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Estado de Minas

#EUVIREI

Repórteres do Estado de Minas e frequentadores assíduos ou estreantes na Virada Cultural de BH contam como foi sua experiência nesta quinta edição do evento


postado em 22/07/2019 04:16

ARTE VIVA
A projeção Symbiosis, trabalho da artista Roberta de Carvalho, desenha um rosto humano nas árvores do Parque Municipal, na noite de sábado
 
Ingrid Loureiro Maior, de 34 anos

"Eu não vou nem dormir. Toda vez que ela (Daniela Mercury) vem aqui, tento (fazer uma foto com a cantora). Minha intenção, na verdade, era ir ao camarim. Hoje nem durmo”, diz a supervisora judiciária. Fã da artista baiana, ela estava na grade perto do palco. Daniela viu o cartaz pedindo uma foto e chamou-a para subir. Ingrid se emocionou tanto que fez uma foto em que apenas Daniela apareceu. Mas o Estado de Minas clicou as duas. (Flávia Ayer)

Ana Júlia, de 5 anos, e Felipe Silveira, de 31

Ana passeava ontem pelo Parque Municipal quando avistou Sílvia Negrão apresentando o espetáculo Catibiribão. A menina pediu para ficar: "Quero brincar!", disse, toda serelepe. O pai, Felipe Silveira, de 31, não sabia da Virada e "virou" sem querer. "É a primeira vez que participo. Nem sabia que estava rolando o evento, mas percebi que as ruas estão todas bloqueadas", disse o motorista, enquanto a filha aplaudia o Catibiribão. (Deborah Lima)

Rodrigo Seixas, de 39 anos, 
e Kelly Dauanny, de 34 

Em 12 anos de relacionamento, o engenheiro agrônomo Rodrigo Seixas e a publicitária Kelly Dauanny não perderam nenhuma edição da Virada Cultural. “É muito importante ver a ocupação do espaço público num evento como este. Aqui, as ruas se transformam em espaços culturais, coisa que não acontece diariamente”, diz Rodrigo. Entre as atrações que subiram ao Palco Guaicurus no sábado, a preferida do casal foi Marcelo Veronez com o show Não sou nenhum Roberto, tendo como convidado Odair José. “É genial a forma como Veronez mistura músicas pop com canções alternativas. Essa parceria com o Odair foi incrível. Esse show foi maravilhoso”, comenta Kelly. (Lucas Lanna)

Giovanna Miranda, de 17 anos, 
e Larissa Turchetti, de 20

As amigas Giovanna Miranda, de 17 anos, e Larissa Turchetti, de 20, foram até o Parque Municipal na manhã de domingo para assistir ao desfile de cosplay. Elas até se vestiram conforme o evento, mas a intenção era apenas assistir. "Morro de vergonha", disse Larissa. "É o meu primeiro cosplay. Ainda não estou pronta", afirmou Giovanna. (Deborah Lima)

Catarine Dutra, de 20 anos, 
e Artur Correa, de 20

Os estudantes Catarine Dutra, de 20 anos, e Artur Correa, de 20, fizeram pausa para o café da manhã na Praça da Estação, depois de uma noite que não teve fim para eles. "A gente começou aqui na Praça da Estação, com rock. Depois fomos para o Olhos D'água, onde tinha música eletrônica. Agora (eram 9h30 de domingo), vou pra casa, dar uma descansada, mas às 14h estaremos de volta ao Centro para curtir mais rock e vamos encerrar com música eletrônica", disse Catarine. (Ivan Drummond)

Thays Lima, de 28 anos

Natural de Três Pontas, a médica Thays Lima, de 28 anos, mora em Belo Horizonte. Ela adorou o show de Marcelo Veronez, no Palco Guaicurus, na noite de sábado. Domingo, foi ao palco montado na rua Caetés para acompanhar a apresentação do Quarteta, grupo de choro formado por quatro mulheres, enquanto aguardava o show de Sérgio Pererê, marcado para o encerramento da Virada, às 19h. “Estou adorando tudo. Bons shows, boa organização. Não vi nenhuma confusão até agora. Estou ansiosa à espera de Pererê, porque adoro o trabalho dele. Enquanto isso, vou curtindo um chorinho.” (Augusto Guimarães Pio)

‘Virei criança de novo’
Ivan Drummond

Um domingo especial, que me levou de volta ao passado, mais precisamente, aos tempos de criança. Assim foi o dia de ontem, quando cobri o Espaço Rolimã, que integrou a quinta Virada Cultural de Belo Horizonte. Na época da minha infância não existia, por exemplo, computador e celular. A televisão tinha só quatro canais, dentre eles a Itacolomi e a Alterosa. Esta mostrava desenhos animados à tarde. Mas a gente tinha amigos, com quem brincávamos – além de bola, polícia e ladrão, pegador, finca – de carrinho de rolimã. Este, sim, uma diversão que vinha com muita emoção.

