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Estado de Minas

Netflix vê concorrentes se fortalecerem e enfrenta a 'streaming war'

Dados mostram que o consumo pirata de produto audiovisual está em queda no Brasil e que o consumidor agora se dispõe a pagar por bons conteúdos. Novo cenário ameaça o domínio da Netflix


postado em 03/08/2019 04:08

Segundo dados divulgados pela Netflix, a terceira temporada de Stranger things foi vista em 40 milhões de contas domésticas no mundo em quatro dias (foto: Netflix/Divulgação)
Segundo dados divulgados pela Netflix, a terceira temporada de Stranger things foi vista em 40 milhões de contas domésticas no mundo em quatro dias (foto: Netflix/Divulgação)

O streaming veio para ficar – e está mudando os hábitos culturais dos brasileiros. O download e a pirataria começam a perder adeptos, enquanto a TV por assinatura e o cinema buscam novos diferenciais.Mas o mercado de streaming também passa por mudanças. Com cerca de 10 milhões de assinantes no país, a pioneira Netflix enfrenta a concorrência de outras gigantes, como HBO, Amazon e Globoplay. Em 2020, o lançamento da Disney+ deve acirrar a “streaming war”, como tem sido apelidada a disputa.Enquanto isso, plataformas menores e mais segmentadas descobrem novos nichos entre os consumidores. O fato é que as plataformas de streaming são cada vez mais populares – em quatro dias, a terceira temporada de Stranger things, da Netflix, foi exibida em 40 milhões de contas domésticas no mundo. Para conquistar esse público, as gigantes do setor começam a apostar em preços competitivos e produções originais exclusivas, como La Casa de Papel (Netflix) e His dark materials (HBO). "Esse é o melhor momento na história para ter o controle remoto, o mouse ou o celular nas mãos, e escolher o que você quer assistir", afirma Chris Sanagustin, diretora de conteúdos originais da Netflix Brasil. Com mais de 10 milhões de assinantes no país, a plataforma investe em conteúdos nacionais, como as séries 3% e O escolhido, e em filmes com nomes populares do entretenimento, como Fábio Porchat (Porta dos Fundos).

A aposta vai ao encontro de tendências internacionais. Em seu levantamento quadrimestral, a consultoria norte-americana Nielsen constatou que, em meio a um mar de opções, a preocupação principal do consumidor ainda é o conteúdo oferecido. Em pesquisa realizada no ano passado, 57% dos entrevistados afirmaram que a variedade de produções era o atributo mais importante em um serviço de streaming. Quase metade disse buscar por programação local. 

Coordenador de pesquisas do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), Fábio Senne conta que a maioria dos usuários de internet do país já prefere assistir a vídeos on-line. A popularização do streaming, ele afirma, foi impulsionada por fatores tecnológicos, mercadológicos e culturais. "O período em que o acesso a filmes e séries via internet mais cresceu coincide com a ampliação da internet móvel em dispositivos celulares e também com o aumento na oferta de serviços de streaming", diz. O download de filmes e séries, de forma legal ou ilegal, diminuiu no mesmo período.

ORIGINAIS 

Se antes bastava uma única assinatura, as produções originais acabam obrigando o público a procurar outras opções. Um levantamento feito este ano pelo portal Meio & Mensagem e a consultoria Toluna com usuários de streaming no Brasil constatou que 22% dos entrevistados mantinham mais de duas assinaturas. A maior parte dos participantes gastava entre R$ 30 e R$ 60 em serviços de streaming. A popularização do streaming também causa impacto no mercado de TV por assinatura. Em apresentação no fórum Pay-TV, que reúne representantes dos principais canais de TV paga, o secretário-executivo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), João Pinheiro, destacou como tendência global a migração de canais de TV para os serviços de streaming.

Diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro afirmou que, assim como muitos jovens buscam o streaming, ainda há um contingente significativo de pessoas que preferem a TV linear. "O nosso objetivo é juntar os dois", disse. Ele destaca a appointment television – ou programação de TV que instiga o público a assisti-la no momento da transmissão – como uma das principais apostas do setor.Entre as operadoras, uma tendência é realizar parcerias. Diretor de marketing fixo da Vivo, Gustavo Nobrega afirma que metade dos clientes da Vivo TV consome conteúdos sob demanda. Desde 2018, a operadora integrou a Netflix à sua plataforma de TV.



O CINEMA “ESTÁ PRONTO” PARA A BRIGA

De janeiro a julho deste ano, as bilheterias de cinema no Brasil arrecadaram US$ 1,8 bilhão (R$ 6,9 bilhões). Foi um ano atípico, que caminha para registrar o maior faturamento da última década. Independentemente de crise ou de grandes lançamentos do streaming. O diretor e produtor de cinema Paulo Sérgio Almeida, fundador do portal Filme B, especializado no mercado cinematográfico, afirma que o grande feito foi conduzido pelos filmes blockbuster – juntos, Aladdin, Toy story 4, Vingadores e O Rei Leão arrecadaram R$ 43 milhões no país. "Foi uma safra de ouro da Disney", diz.

A já gigante Marvel, incorporada pela companhia de Walt Disney, é um destaque à parte. Com Vingadores: ultimato, filme que encerra a fase 3 de seu universo cinematográfico, conseguiu bater o recorde de Avatar (2009) e se tornou o filme com maior bilheteria na história do cinema, somando até o momento US$ 2,79 bilhões. 

"O público de cinema blockbuster está sendo fidelizado a partir da mitologia da Marvel e da DC Comics. Ela é viciante, os adolescentes estão completamente apaixonados por isso", afirma Almeida. "E os cinemas se prepararam para competir com o streaming apostando em infraestrutura: som dolby, conforto de multiplex, que oferecem uma experiência completamente diferente", afirma o diretor do Filme B.

Almeida acredita que a popularização de plataformas de vídeo sob demanda causa um impacto limitado no cinema. "Exceto fenômenos como (a série da HBO) Game of thrones, que atraiu todo tipo de gente, os públicos são diferenciados", afirma. Para ele, quem deve sofrer uma baixa maior é o cinema autoral. "Os filmes de arte ainda podem ser assistidos quase que da mesma maneira em um cinema e em uma tela de TV, pois não têm som imersivo, explosão, efeitos especiais", observa. "Enquanto os outros longas vêm sendo produzidos para ser vistos no cinema, os títulos de arte são mais baseados em diálogos." 

Mônica 

O live-action Turma da Mônica: laços, ainda em cartaz, já ultrapassou a marca de 2 milhões de espectadores, apesar da forte concorrência, como Homem-Aranha: longe de casa e Pets 2. "Em termos de mercado, o cinema brasileiro sempre encontrou uma maneira de sobreviver", diz Almeida. O produtor cita fases como os filmes de Mazzaropi, Trapalhões e Xuxa, mas destaca a década de 2000, que viu lançamentos como Cidade de Deus, Carandiru e Lisbela e o prisioneiro. "A briga entre streaming e cinema é de cachorro grande. O cinema está pronto para enfrentá-la”, afirma. (Agência Estado)



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