Jornal Estado de Minas

DOCUMENTÁRIO

Documentário sobre rainha Elizabeth é versão não ficção de The crown

O diretor Tom Jennings recebeu uma missão quase impossível: fazer um documentário sobre a rainha Elizabeth II que trouxesse novidades. "Foi um bom desafio", disse ele à reportagem, via Zoom.





Para fazer Elizabeth II: Segredos da monarquia britânica, que estreou no sábado (14), no National Geographic, sua equipe buscou arquivos do mundo todo, resultando em milhares de horas de vídeo, áudio e fotos.

Uma das fontes mais valiosas foi fornecida por autores de livros sobre a rainha nas últimas décadas – recurso que Jennings já tinha usado em outros projetos. "Eles gravam as entrevistas que vão usar nas biografias, mas não usam o áudio, tudo é transformado em texto", contou o diretor. "E no formato de documentário que utilizamos, o áudio é rei, nesse caso, rainha. Porque não temos narração, as entrevistas são a narração."

Foram necessários cerca de cinco meses para mergulhar no material e pensar num ângulo que oferecesse algum frescor. Por sorte, havia ali o áudio de uma entrevista do historiador da realeza Robert Lacey, que diz: "Perceba como todos os grandes problemas da rainha e do seu reinado têm a ver com amor, casamento e sexo". Jennings encontrou sua porta de entrada.





De fato, a vida de Elizabeth II lidou com o drama dos divórcios de Charles e Diana e de Fergie e Andrew, como o caso da princesa Margaret, que teve negado pela irmã o pedido de autorização para se casar com um homem divorciado. "Mas o 'momento Eureka' foi perceber que podíamos pegar essa frase e extrapolar, voltando ao passado e percebendo que a rainha só é a rainha por causa de amor, casamento e sexo. Porque seu pai, George, só se tornou rei porque seu irmão, Edward, abdicou do trono para se casar com uma americana divorciada chamada Wallis Simpson", disse Jennings. "Se isso não tivesse acontecido, Elizabeth não seria rainha."

De certa forma, por causa dessa decisão de focar em amor, casamento e sexo, Elizabeth II: Segredos da monarquia britânica acaba sendo a versão de não ficção da série The crown. Muitas das coisas que aparecem aqui também aparecem na obra ficcional da Netflix, ainda mais nesta temporada, quando a princesa Diana entra em cena. "A morte dela desde o princípio ia ser um pilar da nossa história", disse Jennings, que fez o documentário Diana: In her own words, em 2017.


LADY DI


A história de Lady Di também é de amor, casamento e sexo. O divórcio de Charles, em 1996, foi em clima de escândalo, com casos extraconjugais admitidos pelas duas partes. Meses antes, Diana tinha elevado as tensões com a casa real ao dar uma entrevista bombástica a Martin Bashir, agora sob investigação da BBC por suspeita de ter usado métodos pouco éticos para obtê-la.



Em 1997, Diana morreu num acidente de carro em Paris, e a rainha sofreu muitas críticas por não deixar seu castelo em Balmoral, na Escócia, e ir imediatamente para Londres para estar perto de seus súditos. "Ninguém pensou que ela era uma mãe e uma avó que estava sofrendo o diabo", disse Jennings. Com seu filme, ele espera mostrar que, afinal, a rainha também é um ser humano. "E um dos mais complexos que tive a honra de retratar."

A rainha só é a rainha por causa de amor, casamento e sexo. Porque seu pai, George, só se tornou rei porque seu irmão, Edward, abdicou do trono para se casar com uma americana divorciada chamada Wallis Simpson”


“Ninguém pensou que ela (rainha Elizabeth II) era uma mãe e uma avó que estava sofrendo o diabo (com a morte da princesa Diana)”


“(A rainha) é um 
ser humano. E um dos mais complexos que tive a honra 
de retratar”

 

Tom Jennings, diretor

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