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Estado de Minas PARA ALIVIAR

Cozinha de casa e séries leves são sinônimo de diversão na quarentena

BH completa dois meses sem cinema, teatro e shows. Jornalistas do Estado de Minas contam como reconfiguraram seus momentos de lazer sem sair ou encontrar amigos


postado em 16/05/2020 04:00 / atualizado em 15/05/2020 20:49

Já são dois meses sem cinema, teatro, show e restaurantes. Com dias e noites passados em casa, a equipe do EM*Cultura conta a seguir como reconfigurou seus momentos de lazer, sem sair ou encontrar amigos. Nossa esperança é que essas dicas sirvam para você também encontrar algum alívio para a dureza desse período de isolamento e preocupação.

(foto: Netflix/divulgação)
(foto: Netflix/divulgação)
Alienação total!
Ângela Faria

Nem vírus nem contágio nem zumbi nem gripe mortal nem distopia. Nesta quarentena de notícias assustadoras, curto – sem culpa, apesar do bullying dos colegas daqui da Redação – um bom k-drama sul-coreano. Amores impossíveis, ricaços humilhando os pobres (até o jogo virar), beijos na boca pra lá de pudicos e nada daquelas pegações calientes que costumamos ver no horário das sete por aqui... Por agora, sigo Pousando no amor (Netflix), história de uma empresária de Seul que vai parar sem querer na Coreia do Norte, é encontrada por um capitão (gato) e... Não vale spoiler. Também sigo Hospital playlist, sobre uma turma de jovens médicos num centro de saúde de Seul. Alienação? Total! Lá não tem coronavírus. E ajuda o sono a chegar de madrugada. Vez por outra, topo com um ator ou atriz de Parasita, o filmaço do sul-coreano Bong Joon-ho que fez história no Oscar deste ano. Mas, nas minhas madrugadas, todos eles à la Janete Clair, claro!

Novela romântica
Fernanda Gomes

(foto: Netflix/divulgação)
(foto: Netflix/divulgação)
Uma moça inteligente, divertida, carinhosa e leal, que, por não confiar na própria aparência física, permite que outras pessoas a humilhem e rebaixem. Em Betty em Nova York, lançada no ano passado na Netflix, pode-se acompanhar a jornada de mais uma protagonista mexicana em busca do amor, tanto próprio quanto compartilhado com amigos e amantes. Ao mesmo tempo em que luta para vencer no mundo da moda nova-iorquino. Com 123 capítulos, com uma média de 44min cada um, a novela permite ao espectador se divertir com uma narrativa simples, engraçada e romântica. Tanto assim que faz com que se queira, muitas vezes ao mesmo tempo, abraçar e bater nos personagens. É uma excelente pedida para os amantes das consagradas e dramáticas novelas mexicanas e comédias românticas.

O trabalho dos outros
Fred Gandra

(foto: Universal/divulgação)
(foto: Universal/divulgação)
A deliciosa série de humor norte-americana The office, disponível na Amazon Prime, é a minha principal companhia na quarentena. Com nove temporadas, a produção teve início em 2005, com a proposta de mostrar o animado cotidiano de uma empresa fornecedora de papel. A série simula o formato de documentário, com depoimentos dos personagens e uma narrativa bastante realista que discute as relações de trabalho nas mais diferentes abordagens. A ideia pode parecer monótona, mas a trama é genial. Aos poucos, vamos nos tornando íntimos dos personagens, que têm personalidades peculiares e cativantes. A figura vaidosa do chefe Michael Scott (Steve Carell) é o ponto alto do programa. Assisto, religiosamente, a pelo menos três episódios por dia. A série é leve, tem um humor inteligente e me traz conforto nessas semanas tensas.

Um livrão e uma boa trilha
Guilherme Augusto

(foto: Youtube/reprodução)
(foto: Youtube/reprodução)
Estar dentro de casa 24 horas por dia, sete dias por semana, com exceção das raras e estressantes idas ao supermercado ou à farmácia, tem sido um exercício. Para amenizar a passagem dos dias, escolhi como meta de leitura a série autobiográfica (e autoficcional) Minha luta (Companhia das Letras), em que o escritor norueguês Karl Ove Knausgard realiza um relato minucioso de sua própria vida em seis volumes bastante robustos. Narcisista, melancólica, por vezes filosófica e, em alguns momentos, tediosa, a narrativa pode ser considerada a versão moderna de Em busca do tempo perdido (1913), do francês Marcel Proust. Os cinco livros publicados no Brasil – A morte do pai, Um outro amor, A ilha da infância, Uma temporada no escuro e A descoberta da escrita – tratam de temas como o luto, os amores e desamores, e um impressionante inverno que Knausgard passou perto do Círculo Polar Ártico. Já lançado no exterior, o sexto e último livro, batizado lá fora de The end – é claro! –, estava previsto para chegar às livrarias brasileiras no ano passado, mas até agora a editora não sinaliza o lançamento. Uma trilha sonora bem-vinda para encarar as mais de 2,5 mil páginas dos livros já lançados: o belíssimo álbum Valtari (2012), da banda islandesa de post-rock Sigur Rós.


