, é produzido pelo brasileiro Ricardo Teixeira. (foto: Divulgação)
O Brasil não está representado na competição pela Palma de Ouro, mas um brasileiro, sim. Rodrigo Teixeira, da RT, coproduz o longa francês “Bergman Island”, de Mia Hansen-Love. Um casal - ele, diretor, ela, sua mulher, escritora e roteirista - recolhe-se à ilha de Farö, onde Bergman viveu e produziu boa parte de sua obra a partir dos anos 1960. Vicky Krebbs, Mia Wasikowska e Tim Roth estão no elenco. 

A inspiração vem do próprio cinema de Ingmar Bergman, com suas cenas de casamentos e artistas em crise. Mia foi casada com Olivier Assayas, mas não foi por meio dele que Rodrigo Teixeira chegou à diretora e a “Bergman Island”. O filme é produzido por Charles Gilibert, que tem sido parceiro da RT em coproduções internacionais. 





Rodrigo Teixeira informa que, desde fevereiro do ano passado, quando foi aos EUA para o Spirit Awards, tem estado isolado no Brasil. O primeiro semestre de 2020 foi pesado, houve uma luz no fim do túnel no segundo. O filme de Mia foi rodado em 2019 e finalizado em 2020. Em novembro, ele volta ao set. 

A RT filma em Nova York o novo James Gray, “Armageddon time”, com Anne Hathaway, Oscar Isaac, Cate Blanchett e Robert De Niro no elenco. Será sua terceira associação com um estúdio, após “Ad Astra” e “O farol”.

Em relação ao Brasil, Rodrigo desenvolve projetos com as plataformas. "Se estivermos vacinados, creio que 2022 poderá ser um bom ano para o cinema brasileiro. Existe muita coisa sendo planejada ou em desenvolvimento, mas isso será coisa para avaliarmos numa nova conversa em 2023."




 
Confira os 24 longas que estão na disputa:


  • "Annette", do francês Leos Carax. Protagonizado por Adam Driver e Marion Cotillard, que personificam um casal de astros cuja vida muda com a chegada de sua primeira filha.
  • "Benedetta", do holandês Paul Verhoeven. Retrato de uma freira homossexual ambientado no século XV e baseado em uma história real.
  • "A crônica francesa", do americano Wes Anderson. Filmado no Sudoeste da França e protagonizado por Bill Murray, Tilda Swinton, Benicio del Toro e Adrien Brody.
  • "Tout s'est bien passé", do francês François Ozon. Adaptado do romance homônimo de Emmanuèle Bernheim, sobre uma filha que ajuda o pai a morrer. Com Sophie Marceau, Charlotte Rampling e André Dussollier no elenco.
  • "Tre piani", do italiano Nanni Moretti. Duas décadas depois de ganhar a Palma de Ouro, o diretor volta a Cannes com um filme sobre várias famílias que moram no mesmo prédio.
  • "A hero", do iraniano Asghar Farhadi. Um thriller psicológico que marca a retomada das filmagens do diretor em seu país natal.
  • "Flag day", do americano Sean Penn. Sobre a vida dupla de um pai de família. 
  • "Red Rocket", do americano Sean Baker. Um filme de cinema independente que narra o retorno de uma estrela pornô à sua pequena cidade no Texas.   
  • "Petrov's flu", do russo Kirill Serebrennikov. Um filme entre o sonho e a realidade, que retrata a vida de um quadrinista na Rússia pós-soviética.
  • "Memoria", do tailandês Apichatpong Weerasethakul. Tilda Swinton interpreta uma orquidófila que viaja à Colômbia para visitar sua irmã e começa a ouvir sons estranhos.
  • "Titane", da francesa Julia Ducournau. Protagonizado por Vincent Lindon, conta o retorno de um menino desaparecido há 10 anos e o reencontro com seu pai. 
  • "Casablanca beats", do marroquino Nabil Ayouch. Um filme ambientado no mundo do hip hop que descreve a criatividade da juventude do Marrocos.
  • "Bergman Island", da francesa Mia Hansen-Love. Um casal de cineastas americanos se estabelece na ilha que inspirou o cineasta sueco. 
  • "Drive my car", do japonês Ryusuke Hamaguchi. Baseado em livro de Haruki Murakami.
  • "The story of my wife", da húngara Ildikó Enyedi. Drama estrelado pelos franceses Léa Seydoux e Louis Garrel.
  • "Ahed’s knee", do israelense Nadav Lapid. Um cineasta enfrenta a morte de sua mãe.
  • "Compartment N. 6", do finlandês Juho Kuosmanen. Um "road-movie" sobre uma mulher que pega um trem rumo ao Círculo Polar Ártico.
  • "The worst person in the world", do norueguês Joachim Trier. Relata a história de uma mulher em Oslo que busca refazer sua vida.
  • "La fracture", da francesa Catherine Corsini. Um filme ambientado em um hospital, com Valeria Bruni Tedeschi e Marina Foïs.
  • "Les intranquilles", do belga Joachim Lafosse. Drama que explora os meandros do transtorno bipolar.
  • "Les Olympiades", do francês Jacques Audiard. Filmado em um bairro multiétnico de Paris, tem roteiro da premiada Céline Sciamma.
  • "Lingui", do chadiano Mahamat-Saleh Haroun. Drama sobre uma adolescente grávida no Chade, onde o aborto é proibido.
  • "Nitram", do australiano Justin Kurzel. A partir da lembrança de um massacre com dezenas de mortos em 1996, aborda a venda de armas.
  • "France", do francês Bruno Dumont. Léa Seydoux encarna uma famosa jornalista cuja vida muda totalmente após um acidente. 

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