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Editora Rocco lança a obra completa de Clarice Lispector

Projeto marca o centenário da escritora, que será comemorado em dezembro de 2020. Chegarão às lojas 18 livros da autora, cartas inéditas dela e nova edição da biografia 'Eu sou uma pergunta'


postado em 03/12/2019 04:00

Série especial de livros e o filme A paixão segundo G.H. marcam o centenário de Clarice Lispector, que será comemorado em 2020 (foto: Badaró Braga/A Cigarra/Arquivo EM %u2013 23/9/55)
Série especial de livros e o filme A paixão segundo G.H. marcam o centenário de Clarice Lispector, que será comemorado em 2020 (foto: Badaró Braga/A Cigarra/Arquivo EM %u2013 23/9/55)

Biógrafa de Clarice Lispector, a quem se dedica há 30 anos, a professora Teresa Montero recorda a série de telefonemas que recebia da editora Rocco para verificar a autoria de frases atribuídas à escritora na internet. “Me lembro de leitores chegarem para mim falando que nunca tinham lido nada dela, mas adoravam as frases. É uma outra forma de a obra de Clarice circular. Pois espero que uma parte dessas pessoas tenha começado a lê-la por causa das frases”, comenta.

Se a internet transformou Clarice Lispector em fenômeno, sua obra, passados 76 anos da publicação de estreia – o romance Perto do coração selvagem –, continua com igual importância e prestígio entre leitores e academia. A um ano do centenário de nascimento da autora – em 10 de dezembro de 1920, em Chechelnyk, Ucrânia –, a Rocco dá início ao relançamento, com novas edições, de sua obra. Até dezembro de 2020, virão a público os 18 livros de Clarice.

Os três romances iniciais, da década de 1940, publicados antes de ela chegar aos 29 anos – Perto do coração selvagem, O lustre e A cidade sitiada –, já estão nas lojas. A partir do início de 2020, os livros sairão em blocos, sempre por temática (contos, crônica etc.). Em 10 de dezembro de 2020, data do centenário, sairá o último publicado por ela em vida, A hora da estrela.

As novas edições ganharam projeto gráfico do designer Victor Burton. As capas trazem recortes de telas que Clarice pintou – ao todo, 22. Nas orelhas estão as íntegras de cada quadro. Além disso, os livros têm posfácios inéditos assinados por especialistas – Nádia Battella Gotlib, Clarisse Fukelman, Benjamin Moser, Aparecida Maria Nunes, Ricardo Iannace, Marina Colasanti, Eucanaã Ferraz, Teresa Montero e Arnaldo Franco Junior.

“Uma novidade é que o posfácio de A hora da estrela será escrito pelo filho dela, Paulo Gurgel Valente, gestor de sua obra. É a primeira vez que ele escreve sobre a mãe”, conta Pedro Vasquez, editor de Clarice na Rocco. A editora vai publicar outros dois livros. Todas as cartas sairá em julho, para a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e para o Fliaraxá, realizado na cidade mineira, que terá Clarice e João Cabral de Melo Neto como patronos – em 2020, comemora-se também o centenário do poeta pernambucano. Para outubro, a Rocco promete a nova edição da biografia Eu sou uma pergunta, de Teresa Montero.

Em 2002 e 2007, a editora publicou parte das cartas da escritora em Correspondências e Minhas queridas, respectivamente. Tais volumes traziam uma parte do material. Todas as cartas vai reunir textos conhecidos e inéditos, cerca de 100 cartas que nunca vieram a público.

''O Paulo Gurgel Valente autorizou publicar as cartas que falam da separação de Clarice de seu pai. Elas nãotêm o tom de fofoca, embora falem de separação''

Pedro Vasquez, editor


SEPARAÇÃO

“O Paulo Gurgel Valente autorizou publicar as cartas que falam da separação de Clarice de seu pai, Maury Gurgel Valente (o casamento com o diplomata durou 16 anos). Elas não têm o tom de fofoca, embora falem de separação. Em uma delas, por exemplo, Maury compara as posições que ela teve com as personagens que criou. Achei interessante, primeiro porque mostra que o marido realmente leu e entendeu seus livros, o que se escondia atrás de cada persona. É um documento apaixonante para o leitor e indispensável para o pesquisador”, acrescenta Vasquez.

O editor é o responsável por esse volume, que terá notas e apresentação de Teresa Montero. A correspondência de Clarice faz parte dos acervos da Fundação Casa de Rui Barbosa e do Instituto Moreira Salles. “Basicamente, são cartas para familiares: as irmãs, o filho e o marido. E há uma parte com amigos, no caso, escritores e editores”, acrescenta Teresa.

Em 1999, ela publicou Eu sou uma pergunta. Há muito esgotada, a biografia, em sua nova edição, terá vasto material inédito. Vinte anos atrás, Teresa ouviu 88 pessoas para o livro. Nas últimas duas décadas, organizou também correspondências, coletâneas de contos, crônicas, fotografias e frases, além de O Rio de Clarice – roteiro afetivo pela capital fluminense, como uma aula sobre a autora e o lugar onde viveu, que também resultou em um livro.

No caso da primeira biografia, Teresa Montero teve de cortar muito material, que permaneceu engavetado. “Há muitos depoimentos relevantes de amigos próximos e escritores que não entraram no primeiro livro. Meu foco agora é completamente diferente, é resgatar o meio literário em que Clarice se inseriu. Por que ela se tornou Clarice Lispector, como isso foi sendo construído? Até para se pensar o centenário de uma escritora, temos de considerar o contexto em que ela viveu. Clarice atravessou várias barreiras. Quantas escritoras havia no Brasil nos anos 1940?”, diz Teresa Montero.



G. H. no cinema

O diretor Luiz Fernando Carvalho é um dos convidados a escrever sobre Clarice Lispector para a série de lançamentos da Rocco. Depois de estrear com o longa Lavoura arcaica (2001), baseado no livro homônimo de Raduan Nassar, o cineasta se voltou para um dos romances mais conhecidos da autora, publicado em 1964. Já rodado em uma cobertura em Copacabana, A paixão segundo G.H. tem Maria Fernanda Cândido no papel-título. Conta a história de uma mulher da elite que, depois de demitir a empregada, relata a perda de sua individualidade ao esmagar uma barata. O filme será lançado em 2020.



PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM
• Lançado em 1943
• Editora Rocco
• 208 páginas
• R$ 29,90
• Posfácio de Nádia Battella Gotlib, especialista na obra da escritora
• Marca a estreia literária da autora, foi publicado quando Clarice tinha 22 anos. Acompanha a trajetória de Joana, da infância à idade adulta, por meio da fusão entre passado e o presente


O LUSTRE
• Lançado em 1946
• Editora Rocco
• 296 páginas
• R$ 39,90
• Posfácio de Parul Sehgal, crítica literária do The New York Times
• Considerado um dos livros mais difíceis da autora, é o menos conhecido deles. A narrativa passa pelo mundo interior da protagonista Virgínia, de sua infância no interior à idade adulta numa grande cidade


A CIDADE SITIADA
• Lançado em 1949
• Editora Rocco
• 208 páginas
• R$ 29,90, com posfácio de Benjamin Moser, autor de Clarice, uma biografia
• Escrito durante os três anos em que a escritora viveu na Suíça, traz como protagonista Lucrécia Neves, que se sente sufocada no subúrbio onde vive


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