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Estado de Minas

Equipe de Cultura do EM se propõe a ajudar o leitor na quarentena

Caderno diário reformulou seu eixo editorial para destacar obras e atividades que possam ser usufruídas em casa e ouve artistas sobre sua reação à cris


postado em 05/04/2020 04:00 / atualizado em 04/04/2020 21:07

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodução)


Quando ficou claro que a desolação provocada pela epidemia do novo coronavírus em Wuhan, na China, iria se replicar em diversos outros países, incluindo o Brasil, sabíamos que o leitor do Estado de Minas passaria a receber suas notícias, diariamente, com um nó na garganta – e cada vez mais apertado.

Na reordenação do eixo editorial que a emergência de saúde pública impôs ao jornalismo praticado pelos Diários Associados, coube ao caderno Cultura procurar oferecer aquilo que agora mais nos falta: rajadas de ar fresco. E não poderia ser dife- rente. "Contra fel, moléstia, crime/ Use Dorival Caymmi/ Vá de Jackson do Pandeiro", diz a receita de Chico Buarque em Paratodos, numa descrição feliz da capacidade da arte de remediar nossos espíritos abatidos ou enfermos.

O objetivo de informar o leitor e, ao mesmo tempo, tentar confortá-lo tem se traduzido num leque de reportagens de distintos matizes. As orientações de consumo, próprias de um caderno voltado à cobertura da produção cultural, passaram a ser direcionadas para atividades e obras que possam ser usufruídas em casa.

Nesse sentido, a página que destaca a programação de TV foi ampliada, com maior número de informações sobre o que a grade das emissoras oferece de mais relevante. Vêm sendo produzidas diversas reportagens sobre festivais on-line e também a liberação de conteúdos já existentes por parte de artistas, grupos e plataformas. Para que o leitor identifique mais facilmente esse serviço, os textos com esse enfoque passaram a ser acompanhados do selo "Em Casa".

Atento às iniciativas espontâneas que o isolamento ensejou, o caderno tem aberto espaço para noticiar fenômenos como o da cantoria de vizinhos em suas janelas, ouvindo os autores das músicas escolhidas, como fez a repórter Mariana Peixoto no texto “Da janela lateral”, publicado no domingo passado.

Embora mantenha seu radar ligado para identificar novos fenômenos na área da cultura e do entretenimento, o Cultura continua cobrindo regularmente o lançamento de discos e séries.

Outra frente de reportagens é a que procura mostrar o impacto da crise na economia da cultura, com a suspensão massiva de atividades, no contexto de isolamento social como medida necessária à redução do ritmo de disseminação do vírus.

Em entrevistas com artistas e empreendedores de setores como cinema e gastronomia, o leitor tem acompanhado as dificuldades individuais e coletivas de quem se viu repentinamente privado de sua fonte de receitas.

Um bom exemplo disso está na edição de hoje. Na página 3, Alexandre de Sena, coordenador do Teatro Espanca!, que completa 10 anos no próximo mês de outubro, relatou para a estagiária Fernanda Gomes a dificuldade para manter o pagamento do aluguel do espaço e concluiu: "A gente que trabalha com teatro, que é a arte do encontro, precisa ver como vai fazer".

Afastamento

Na mesma página, a (grande!) atriz Fafá Rennó conta como tem vivido esse período de incertezas e afastamento radicais, num depoimento para os “Diários da Quarentena”, novo foco da coluna HIT. “Para deter esse invisível, precisamos nos afastar e respeitar o outro a distância. Dizem que se consegue entender melhor um problema quando se toma distância. É preciso que algo nos modifique. Eu preciso pensar assim. Eu preciso de esperança. Estou ficando triste e não gosto disso. Preciso de gente. Gente viva e bem de saúde. Preciso do outro pra rir, chorar e conversar. Preciso de você vivo! Se cuida”, escreve Fafá.

A cada dia, uma personalidade das artes ou dos negócios convidada pelo colunista Helvécio Carlos descreve naquele espaço sua experiência neste momento tão singular.

Ao virar a página do caderno de hoje, o leitor encontrará uma reportagem de Augusto Pio sobre como trabalhadores que orbitam em torno dos artistas, tornando possível que eles brilhem no palco, encaram sua situação atual. É o caso dos roadies, os auxiliares dos músicos no transporte de sua pesada e volumosa estrutura de shows.

A capa do caderno de hoje, assinada por Mariana Peixoto, é exemplo de outro foco atual do caderno: a reflexão sobre a pandemia, ponderada pela perspectiva de quem detém conhecimentos profundos e específicos. É o caso de três historiadoras – Anny Jackeline Torres Silveira, Heloísa Starling e Mary del Priore – e do jornalista e escritor Eduardo Bueno, todos ouvidos pela reportagem a respeito das lições do passado para este presente tão inquietante.

Depoimentos

E porque ele tem sido inquietante de diversas maneiras, o Cultura procura ter sempre em suas páginas depoimentos de artistas que sejam reveladores de sua reação particular a esse desastre glo- bal. E é nessa escala mínima, irredutível, de um indivíduo consigo mesmo, que ouvimos relatos comoventes como a do escritor Olavo Romano, de 81 anos, ao repórter Pedro Galvão: “Meu filho outro dia veio me trazer bananas e taioba da horta dele. Ia deixar na portaria, mas pedi que ele subisse. Só para eu ver a cara dele, sem chegar perto, só para ver como está, depois conversamos por telefone ou mensagem”.

Ou a confissão da cantora Letrux, de 38, que se preparava para sair em turnê com seu novo álbum, Letrux aos prantos, em entrevista ao repórter Guilherme Augusto: “Lancei um disco e todo um planejamento ruiu. Admiro quem consegue instantaneamente sorrir e seguir. Quando eu estiver pronta ou desejar, farei alguma live. Agora não é o meu interesse, mas absolutamente nada contra quem consegue. Só não é o meu caso”.

Assim como Letrux, fomos todos alcançados por esse tsunami de más notícias quando tínhamos outros planos para a carreira e a vida. No momento, tudo o que sabemos é que a confusão destes dias vai se estender. Até quando é impossível dizer. Mas, enquanto durar, os jornalistas do Estado de Minas tentarão mais uma vez cumprir o seu papel, que é o de estar ao lado do leitor. Agora mais do que nunca.

Com um lembrete: “Contra a solidão agreste/ Luiz Gonzaga é tiro certo/ Pixinguinha é inconteste/ Tome Noel, Cartola, Orestes/ Caetano e João Gilberto”.


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