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Estado de Minas

'BBB20' vira palco de luxo para as carreiras solo de Manu e Babu

Cantora paulista e ator carioca aproveitam a audiência histórica do Big Brother Brasil para lançar singles e conquistar multidão de fãs nas redes sociais


postado em 06/04/2020 04:00 / atualizado em 06/04/2020 12:24

Frederico Gandra *
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


Manu Gavassi entrou no BBB20, em janeiro, com turnê marcada para junho (foto: Victor Pollak/divulgação )
Manu Gavassi entrou no BBB20, em janeiro, com turnê marcada para junho (foto: Victor Pollak/divulgação )

No próximo dia 23, uma quinta-feira, a vigésima edição do Big Brother Brasil chegará ao fim, depois de bater recordes de audiência. Independentemente de quem vencer, uma coisa é certa: a cantora paulistana Manu Gavassi e o ator carioca Babu Santana vêm usando, com sucesso, a megaexposição no BBB20 para impulsionar as respectivas carreiras solo.

Enquanto disputam o prêmio de R$ 1,5 milhão, Manu e Babu “cavam” seu espaço no showbusiness. O BBB20 estreou em 21 de janeiro. Sete dias depois, a cantora mandou Áudio de desculpas para o YouTube. O single, obviamente gravado antes de o Big Brother começar, já bateu 4 milhões de visualizações. Foi a “plataforma de lançamento” da turnê Cute but psycho experience, anunciada para começar em junho, com shows em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Campinas. A agenda, agora, pode ser alterada pela crise causada pella COVID-19.

O poder de fogo do BBB20 é capitalizado por Babu Santana. Quando ingressou no reality, o ator somava 300 mil seguidores no Instagram, agora multiplicados para 3 milhões. Em 20 de março, ele mandou para as plataformas o single Sou Babu, cantando a música de Gabriel Moura e Rogê. Conquistou 40 mil ouvintes no Spotify.

Além disso, o diretor Kleber Mendonça Filho, do aclamado filme Bacurau, e o novelista Daniel Ortiz, autor de Salve-se quem puder, já manifestaram interesse em trabalhar com Babu, que estava desempregado – e endividado – antes de ingressar no reality.

Trancafiadas em casa sem poder trabalhar, torcidas repletas de celebridades “trabalham” para a cantora e o ator. O time de Babu tem Anitta, Felipe Neto, Neymar, Djonga, Gabigol, Arrascaeta, Diego Tardelli, Maguila, Tatá Werneck, Rafinha Bastos, Preta Gil, Filipe Ret, Fernanda Paes Leme e Ingrid Guimarães. Por outro lado, Bruna Marquezine, Cleo Pires, Bruno Gagliasso, Marina Ruy Barbosa, Ludmilla, Iza, Felipe Neto, Kéfera e o zagueiro David Luiz aderiram ao movimento #FicaManu.

Mas o que conta, mesmo, é o povo brasileiro, que tenta aliviar o estresse da quarentena em frente à TV ou das telinhas. O paredão de 31 de março foi recorde mundial, com 1,53 bilhão de votos e gritos de “Fora, Bolsonaro” para brindar a saída de Felipe Prior (apoiado por Eduardo, filho do presidente) do Big Brother Brasil.

Com audiência desse tamanho, Manu e Babu ganharam uma chance de ouro para deixar o limbo das “subcelebridades” e, quem sabe, brilhar – fora do BBB – tanto quanto as estrelas que torcem por eles.

“Fada” tropeça no racismo

Acostumada com as câmeras, Manu Gavassi, de 27 anos, é um dos destaques do BBB20. Ganhou o apelido de Fada Sensata depois de fazer comentários tidos como prudentes em defesa das amigas e contra o machismo. Porém, a sensatez da “fada” foi duramente questionada quando ela elogiou a “estética agradável” da dupla Marcela e Daniel, brothers brancos e de olhos claros.

“Para mim, casal que a cor combina, a cor das pessoas mesmo, é muito forte. Esteticamente falando, vocês são extremamente agradáveis, parabéns”, disse Manu. Acusada de preconceituosa, inspirou as hashtags #ManuRacista e #ForaManu, que bombaram no Twitter.

A Fada Sensata foi alvo de outra polêmica, ao orientar a sister Gizelly a embebedar o arquiteto Felipe Prior para “queimá-lo” no reality. Acusada de soberba e de falsidade em seus posicionamentos, Manu ganhou destaque ao eliminar Prior, um dos candidatos mais fortes desta edição, no “paredão histórico” com 1,5 bilhão de votos. Ele foi eliminado com 52% dos votos, contra 43% de Manu e 0,76% de Mari González.

PATRICINHA “Sou uma patricinha metida de São Paulo, mas sou a patricinha metida de São Paulo mais legal que você já conheceu”. Assim Manu se definiu no primeiro episódio de Garota errada, a websérie estrelada por ela no YouTube, que revela bastidores de gravações, shows e de sua vida pessoal.

Cantora, compositora, atriz, dubladora, escritora, roteirista, youtuber e influenciadora digital, Manoela Latini Gavassi Francisco iniciou sua carreira aos 16 anos, ao integrar a equipe da revista Capricho. Logo passou a fazer covers de músicas de Taylor Swift e Justin Bieber, lançando o primeiro álbum, Manu Gavassi, com o apoio da publicação teen.

