Jornal Estado de Minas

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Saiba o que faz hoje Samuel Costa, o Menino Maluquinho do cinema

Samuel Costa tinha 12 anos quando mudou de colégio, em São Paulo. Seria uma adaptação como qualquer outra, não fosse um detalhe: ele era o Menino Maluquinho. “No primeiro dia de aulas, metade do colégio gostava de mim e metade me odiava, e eu não conhecia ninguém”, relembra hoje Samuel, aos 35. 



Aos 9, ele já tinha feito alguns comerciais para a TV, quando entrou para a seleção de Menino Maluquinho: O filme, longa-metragem que Helvécio Ratton iria dirigir a partir do célebre personagem criado por Ziraldo. 

“Lembro que a produtora estava lotada de molecada. O Ziraldo tinha feito um desenho de como seria a fisionomia dele e ele basicamente tinha me desenhado sem me conhecer. Acho que isto me ajudou a ser escolhido”, conta Samuel.

Esta e outras histórias serão relembradas na noite desta terça-feira (21) em live que ator e diretor transmitirão via Instagram da Quimera Filmes. O encontro virtual vem comemorar os 25 anos do lançamento do filme. Na próxima terça, haverá outra live, com a atriz Patrícia Pillar, que interpretou a mãe do Menino no longa lançado em julho de 1995.



TESTE 
Ratton não assistiu ao primeiro teste de Samuel. Na época, estavam sendo testadas crianças em Belo Horizonte, São Paulo e no Rio de Janeiro (foram feitos 3 mil testes). “Na noite em que o Samuel fez o teste, a Simone (Matos, produtora do filme) me ligou de São Paulo, dizendo que naquele dia tinha havido um menino muito especial. Quando veio a fita com o teste, ficamos encantados”, diz o cineasta. 

Samuel fez outros testes, até ser aprovado para o papel-título. Passou uma temporada de dois meses vivendo com a mãe em um hotel na Savassi (junto com a maior parte da equipe do filme) durante a produção. Menino Maluquinho foi rodado na Rua Congonhas, no bairro Santo Antônio. Em BH também foram rodadas cenas no tobogã da Avenida Contorno. As cenas no interior foram feitas em Tiradentes.

“Antes de filmar, fizemos uma pré-produção grande, com ensaios bem intensos. Tanto que, na hora de fazer o filme, a gente nem ensaiava direito. A galera decorou tanto as falas que, se você assistir ao filme com cautela, vai reparar na boca de criança e ver que ela está mexendo os lábios com a fala de outro personagem, de tão decorado que estava. Meio que o cara estava esperando a fala do outro para dar a dele, dá para pescar isso em algumas ceninhas”, conta Samuel.



O filme foi lançado no início da chamada da retomada do cinema nacional – Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, de Carla Camuratti, filme que marcou o início do retorno da produção cinematográfica brasileira desde o fim da Embrafilme, saiu em janeiro de 1995. “Era um momento de muita incerteza no audiovisual, ninguém sabia o que ia acontecer”, relembra Ratton, fazendo um paralelo com os dias de hoje, em que a produção audiovisual do país também está ameaçada. 

Em 1995, foram lançados 13 longas brasileiros. Menino Maluquinho teve a terceira melhor bilheteria, perdendo para Carlota e O quatrilho, de Fábio Barreto. É, ainda hoje, o longa de maior sucesso de Ratton. 

“O que mais me chama a atenção é que é um filme de 25 anos vivo, que não para de ser visto. Fico me perguntando sobre a magia que ele tem e que passa de uma geração para outra. Talvez o grande atrativo dele para os meninos de hoje, tão conectados, é que ele traz uma infância que eles não conhecem. Uma infância sem consumo, em que você não precisa ter o último modelo do brinquedo xis. Ficar embaixo do lençol e fazer um concurso de pum já basta”, afirma Ratton.

Para Samuel, o filme abriu as portas para um mundo que ele não conhecia. “Nunca tinha pegado avião. Viajei o Brasil inteiro com o Helvécio e o Ziraldo para as pré-estreias. Depois,  acompanhei o Ziraldo em um zilhão de feiras e bienais do livro. Como teve o 2 (Menino Maluquinho 2: A aventura, de 1998, dirigido por Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto) foi tudo  meio uma coisa só.”



Ainda que depois dos filmes Samuel tenha participado de outros projetos, entre novelas e séries de TV, ao completar 17 anos e decidir em que faculdade entrar, ele deu um basta. Fez publicidade, trabalhou em agências até que, em 2008 fundou, com outros amigos, a Blues, produtora de conteúdo.

Hoje, audiovisual para ele só atrás das câmeras. Com dois braços – produção de conteúdo e o canal do YouTube Pipocando, também presente na TV – a Blues é resultado de uma paixão que Samuel descobriu ainda garoto. “Nos filmes, sempre ficava vendo o que a galera da técnica estava fazendo, gostava dos equipamentos, refletores. Tenho certeza de que fiz a escolha certa.”

25 ANOS DO MENINO MALUQUINHO
O cineasta Helvécio Ratton participa de live nesta terça-feira (21), às 21h, com Samuel Costa, e na próxima terça (28), no mesmo horário, com Patrícia Pillar. Transmissão: @quimerafilmes. O longa será exibido neste domingo (26), às 16h, na TV Brasil. Também está disponível para assinantes Net no serviço de vídeo sob demanda Now.