Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Gabriel Bruce lança disco solo para combater o desalento


Em 2018, quando o resultado das eleições presidenciais foi anunciado, Gabriel Bruce, integrante da banda Graveola, foi tomado pela falta de esperança. Para o músico, a eleição de Jair Bolsonaro significou a perda de identificação com o Brasil e ele cogitou morar um tempo no exterior. Mas Bruce ficou e usou a música como antídoto para o desalento.





No recém-lançado disco Afluir, que marca a estreia solo do músico, são abordados temas complexos como rompimentos de barragens de rejeitos de mineração, em Lama, e o impacto dos meios de comunicação sobre o cotidiano das pessoas, em Cortina de fumaça. Tudo isso feito com leveza e poesia.

“Essas canções foram feitas no início do ano passado. Quando resolvi não sair do Brasil, percebi que teria de contribuir de alguma maneira para a percepção das pessoas sobre a realidade. Foi quando o Frederico Heliodoro me convidou para fazer o disco, dizendo que o produziria”, conta Gabriel.

VISÃO
 À dupla se somou o compositor e rapper mineiro Matéria Prima, incumbido de criar as letras. “Senti que ele seria chave para expressar as ideias que eu tinha em mente, acredito muito na visão que ele tem da vida. Matéria Prima é um grande porta-voz deste álbum.”





Outros músicos também foram convidados para o trabalho, como a cantora Mariana Cavanellas, o violonista Daniel Santiago, o saxofonista Seamus Blake e os pianistas Hernán Jacinto e Deangelo Silva.

“Desde que comecei na música, nunca deixei de ter banda. Meu processo é muito marcado pela criação coletiva e acredito nessa forma de fazer música. Boto muita fé em todos que participaram desse trabalho. São artistas de primeira, que fazem parte da minha trajetória de alguma maneira”, comenta ele.

Durante oito anos, Gabriel Bruce integrou a banda Zimun. Há seis faz parte do Graveola. As influências de ambas os grupos e das experiências que eles proporcionaram são alguns dos elementos presentes nas oito faixas de Afluir.

Bruce começou a tocar bateria aos 15 anos, informalmente. Aos 19, passou a estudar no Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) do Palácio das Artes. Em 2011, venceu o Prêmio Jovem Instrumentista do BDMG Cultural e, como parte da premiação, foi estudar com baterista André “Limão” Queiroz.





Agora, explora novos terrenos e tenta expandir o público, uma das principais preocupações de seu novo disco, que é basicamente de jazz – ou “música de improviso”, como ele frisa.

“Participo do Quarta Jazz, que é realizado no restaurante Fonte Nova, no Santa Efigênia. Uma das premissas do projeto é justamente tornar o jazz algo acessível. Em Afluir, também tento fazer esse movimento, porque acredito que a música tem o poder de mudar a vida das pessoas. Ainda mais um estilo que se propõe tão livre como o jazz”, comenta.

O letrista Matéria Prima é o %u201Cporta-voz%u201D de Afluir (foto: Pablo Bernardo/divulgação )


SOLAR 
Missão cumprida. Afluir é um disco aberto, animado e solar. Ao mesmo tempo em que faz jus ao Clube da Esquina e a Milton Nascimento, duas grandes referências de Bruce, o trabalho ecoa referências contemporâneas, como a banda Iconili.





Ainda que o álbum inaugure o voo solo de Gabriel, ele garante que segue integrante do Graveola. “Gosto de dizer que somos um conjunto de artistas que está sempre agregando. Quando alguém lança um trabalho solo, isso soma muito para a banda. A gente vai lançar um novo disco em breve, até o final do ano”, adianta.

FAIXAS

. Lama
. Cortina de fumaça
. Dar as mãos
. Protetores
. Um brinde à fé
. Lutar, amar, sentir, pensar
. Espelho d'água
. Alma

AFLUIR
Disco de Gabriel Bruce
faixas
Independente
Disponível nas plataformas digitais