“As bandas de rock, provavelmente, me odiavam, mas tinham que me aturar porque eu tinha uma websérie na Capricho, eu tinha fãs barulhentos, eu tinha engajamento, pessoas usavam meu nome naquelas faixinhas de glitter”, afirmou ela num vídeo publicado em seu canal no YouTube.

Depois de conquistar popularidade na internet, Manu passou a fazer pontas na TV e no cinema. A estreia, em 2011, foi na minissérie Julie e os fantasmas, da Band e Nickelodeon. Depois, participou da novela Em família (Globo, 2014), da série Z4 (Disney Channel, 2018) e do filme Socorro, virei uma garota! (2019). Em 2017, lançou o primeiro livro, Olá, caderno!, ficção sobre uma adolescente, Nina, e seu diário.

Com cinco discos e cerca de 100 mil ouvintes no Spotify, Manu chamou a atenção com o single Segredo, que gravou com o ator Chay Suede, com quem namorou por três anos. Participou do Rock in Rio Lisboa 2018 ao lado do músico português Agir. Estreou como youtuber na websérie Garota errada (2018).

Aparentemente, a participação da cantora no BBB20 e a estratégia de autopromoção na megavitrine do reality da Globo vêm surtindo efeito. Planos impossíveis, música lançada por ela há 10 anos, entrou na lista das 50 mais do Spotify. Exemplares do livro Olá, caderno se esgotaram, com promessa de reimpressão pela editora Rocco. E a conta da Fada no Instagram tem 11 milhões de seguidores – sete milhões a mais que antes de ela ingressar no Big Brother.

Babu Santana ampliou seu fã-clube no Instagram de 300 mil para 3 milhões de seguidores(foto: Leo Lara/divulgação )
Babu Santana ampliou seu fã-clube no Instagram de 300 mil para 3 milhões de seguidores (foto: Leo Lara/divulgação )
“Paizão” se dá mal com gays

“Tá na hora de um preto favelado ganhar esse BBB”. Foi assim que o ator Babu Santana, de 40 anos, se apresentou na 20ª edição do Big Brother Brasil. Pai de três filhos e desempregado, ele disse que se inscreveu com o objetivo de pagar as dívidas. Desde então, vem conquistando o público com seu jeito meigo e honesto. É um cara “na dele”, com posições firmes antimachismo e antirracismo. Os fãs o chamam de “Paizão”.

Porém, o ator se viu alvo da hashtag #Fora Babu, acusado de homofobia ao se referir ao adversário Daniel como “veadinho”. Ao dizer a Felipe Prior que o arquiteto teria um “cardápio” de mulheres à escolha quando deixasse o BBB, foi parar no trending topics do Twitter, sob a pecha de machista.

Babu integra a turma dos “excluídos”, não se integrou ao “grande grupo” da “casa”. Outros jogadores debocharam de seu peso e do pente-garfo que usa no cabelo black. O ator ganhou a defesa de celebridades negras. Aliás, na última quarta-feira, foi aplaudido pelas sisters a explicar como se dá o racismo e a história dos africanos.

Diferentemente de vários brothers, Babu não faz a menor questão de mudar sua postura para se juntar a um grupo com o qual não se identifica. Talvez isso explique o fato de ele ser o único homem que restou na disputa do BBB-20.

BULLYING Nascido no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, Alexandre da Silva Santana ganhou o apelido de Babu na escola, ao ser comparado pelos colegas ao macaco babuíno. Brigão e rebelde, aceitou adotar o diminutivo a conselho de um colega, portador de deficiência. E transformou o bullying racista em nome artístico.

O garoto que fazia teatro no colégio foi faxineiro, pedreiro, aderecista de escola de samba e eletricista antes de receber a primeira chance como ator. Estreou em 2001, no curta-metragem Um jeito brasileiro. Naquele mesmo ano, participou da oitava temporada de Malhação, na Globo.

Em 2002, Babu Santana fez seu primeiro longa como o Roque de Uma onda no ar. O filme do diretor mineiro Helvécio Ratton, que conta a história da emissora comunitária Rádio Favela, foi totalmente rodado dentro do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte.

Desde então, foram cerca de 40 filmes – os aclamados Cidade de Deus e Estômago, Meu nome não é Johnny, Café com canela e Mundo cão, entre outros. Na TV, Babu fez as novelas globais Viver a vida, Caminho das Índias, Sabor de paixão e Da cor do pecado. No entanto, sempre como coadjuvante, interpretando bandido, malandro e presidiário – papéis tradicionalmente dados aos negros.

A “virada” veio com um ícone da música. “Fiz mais ou menos 40 filmes, mas o Tim Maia foi realmente mágico”, contou. A forma como Babu “incorporou” Tim Maia no longa dirigido por Mauro Lima lhe deu, em 2015, o troféu de melhor ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Em 2018, ele foi o artista homenageado da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais.

Se o desemprego levou Babu para o Big Brother Brasil, isso deve mudar quando ele sair de lá. Kleber Mendonça Filho, diretor de Bacurau, manifestou interesse em contratá-lo. “Gosto de Babu há anos. Quero trabalhar com ele, mas não sei se temos grana para pagar o ganhador do BBB”, tuitou o cineasta.

“Da minha parte, garanto que sem emprego ele não fica depois que sair dessa 'casa'. Se a Globo não contratá-lo, eu vou”, tuitou o youtuber e comediante Felipe Neto. “Babu! Quero você na minha novela! Mas aguenta firme aí pelo prêmio”, publicou Daniel Ortiz, autor do folhetim Salve-se quem puder (Globo), em sua página no Instagram.


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