Entre escovões e Godard
Mariana Peixoto

(foto: Instagram/reprodução)
(foto: Instagram/reprodução)
Definitivamente, não é desbravar séries e filmes via streaming, já que faço isso diariamente há anos para escrever neste caderno. Diversão (mesmo!) é sentar no balcão da cozinha com meu marido para a happy hour de toda sexta. Como nem todo dia é sexta-feira, o isolamento social me levou para o maravilhoso mundo do YouTube fora trabalho. Nos últimos dias, fiz ginástica com uma professora de Wisconsin e outra do Chile; fiquei mesmerizada com um teste com três tipos de escovões “inteligentes”, meu sonho de consumo neste momento. Venho assistindo a todos os vídeos do canal Buenas Ideias, do impagável (ame-o ou deixe-o) Eduardo “Peninha” Bueno. E, por fim, consegui assistir, pois colocaram legendas em inglês, à live surpresa que Jean-Luc Godard realizou em abril para a Universidade de Arte e Design de Lausanne, na Suíça. Godard está com 89 anos, pouco sai de casa e quase não concede entrevistas. É imperdível assisti-lo na live fumando seu charuto e conferindo se está tudo OK com o próprio visual através do celular. “O cinema é um pouco como um antibiótico”, ele ensinou.

Voar nas asas de “Air Jordan”
Pedro Galvão

(foto: Netflix/divulgação)
(foto: Netflix/divulgação)
Sem sair de casa por semanas, foi possível ler alguns livros, assistir a um ou outro filme desses lançados nas plataformas digitais e até trocar correspondências eletrônicas com um amigo, compartilhando reflexões mais extensas sobre o confinamento. No meu caso, as opções prediletas de diversão sofreram um baque com cinemas fechados, shows cancelados e competições esportivas suspensas. Um alívio veio em 20 de abril, quando The last dance estreou na Netflix. Pobremente traduzida como O arremesso final, a série documental mostra o desfecho do magnífico Chicago Bulls, hexacampeão da NBA nos anos 1990, liderado pelo incomparável Michael Jordan. A cada semana são lançados dois capítulos. O hiato entre eles me permitiu explorar temas mostrados na série, que tem depoentes do nível do ex-presidente dos EUA Barack Obama, e abarca música, cinema, política e economia, extrapolando o esporte. Além de algumas das jogadas mais importantes da história do basquete, fui influenciado a também rever Faça a coisa certa, de Spike Lee, e até a animação Space jam, sucesso na minha infância. No embalo dos voos de “Air Jordan”, ainda incluí na trilha sonora da minha quarentena hits dos grupos pioneiros do hip-hop Public Enemy, Cypress Hill e A Tribe Called Quest, alguns deles presentes no documentário. Uma divertida viagem no tempo para quem cresceu nos globalizados anos 1990.

Rever o (meu)  quarteto fantástico
Silvana Arantes

(foto: Sony Pictures/divulgação)
(foto: Sony Pictures/divulgação)
Com o afastamento forçado dos amigos, é reconfortante rever na ficção a história de pessoas (imperfeitas) que se amam (imperfeitamente) e se apoiam (o máximo possível) para atravessar as minúsculas (e as não tão pequenas) dificuldades da vida, ao longo dos anos. Se você pensou em Friends, se equivocou completamente. É a deliciosa e engraçadíssima amizade de Jerry, Elaine, George e Kramer que me dá vontade de ser o quinto elemento desse grupo. Um episódio de Seinfeld – de qualquer uma das nove temporadas, produzidas entre 1989 e 1998 – é o suficiente para alegrar as noites de sábado e domingo. Antes que chegue mais uma segunda-feira, com os amigos fora de alcance, as notícias ruins por perto, cinemas e teatros fechados, “yada, yada, yada”.

Filmes, futebol e um pastel imbatível
Tetê Monteiro

(foto: Piki Films/divulgação)
(foto: Piki Films/divulgação)
A diversão aqui em casa tem sido movida a gastronomia, TV, música e encontros virtuais. Com Luca e Rafael, meus filhos, assisto a temporadas antigas e atuais de várias séries, além de reprises de partidas de futebol do nosso time do coração, o Galo! A nossa série preferida para ver em família é Noobees (Nickelodeon). O “cinema” vem junto com a sessão pipoca, às sextas. Sonic, O gênio e o louco, Jojo Rabbit e O milagre na cela 7 foram alguns dos filmes que vimos. A cozinha se tornou nosso canto. Descobrimos que nossos pastéis são (infinitamente) melhores do que os de qualquer pastelaria de BH. As crianças devoram os gibis da Turma da Mônica. Aproveitei para ler 21 lições para o século 21, de Yuval Noah Harari, que reflete sobre questões contemporâneas e nos faz compreender melhor o momento que estamos vivendo. A música, via lives ou Spotify, é alento e tanto. Reservo ainda um tempo para encontros virtuais com os amigos. Via plataformas como Zoom ou Google Meet, nossos happy hours são regados a bom papo, boas risadas e vinho. O “abraço de verdade” a gente está guardando pra quando a quarentena passar ou quando o carnaval chegar...


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