Jornal Estado de Minas

TELEVISÃO

Autor conta que terminou 'esgotado' trecho inédito da novela


Foi um verdadeiro salve-se quem puder, mas um ano depois do início da pandemia no Brasil, a novela das sete da Globo chega à reta final. Os 53 capítulos inéditos da trama escrita por Daniel Ortiz e dirigida pelo mineiro Fred Mayrink já estão gravados, editados e prontos para ir ao ar a partir desta segunda-feira (17/5).





Salve-se quem puder”, comédia policial estrelada por Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva), ganha novos personagens, vividos por Rodrigo Simas (Alejandro), Sophia Abrahão (Júlia), Babu Santana (Nanico), Gabriela Moreyra (Aurora) e Mariana Armelli (Marlene).

Apesar desta pandemia que parece não ter fim – pelo menos no Brasil –, a direção optou por não incluir a COVID-19 nos próximos capítulos.

DISTÂNCIA

Reunidos em entrevista coletiva virtual, o autor Daniel Ortiz e parte do elenco consideraram ótima opção tomar distância do coronavírus. “Se fossemos colocar a COVID na história, isso atrapalharia o DNA da novela, que sempre fez rir”, explica Ortiz.

Na opinião de Flávia Alessandra, que interpreta Helena Santamarina, como o folhetim é exibido entre dois jornais (o local e o nacional), ele funciona como “escapismo”, permitindo ao público se desligar um pouco do estresse causado pela pandemia. “Foi muito difícil, mas um acerto”, afirma a atriz.





Tamanha dificuldade bateu – literalmente – à porta de Daniel Ortiz. Num domingo, o novelista recebeu a ligação de Sílvio de Abreu, então chefe da dramaturgia na Globo, avisando que ele teria apenas aquele dia para escolher o final da temporada, pois na segunda e terça-feira seriam gravadas as últimas cenas antes de a atração sair do ar.

“Eu tinha poucas horas para fazer isso. Adiantei o final do capítulo 92, joguei fora tudo o que tinha, e na semana seguinte comecei a reescrever a novela”, revela. Foram dias tensos em meio a mudanças do elenco e à redução da participação dos atores com mais de 60 anos para cumprir os protocolos de saúde.

“Para chegar ao final, acho que foram quatro versões. Terminei esgotado, trabalhando de segunda a segunda, das 11h às 4h da madrugada. Engordei nove quilos”, diz.

Babu Santana é Nanico, novo personagem de ''Salve-se quem puder'' (foto: Danilo Togo/divulgação)

VILÃ

Por outro lado, a atriz Guilhermina Guinle só tem a comemorar sua participação em “Salve-se quem puder”. A advogada Dominique, que protege empresários e políticos corruptos, não é a primeira vilã da carreira dela.




Em sua galeria de personagens, que de boazinhas não têm nada, estão Alice (“Paraíso tropical”, 2007), Luísa Salgado (remake de “Ti ti ti”, 2010), Manuela (remake de “Guerra dos sexos”, 2012) e Ilde (“Êta, mundo bom!”, 2016).

“Vilã é sempre presente para a atriz”, resume Guilhermina. Dar vida às malvadas é divertido, mas também desafiador. “Você tem de tentar, de alguma forma, humanizar a personagem. Você tem um texto que diz coisas horríveis, você faz coisas horríveis e se comporta de um jeito como não se comportaria na vida. Só que você não pode ser tão dura e tão cruel”, observa.

A atriz comenta que a diferença entre Dominique e suas outras vilãs está na relação doentia da personagem com o sobrinho Renzo (Rafael Cardoso). “Ao mesmo tempo, ela tem amor e ódio por ele.”





Este ano marca as bodas de prata de Guilhermina com a telinha. O primeiro trabalho dela foi em “Antônio Alves, taxista”, novela exibida pelo SBT em 1996.“É muito tempo. Quando você olha para trás, parece que foi ontem, mas tenho tanta coisa para fazer, tanta coisa para aprender. O bacana da profissão é ser longa, não acabar rápido.”

Dois anos antes de ingressar na televisão, Guilhermina já era conhecida no teatro. A carioca estreou aos 19 anos na peça “Entre amigas”, de Maria Duda e dirigida por Eduardo Martini, que ficou em cartaz no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo.

“Quando vi Fernanda Montenegro lendo as cartas de Simone de Beauvoir para (Jean Paul) Sartre no espetáculo 'Viver sem tempos mortos', pensei: poxa!, ainda tenho um longo caminho pela frente. O Wilker (José Wilker, com quem foi casada) dizia que o grande sucesso desta profissão não é o sucesso imediato. É conseguir manter o trabalho durante anos.”






DIVERSIDADE

Dona de beleza e elegância, Guilhermina não acredita que ser bonita signifique portas abertas na carreira. A profissão prima pela diversidade, diz. “Ela precisa de gente bonita, de gente feia, de gente gorda, de gente branca, de gente magra, de vários tons de pele, de heterossexual, homossexual e de transexual. Às vezes, o ator pode ser colocado em categorias, e isso é ruim”, adverte. “Você faz a bonita, eles te chamam sempre para fazer a bonita. Isso existe em qualquer lugar do mundo, mas tentamos brigar por personagens diferentes. Independentemente de ser feia, bonita, gorda ou magra, espero ter personagens desafiadoras para fazer.”

FILHA

“Salve-se quem puder” é a primeira novela de Guilhermina após quase três anos fora da televisão. “Dei essa parada para curtir a minha filha, que talvez seja a minha única filha”, explica.

A carioca trabalha novamente com o diretor mineiro Fred Mayrink, a quem não poupa elogios.“Ele é atento e superligado quando está no set. Duro quando tem que tomar conta de uma equipe de 150 pessoas, entre atores, técnicos e o pessoal envolvido nas gravações, mas ao mesmo tempo de uma doçura e uma gentileza raras hoje em dia.”

Entusiasmada, a atriz revela que já está nos Estúdios Globo gravando a série “Verdades secretas 2”, cuja data de estreia ainda não foi anunciada.

“'Verdades secretas' foi um dos trabalhos de que mais gostei de fazer. Na primeira temporada, a direção foi do Maurinho Mendonça. Agora será da Amora Mautner e cinco diretores de cinema, além do fotógrafo André Horta, que também é do cinema”, conclui.




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