Jornal Estado de Minas

LITERATURA

Escritor Laurentino Gomes lança 'Escravidão' nesta quarta (9) em BH

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Nas livrarias há um mês e meio e, desde então, figurando na lista dos livros mais vendidos no país, Escravidão – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares (Globo Livros), primeiro volume da nova trilogia de Laurentino Gomes, ganha lançamento nesta quarta-feira (9), em Belo Horizonte, com a presença do autor. O escritor e jornalista participa de debate no Teatro Sesiminas, em edição do projeto Sempre um Papo.

Primeiramente, o que chama a atenção no livro é a extensa pesquisa realizada por Laurentino, que redundou em números impressionantes. Durante três séculos e meio, a partir de 1500, 12,5 milhões de homens e mulheres, tornados escravos na África, foram enviados para as Américas. Desses, 1,8 milhão morreram no trajeto. O Brasil recebeu 40% do total de escravos embarcados, tornando-se o maior território escravista do hemisfério ocidental.

“Foi muito desafiador, pois até 30, 40 anos atrás havia muito chute. Teve gente que estimou em 20 milhões, 30 milhões de escravos. Outros, em 3 milhões. Não havia muita documentação, registros precisos.
Hoje existe um mutirão internacional envolvendo a questão”, afirma o autor.

Para Laurentino, “o Brasil se tornou viciado em mão de obra cativa desde a chegada de Cabral. Todos os nossos ciclos econômicos foram alimentados por essa mão de obra. A desigualdade social no Brasil é, basicamente, uma herança da escravidão”. A trilogia, cujos dois próximos volumes serão publicados até 2021, resultará em 1,5 mil páginas editadas. Para a empreitada, Laurentino, além de extensa pesquisa (leu em torno de 200 livros), passou uma temporada na estrada.

“Você poder fazer um livro teórico sobre a escravidão, frequentando bibliotecas. O que eu procuro fazer é atualizar o tema, observar os locais”, conta o autor, que, ao longo de um ano, viajou por 12 países, oito deles em território africano. Laurentino fez suas andanças também pelo Brasil.
“Há uma dificuldade do país em lidar com a memória. Não existe aqui um museu nacional dedicado à escravidão, coisa que há nos Estados Unidos e em Angola, por exemplo. Aqui só existem iniciativas isoladas.”

O segundo volume, previsto para ser publicado daqui a um ano, será ambientado no século 18, o auge do tráfico negreiro – Minas Gerais terá destaque na narrativa, já que o período remonta à descoberta das minas de ouro e diamante. O terceiro e último volume, previsto para 2021, será dedicado ao movimento abolicionista e ao seu legado nos dias atuais.

SEMPRE UM PAPO

Com o escritor Laurentino Gomes, que lança Escravidão. Nesta quarta (9), às 19h30, no Teatro Sesiminas – Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia. Entrada franca.


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