Jornal Estado de Minas

AUDIOVISUAL

Music Video Festival cria premiação inédita destinada às 'lives'


Cada vez mais parte do universo da música, o audiovisual teve papel decisivo durante a pandemia por conta das lives. Com shows transmitidos pela internet, o fenômeno pode ter perdido força, mas ficou marcado por seu impacto sobre a indústria musical. Tamanha é essa importância que o formato inspirou uma categoria inédita do m-v-f- awards 2020, prêmio do Music Video Festival que elege os melhores videoclipes brasileiros e internacionais lançados no último ano.





prêmio de Melhor live ou apresentação gravada de música, assim como os eleitos em outras 22 categorias, será anunciado nesta quinta-feira (11/2), às 20h, em cerimônia on-line. Os indicados são BaianaSystem, Mahmundi, Lirinha, Rosabege, Orquestra Vermelha, Anelis Assumpção, Àttøøxxá e Hiran, Teto Preto, Edgar, Jup do Bairro, Mulambo e DJ Lorrany.

“A pandemia acelerou a tendência de produções e apresentações musicais feitas para as telas e outras interfaces não presenciais”, analisa Lia Vissotto, idealizadora do evento. “A tecnologia proporciona recursos infinitos e o consumo de conteúdos através deles cresce exponencialmente, principalmente entre as novas gerações. Isso também possibilita ao artista entender e recorrer a novas formas de monetização de seu trabalho.”

A carioca Mahmundi aderiu ao novo formato de shows e disputa o m-v-f awards (foto: Universal/divulgação)


Presencial 


De acordo com Lia, isso não significa o temido “fim” dos shows ao vivo com público presente. “Daqui para a frente, eles podem ser pensados como parte de projetos maiores. Um bom exemplo disso é o AmarElo, do Emicida. O desafio agora é criar melhores condições de produção para artistas, músicos e criadores. E potencializar o acesso de consumidores à tecnologia”, avalia.





Quando foi criado, em 2013, o Music Video Festival enfrentava outros paradigmas, como o encolhimento das produções voltadas para a televisão, algo que ficou marcado pelo fim da MTV Brasil. De lá pra cá, muita coisa mudou, sites de vídeos ganharam força e artistas tiveram de aprender a utilizar as redes sociais a seu favor.

“O videoclipe nunca perdeu relevância, só se adaptou às novas telas. Isso faz dele um assunto fascinante. A pessoa pode ter orçamento de R$ 500 mil ou R$ 5 mil, mas vai dar um jeito de entregar alguma coisa para a sua audiência. Não acho que exista garantia de que o videoclipe, por si só, assegure o sucesso de uma música, mas as narrativas, as imagens, os colaboradores e os desdobramentos disso nas diversas redes compõem o ecossistema favorável para que aquela música tenha mais streams ou views. Na era dos algoritmos, isso é bastante relevante”, explica Lia Vissotto.

Os vídeos selecionados para a oitava edição do prêmio foram lançados entre 14 de setembro de 2019 e 28 de novembro de 2020. A primeira etapa, realizada pela equipe do festival, consistiu em analisar o material inscrito para checar se ele seguia os critérios do regulamento.





A partir daí, foram geradas listas com aproximadamente 30 produções por categoria, analisadas por uma comissão de cerca de 100 realizadores e profissionais do mercado, convidados a selecionar cinco trabalhos favoritos em cada modalidade.

O m-v-f-awards também teve o cuidado de jogar luz sobre a cadeia produtiva envolvida na produção de clipes, como direção, edição, roteiro, direção de arte, fotografia e coreografia, por exemplo. As 18 categorias técnicas foram escolhidas pelo júri formado por 11 profissionais da área. As cinco restantes ficaram a cargo do voto popular. Nesta edição, o evento contabilizou cerca de 80 mil votos.

Elza Soares, aos 90 anos, aposta cada vez mais na aliança de música e imagem (foto: Marcos Hermes/divulgação)


O público é responsável pelo grande prêmio da noite: melhor videoclipe nacional. Estão indicados 10 trabalhos, entre eles clipes de Elza Soares (Juízo final), Criolo e Milton Nascimento (Não existe amor em SP), Zé Manoel (Adupé obaluaê) e Céu (Corpocontinente).





Rapper indígena Kunumi MC concorre com o clipe Xondaro ka%u2019aguy reguá (foto: Reprodução)


Indígena 


O rapper indígena Kunumi MC concorre com Xondaro ka’aguy reguá (Forest warrior), a banda Francisco El Hombre com Matilha, e o projeto L’Homme Statue, de Loïc Koutana, com Braços/Vela.

A dupla mineira Hot e Oreia (desfeita em janeiro, após Hot ser acusado de relacionamento abusivo pela ex-namorada) concorre com os clipes Domingo e Presença, inspirado no filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho.

Carta pra Amy, do rapper Black Alien, e Deve ser horrível dormir sem mim, das cantoras Manu Gavassi e Gloria Groove, completam a lista.

“Um bom clipe ou vídeo feito para música não precisa ser fruto de uma superprodução. Entendo que questões como inovação no formato ou na linguagem, adequação das imagens escolhidas à música, o cuidado extra na finalização, narrativas e aspectos estéticos, como direção de arte, figurino e fotografia, fazem o trabalho saltar aos olhos”, comenta Lia Vissotto.





Para ela, a participação do público tem impacto no próprio evento, que passa a incluir artistas de maior alcance. “Esse balanço é ótimo, porque torna o prêmio mais amplo”, comemora.

Comandada pela modelo e DJ Aisha Mbikila e o apresentador Didi Effe, a cerimônia foi gravada previamente no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Sob sigilo, os vencedores já foram agraciados e gravaram depoimentos de agradecimento. O público os conhecerá nesta noite.

M-V-F- AWARDS 2020 


Nesta quinta-feira (11/2), às 20h A cerimônia será transmitida pelo site do m-v-f-(musicvideofestival.com.br) e pela plataforma Cultura em Casa, além dos canais do YouTube do m-v-f-, do MIS SP e do #CulturaEmCasa.



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