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Silvio Cesar, autor da canção 'Pra você', lança livro de memórias

Cantor e compositor mineiro chega aos 80 anos fazendo shows e lutando pelos direitos autorais dos artistas. Ele compôs 250 canções e foi gravado por Roberto Carlos, Gal Costa, Roberta Sá e Tim Maia, entre outros


postado em 01/12/2019 04:00

Aos 80 anos, Silvio Cesar se divide entre a música e a luta pelos direitos autorais(foto: Evelise Caselli/Divulgação)
Aos 80 anos, Silvio Cesar se divide entre a música e a luta pelos direitos autorais (foto: Evelise Caselli/Divulgação)

Tudo aconteceu por acaso na vida do cantor e compositor Silvio Cesar. Nascido em Raul Soares, na Zona da Mata mineira, aos 5 anos ele se mudou com a família – os pais e 10 irmãos – para Juiz de Fora. A ideia era se formar em direito e se tornar advogado renomado, mas a música o pegou no meio do caminho.

“Nunca planejei nada. Queria estudar direito, ser advogado, profissão digna se for bem exercida, mas fui sendo levado. Nem imaginava que tinha talento pra música, mas quando dei por mim estava na orquestra do Waldemar Szpillman, no Rio de Janeiro. Logo em seguida, fui substituir a Dolores Duran na Boate Bacará, no Beco das Garrafas, e aí as coisas foram acontecendo”, relembra.

E como aconteceram. Em seis décadas de estrada, Silvio compôs e gravou cerca de 250 canções, que também ficaram conhecidas nas vozes de Roberto Carlos, Elis Regina, Emílio Santiago, Gal Costa, Nana Caymmi, Alcione, Elizeth Cardoso, Altemar Dutra, Martinho da Vila, Leny Andrade, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Pery Ribeiro, Tim Maia e Fafá de Belém. Ele fez parte da famosa orquestra de Ed Lincoln e é considerado um dos expoentes do sambalanço.

Boa parte dessa trajetória é contada em Silvio Cesar 80 anos (Editora Batel), que destaca a participação do mineiro em grandes momentos da música popular brasileira. O cantor e compositor, que se tornou octogenário em agosto, diz que até este livro surgiu sem querer. “Sempre gostei dessa coisa de me deixar levar, de acontecer naturalmente. Sou muito discreto. Nunca tive a vaidade de ficar me mostrando, mas achei importante deixar o relato das minhas histórias, até para que as novas gerações a conheçam”, justifica.

Mais que isso, Silvio queria contar as experiências que viveu ao lado de grandes artistas. “Olhei os meus guardados e vi ali um acervo grande de fotos, artigos. Quis trazer as histórias de pessoas que ajudaram a construir a cultura brasileira. Só coloquei no livro o que pude comprovar. Muitos fatos, aliás, são notórios. Chegou a hora de registrar tudo isso”, explica o cantor, que pretende lançar suas memórias em Juiz de Fora ainda este ano.


TESTEMUNHA 
DA HISTÓRIA


Entre os causos, um é especial – até histórico –, envolvendo Tom Jobim, ídolo dele. Era década de 1960. Os dois estavam no antigo Veloso – hoje Bar Garota de Ipanema, no Rio – quando o maestro e compositor carioca recebeu a ligação de Frank Sinatra. “Ele foi lá no balcão atender, achou que era trote. O Sinatra o convidou para ir aos Estados Unidos. Foi o começo de uma grande parceria e amizade”, recorda.

Outra história ocorreu em Belo Horizonte, em 2015. Silvio pegou um avião no Rio de Janeiro para vir ao velório do compositor Fernando Brant, no Palácio das Artes. No voo, ele encontrou Zeca Pagodinho. “Foi mais uma coisa do acaso na minha vida. Minha irmã que mora em BH, a Oswaldina, é muito fã do Zeca e contei isso a ele. Assim que aterrissamos, ele me pôs em contato com a produção e ofereceu alguns convites. Quando entramos no local do show, o Zeca havia reservado uma mesa ótima, próxima do palco. Antes de começar, mandou o assessor nos pegar na plateia e levar ao camarim, onde nos aguardava. Foi todo carinho e atenção com a minha irmã. Deu a ela uma caixa contendo toda sua obra, tiramos fotos. Inesquecível.”

