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Série baseada no livro 'O nome da rosa' tem John Turturro como protagonista

Produção reconta em oito episódios trama de Umberto Eco que envolve política e religião em tom de mistério. Estreia é nesta quinta-feira (7)


postado em 07/05/2020 04:00

John Turturro assume o papel que foi de Sean Connery na telona e dá caráter mais irônico ao frade William de Baskerville (foto: FABIO LOVINO/Divulgação)
John Turturro assume o papel que foi de Sean Connery na telona e dá caráter mais irônico ao frade William de Baskerville (foto: FABIO LOVINO/Divulgação)

Romance de estreia de Umberto Eco (1932-2016), O nome da rosa (1980) já era um sucesso quando o diretor Jean-Jacques Annaud decidiu adaptá-lo para o cinema. Com Sean Connery no papel central, o filme, de 1986, narrativa ambientada no período medieval, virou febre mundial. Eco não gostou. Achava que a adaptação, que se tornou uma história de mistério com ares detetivescos, reduzia seu livro.

Quase quatro décadas após seu lançamento, a obra de Eco ganha nova adaptação. Lançada no ano passado na Europa e nos Estados Unidos, a minissérie O nome da rosa chega nesta quinta-feira (7) ao Brasil. Com oito episódios, a produção encabeçada por John Turturro estreia na plataforma de streaming Starzplay.

Rodada na Itália, a superprodução de (estimados) US$ 30 milhões é falada em inglês e conta com extenso elenco internacional. Além do americano (de ascendência italiana) Turturro, atuam o britânico Rupert Everett, o alemão Damian Hardung, o francês (nascido na Turquia) Tchéky Karyo, a italiana Greta Scarano. A direção e o roteiro são do veterano da TV italiana Giacomo Battiato.

O nome da rosa acompanha o frade franciscano William de Baskerville (Turturro), um homem simples e brilhante, com ares de Sherlock Holmes. Em 1327, há um embate sobre religião e política em curso. De um lado está Luis IV, apelidado de O Bávaro, que em breve será o imperador romano. Do outro está o papa francês João XXII.

A guerra ideológica – afinal, a Igreja deve ser pobre, imitando a vida de Cristo, ou precisa ser rica para reinar sobre o mundo ocidental? – conduz o diplomático frade a uma cúpula que será realizada em uma abadia isolada no Norte da Itália.

No caminho, Baskerville arrebanha um seguidor, o jovem Adso (Damian Hardung). Chegando ao local, a dupla é surpreendida pela morte de um religioso. Convocado para apurar o que ocorreu, Baskerville inicia uma investigação nessa comunidade fechada e silenciosa. Outras mortes ocorrerão. A rica biblioteca do local, que não dá acesso a quase ninguém, será crucial para a resolução dos crimes.

REFERÊNCIA 

“O filme (de Annaud) foi uma referência para mim, no sentido de fazer algo completamente diferente. É um bom filme, mas ele utiliza apenas uma parte do livro, vira uma história de Agatha Christie. Eu tinha oito horas para desenvolver a narrativa, então poderia incluir outros elementos interessantes do livro. E a principal razão para ter aceitado participar do projeto é o quanto a história é contemporânea”, comenta Giacomo Battiato, que além de dirigir também foi um dos corroteiristas da minissérie.

O nome da rosa foi um projeto tratado de forma obstinada por Turturro, um ator muito versátil e conhecido pela fina ironia, graças à participação em longas de Spike Lee (Faça a coisa certa, Febre na selva) e dos irmãos Joel e Ethan Cohen (Barton Fink, delírios de Hollywood, O grande Lebowski). Além de protagonizar a série, o intérprete também foi um dos produtores e roteiristas.

“John Turturro é completamente diferente de Sean Connery. É cínico, irônico, frio, com uma mente obsessiva, no bom sentido. Escrevia o roteiro de dia e ficava com ele por horas no Skype à noite. Quando começamos a filmar, não havia o descanso dos domingos. Tínhamos que discutir todas as cenas com ele”, recorda o diretor.

