Jornal Estado de Minas

MEMÓRIA

Tango inovador do centenário Astor Piazzolla continua encantando o mundo


Nome ligado ao tango que também transitou por outras vertentes musicais, Astor Piazzolla nasceu há 100 anos em Mar del Plata, na Argentina. Sua ligação com a música começou ainda na infância, ao ganhar do pai, em 1929, seu primeiro bandoneon. O instrumento passou a fazer parte de sua vida e não há como separar um do outro.





Piazzolla é reconhecido mundialmente por ter promovido uma revolução no tango argentino, o que lhe rendeu críticas dos tradicionalistas, insatisfeitos com a nova forma que impunha às composições. Transitou entre a música popular e a erudita, deixando para o mundo obras como a ópera-tango “Maria de Buenos Aires” e “Balada para un loco”, com versos de Horacio Ferrer.

Entre os tangos mais conhecidos e tocados de seu cancioneiro, certamente “Adiós, nonino” é a marca registrada do bandoneonista. Piazzolla compôs essa música em homenagem ao seu pai.

A forma como o argentino revolucionou o tango, imprimindo ao ritmo tradicional de seu país toques de jazz, permitiu improvisos, subvertendo o que era intocável. Essa mistura vem de sua conexão com músicos de várias origens.





Entre os nomes dessa lista encontra-se o da diretora de orquestra francesa Nadia Boulanger, com quem Astor estudou harmonia. Ela lhe forneceu elementos complementares que marcariam sua trajetória. A imersão no tango argentino se deu quando Piazzolla voltou ao seu país, trabalhando com o compositor e diretor Anibal Troillo.

Convidado de Carlos Gardel

O compositor chegou a ter contato com Carlos Gardel no período em que morava em Nova York com a família. Como falava inglês, Astor se tornou guia do famoso cantor argentino. Essa proximidade permitiu que o jovem músico mostrasse seu desempenho no acordeom para Gardel. Em dado momento, ouviu do conterrâneo: “Pibe, vos tocas el bandoneón como um gallego!” (“Guri, você toca bandoneon como um galego”), brincou Gardel.

O talento de Piazzolla fez com que Gardel o convidasse a integrar sua turnê por alguns países. Como era ainda muito jovem, o pai, Vicente, não permitiu que partisse, deixando a escola de lado. Quase no final dessas viagens, Gardel e o grupo que o acompanhava morreram em um acidente de avião.





Para relembrar Piazzolla em seu centenário, vale ouvir algumas de suas canções. Além de “Adiós, nonino”, há “Reunión cumbre”, com o jazzista Gerry Mulligan, “Balada para un loco” (1968), sobre versos de Horacio Ferrer, “Oblivion”, “Libertango” e “Cuatro estaciones porteñas”, entre outras obras-primas. (Agência Estado)


ouça

• “Adiós, nonino”
•“Balada para un loco”
•“Cuatro estaciones porteñas”
•“Oblivion”
•“Libertango”
•“Maria de Buenos Aires”
•“Reunión cumbre”

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