Silvio e Fernando Brant não se aproximaram só por causa da música. Ambos se dedicaram à luta pelos direitos autorais. Brant presidiu a União Brasileira de Compositores (UBC), Silvio Cesar comanda a Sociedade Brasileira de Proteção e Administração de Direitos Intelectuais (Socinpro).

“Aos trancos e barrancos”, como costuma dizer, Silvio se formou advogado, pois tinha de se dividir entre a faculdade e a música, e acabou se especializando nessa área. Direito autoral, afirma o cantor e advogado, é um ramo fascinante. Mas há muitos desafios a serem enfrentados.

“A coisa ainda é muito pulverizada, apesar de ter melhorado. Pra você ter ideia, não tem nenhuma disciplina relativa a essa questão na maioria dos cursos de direito. Agora com a internet, está mais complicado ainda o controle sobre a obra. Por isso a gente tem sempre de discutir, se atualizar. É  luta de anos”, enfatiza.

Silvio Cesar com o apresentador de TV Flavio Cavalcante, nos anos 1970(foto: Washington Luis/O Cruzeiro/EM)
Silvio Cesar com o apresentador de TV Flavio Cavalcante, nos anos 1970 (foto: Washington Luis/O Cruzeiro/EM)


PRA VOCÊ,
ETERNO HIT


Silvio se divide entre a defesa dos direitos autorais e a rotina de shows. Em 2018, lançou o disco Viagens paralelas, com inéditas e participações especiais de Zeca Pagodinho, Alcione, Dora Vergueiro, Leny Andrade e Hyldon. Em todos os shows, uma canção não pode faltar: Pra você, clássico da música romântica. É aquela dos versos “Pra você eu guardei/ Um amor infinito/Pra você procurei/ O lugar mais bonito”. O compositor diz que essa criação escapou de seu controle, ganhou vida própria.

Pra você, aliás, é mais um exemplo das coisas que “acontecem” na vida de Silvio Cesar. Em 1965, ele estava terminando um LP, quando o maestro responsável pela gravação avisou que faltava uma faixa para concluir o trabalho. Silvio tinha uma canção, pela metade. “Terminei às pressas, no sufoco, mas dei uma guinada na letra e ela ficou do jeito que o diabo gosta”, diverte-se.

Gravada por vários intérpretes, Pra você fez parte da trilha de duas novelas da Globo: a abertura de Torre de Babel (1998), com Gal Costa, e A força do querer (2017), na voz de Roberta Sá. Silvio não consegue explicar por que ela caiu no gosto do público. Diz que talvez seja a letra de fácil compreensão, que toca as pessoas, além da bela harmonia.

“Essa música é tão simples que ninguém sabe cantá-la direito, por incrível que pareça. Mesmo assim, ela ficou eterna, querida. Entrou para a história de muita gente”, observa. Outros sucessos dele foram Mônica e Moço velho (essa feita para Roberto Carlos e gravada pelo Rei). Recentemente, Claudette Soares lançou um disco só com as canções de Silvio.


UM ROMÂNTICO
SEM RÓTULOS


Conhecido por canções que falam de amor, o cantor e compositor mineiro é tachado de romântico, mas avisa: nunca se encaixou em rótulos. “Meu romantismo não é aquele piegas, mas aquele que foca no ser humano, nos problemas existenciais. O que importa e me atrai são as pessoas. Nunca fui da bossa nova, nunca fui da Jovem Guarda ou da música mineira. Sempre trilhei um caminho meu, solitário, fazendo as minhas coisas, escrevendo o que tinha a ver comigo. Se tivesse de definir o Silvio Cesar, diria que é o trabalhador da música.”

Apesar de morar há décadas no Rio de Janeiro, Silvio mantém os laços com Minas. Não vai à terra natal Raul Soares há tempos, mas ainda está lá a casa onde nasceu e morou. “Cheguei a ir lá para a inauguração de uma placa. Foi uma bonita homenagem. Meu contato maior é com Juiz de Fora, onde morei e tenho uma irmã. Apesar de estar longe de Minas, a gente não perde a nossa origem, o nosso jeitinho. Ser mineiro é um orgulho que a gente carrega”, conclui.

(foto: Arquivo EM)
(foto: Arquivo EM)


SILVIO CESAR 80 ANOS
• De Silvio Cesar
• Editora Batel
• 180 páginas
• R$ 80


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