Para Battiato, o que justifica uma adaptação em formato de série de O nome da rosa é o diálogo que a narrativa trava com a contemporaneidade. “A história fala sobre fundamentalismo e traz um debate importante sobre religião”, comenta.

Para ele, uma das questões primordiais é sobre como deve se portar uma pessoa religiosa.

“Tais pessoas, que falam de justiça, amor, compaixão, têm que ser pobres e viver entre os outros? Outro ponto é o pressuposto de que religião, que lida com o espírito, e política, que trata da vida dos cidadãos, não devem se misturar. Há um debate em curso sobre isto nos Estados Unidos, por exemplo, com o movimento Tea Party; no Irã e na Polônia, mais recentemente, com o endurecimento das leis contra os direitos da mulher.”

HUMOR 

Uma terceira questão que o diretor levou do livro para a TV foi o humor. “Qual é o poder da comédia, da ironia? Vivi 10 anos na França e presenciei o primeiro ataque terrorista (naquele país na última década). Não foi contra uma igreja, um templo religioso, mas contra um jornal satírico (o massacre do Charlie Hebdo, ocorrido em 7 de janeiro de 2015, no qual 12 pessoas foram mortas). O fundamentalista tem medo de quem ri da verdade. E, para mim, o perigo da ironia é um dos cernes do livro.”

O nome da rosa foi rodado no célebre estúdio Cinecittà, em Roma (assim como o filme de Annaud) e teve locações nas regiões da Toscana, Umbria e Abruzzo. As imagens e a reconstituição de época saltam aos olhos. A abadia onde se passa boa parte da ação foi toda construída em estúdio.

“Filmamos durante o inverno e não tivemos muita sorte. Quando estávamos rodando as cenas internas, o tempo lá fora estava bom. Quando filmamos as externas, o tempo ficou ruim. Tivemos que recorrer a neve falsa em muitas sequências”, conta Battiato.

Como um diretor que fez carreira na televisão, ele comemora os novos tempos. “No século 19, na Rússia, na França, na Espanha, os grandes romances eram publicados em revistas semanais. Balzac, Dickens, Tolstoi, todos eles publicaram livros assim. Um filme tem que concentrar tudo em duas horas. Já nas séries você pode ir a fundo no ponto de vista criativo. É muito desafiador. Gostaria de ser mais jovem para poder produzir mais”, afirma.

O NOME DA ROSA
Minissérie em oito episódios. Estreia nesta quinta (7), na plataforma Starzplay



A BOTA

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SUBURRA: SANGUE EM ROMA
Primeira produção italiana da Netflix, apresenta, na atualidade, a rede de corrupção que envolve Estado, Igreja e o crime organizado naquele país. Adaptação do livro homônimo de Giancarlo De Cataldo e Carlo Bonini, foi criada pouco depois do longa-metragem de mesmo nome. A trama é livremente inspirada na investigação da Mafia Capitale, nome dado à organização criminosa que atuava na capital italiana.
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ZEROZEROZERO
Se você tiver que assistir a somente uma série este ano, que seja esta. Adaptação do romance homônimo de Roberto Saviano acompanha um carregamento milionário de cocaína (000 é o grau mais puro da droga) do México à Itália. A ação transcorre nesses dois países, além dos EUA. Falada em italiano, espanhol e inglês, com elenco impecável – Andrea Riseborough é o maior destaque – e diretores aclamados no cinema autoral (o dinamarquês Janus Metz, o argentino Pablo Trapero e o italiano Stefano Sollima), é para ver de uma vez só. Se conseguir, já que as cenas de violência são explícitas.
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A AMIGA GENIAL
Adaptação da tetralogia best-seller da autora italiana Elena Ferrante, acompanha a relação complexa de duas amigas, Lenu e Lila. As duas se conheceram ainda crianças, em Nápoles, nos anos 1950. A narrativa, que abrange quase seis décadas de amizade, parte do desaparecimento de Lila, já na idade madura. O sumiço fará Lenu vasculhar sua memória – o pano de fundo é o desenvolvimento da própria Itália, a partir da metade do século passado. As duas primeiras temporadas já foram lançadas.
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