Era um grande desafio ter um carrinho. Primeiro, porque cada um tinha de construir o seu. Não se comprava nada. Por isso, o primeiro desafio era conseguir madeira. Uma para o eixo, outra para o chassi, uma quadrada para o banco e um outro eixo, o traseiro. Era preciso conseguir também pregos, sempre os tortos, que não eram mais usados. Mas o mais difícil era conseguir rolimãs. Por isso percorríamos as oficinas mecânicas.

Obter uma rolimã era dificílimo, quanto mais quatro. Muitas vezes, conseguíamos apenas três, e o jeito era fazer um carrinho de três rodas, com uma central no eixo da frente. Para andar no carrinho, também era complicado. As ruas não eram asfaltadas. Então andávamos nos passeios. Morava no São Lucas, na Dante com Camões. Esta era uma descida. Então tínhamos de descer a Camões e virar na Dante, à esquerda. Mas o passeio era pequeno, curto, por assim dizer, e a curva era o grande desafio. Ganhava quem marcasse o menor tempo.

Havia, no entanto, um complicador. Logo após a curva, um poste, na esquina. Era o desafio maior. Uma vez, derrapei, perdi o controle e fui de encontro ao poste. Até hoje tenho a marca da batida no joelho direito. Era muito diferente de hoje. Ontem vi um carrinho na Avenida Assis Chateaubriand que era a cópia de um trator – tinha direção hidráulica, pedais para movimentar a pá para cima e para baixo e também para ajustar, caso precise carregar terra. E um câmbio manual para o freio. Fantástico. Foi um dia em que voltei ao passado e até dei uma voltinha, pequena, num deles.

‘Virei uma cidadã bailarina’
Flávia Ayer

Atravessava o cruzamento de Afonso Pena com Amazonas, quando me surpreendi com o rodopio de uma bailarina em torno das minhas pernas. Os dançarinos subiam no monumento, davam piruetas no asfalto, contorciam-se em grades e postes. Sem me dar conta, estava no meio de uma performance no Pirulito da Praça Sete, centro nervoso da capital. E mais: com vontade de interagir e dançar junto.

Já estava bonito demais olhar para a própria cidade com olhos de turista: ver os palcos montados em cada esquina, prédios mais simpáticos com as luzes coloridas, projeções de vídeo nas fachadas invisíveis em dias normais. Mas foi ao ser “atropelada” por uma performer que entendi a dimensão de, no lugar de carros, ônibus, ocupar uma cidade com arte – em 24 horas, foram mais de 400 manifestações artísticas durante a quinta Virada Cultural de BH.

É sobre ter a chance de sentir lugares pelos quais normalmente passamos de forma quase banal no cotidiano. E é o sentir que marca a nossa experiência de vida, positiva ou negativamente. Quem não acessa uma emoção desconfortável ao lembrar da experiência que já teve num engarrafamento?

Pois a arte oferece a possibilidade de que cada um de nós sentir uma metrópole mais afetiva, mais leve... E sermos mais leves também, a ponto de atravessar o semáforo ensaiando passinhos de dança ou improvisar um dueto com um ambulante, figura para quem muitos fecham a cara no dia a dia.

Como na letra de Daniela Mercury, que se apresentou na Praça da Estação, “a cor dessa cidade sou eu. O canto dessa cidade é meu”. Aliás, foi ela quem definiu bem: “Aqui todo mundo é artista”. E, lá pelo meio do show, naquele frio atípico para BH, convidou todo mundo a se abraçar. Ali eu vi a arte. Não aquela distante, abstrata ou elitizada, mas uma arte viva, pulsante, construindo um sentimento de comunidade.


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