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Estado de Minas DOCUMENTÁRIO

Filme analisa os impasses da democracia neste século 21

O diretor Belisario Franca reuniu cenas de manifestações populares em vários países, desde 2011. De um lado, protestos nas ruas. De outro, movimentos exigem o cerceamento da liberdade


postado em 01/05/2020 04:00

Manifestantes em Oakland, nos Estados Unidos, carregam cartazes com símbolos do anarquismo e do movimento hippie(foto: GIROS FILMES/DIVULGAÇÃO)
Manifestantes em Oakland, nos Estados Unidos, carregam cartazes com símbolos do anarquismo e do movimento hippie (foto: GIROS FILMES/DIVULGAÇÃO)

Assistir a (mais) uma manifestação popular que pede o retorno do Ato Institucional Número 5 (AI-5), como a ocorrida recentemente em Brasília, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não é algo que cause espanto ao documentarista Belisario Franca. “O que está acontecendo agora não é muito diferente do que vem ocorrendo, nos últimos 10 anos, em relação aos ataques à democracia tanto no Brasil quanto no mundo. Eu já estava, há muito, não apenas impactado, mas espantado com os ataques que buscam o derretimento dos pilares da democracia”, diz ele.

Foi esse espanto que o motivou a produzir o documentário O paradoxo da democracia, que estreia nesta sexta-feira (1º), no canal Curta!. Ao longo de 70 minutos, o filme atravessa a história recente do mundo com imagens de protestos ocorridos em vários países entre 2011 e 2019: revolução no Egito, em 2011, com as manifestações na Praça Tahrir, no Cairo; Occupy Wall Street, em Nova York, no mesmo ano; Jornadas de Junho de 2013, no Brasil; movimento Coletes Amarelos, criado na França a partir de 2018. E por aí vai.

Doze pensadores – entre eles os cientistas políticos Steven Levitszy (EUA), Juan Carlos Monedero (Espanha) e Yascha Mounk (Alemanha), o filósofo francês Jacques Rancière e a socióloga brasileira Angela Alonso – participam do filme com reflexões, por vezes dissonantes, que levam luz ao debate.

“Vivemos tempos binários. Talvez a coisa mais grave dos últimos 10 anos, efeito colateral da internet e das mídias digitais, foi que todos nós acabamos ficando radicais, o que não é bom para a democracia. No regime democrático, você pode ter opinião diferente da minha, mas não é um inimigo. Com a preponderância do binarismo, ou você está comigo ou eu sou contra você”, exemplifica Franca.

Ao mesmo tempo em que a internet virou palco da polarização, ela protagonizou outro fenômeno. “Ao irem para a rua se manifestar, as pessoas passaram a gravar e postar o material (dos protestos) de maneira muito livre, sem freio ou motivação comercial. Os vídeos são quase um testemunho coletivo do que estava acontecendo no mundo”, comenta o diretor.

''De uma maneira ou de outra, tem gente tentando manter os pilares da democracia. Nós fazendo o filme, a imprensa noticiando e trazendo a informação correta, a ciência se manifestando''

Belisario Franca, cineasta



Por meio de extensa pesquisa, ele reuniu vídeos dos quatro cantos do globo. Para tal, elegeu parâmetros. “Noventa e cinco por cento das imagens são de pessoas anônimas, postadas na internet”, ele conta. Belisario também selecionou cenas que falam por si só, “numa tentativa de diferenciar o cinema do jornalismo diário”.

Um bom exemplo é a imagem do Rio de Janeiro: um pastor fala sem parar no meio de policiais e de bombas explodindo. “Essa é uma imagem sobre a qual não preciso explicar nada. Através dela você entende tudo o que vem acontecendo no Brasil há sete anos”, diz França.

Os autores das imagens foram contatados pela produção do filme. Ao final, quando surgem os créditos, todas são creditadas – inclusive, há o link de cada uma.

O documentarista, diante da crise que as democracias têm enfrentado no mundo inteiro, acha que pode haver uma saída. “Não sei se estou otimista, diria que mais cauteloso. Mas, de uma maneira ou de outra, tem gente tentando manter os pilares da democracia. Nós fazendo o filme, a imprensa noticiando e trazendo a informação correta, a ciência se manifestando. Claro que existem interesses obscurantistas bem colocados, mas temos de insistir. Se a gente puder conversar – e não ficar no diálogo de surdos, em que um fala e o outro não escuta –, já é um grande avanço”, finaliza Belisario Franca.

O PARADOXO DA DEMOCRACIA
• Documentário de Belisario Franca
• Canal Curta!
• Estreia nesta sexta (1º), às 21h30
• Reprises sábado (2), à 1h35 e às 13h20; domingo (3), às 22h35; segunda (4), às 15h30; e terça (5), às 9h30


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