“O momento mais difícil do trabalho é a primeira linha, quando a gente tem diante de si a folha em branco e é obrigada a colocar ali algo que tenha emoção, drama e um pouco de humor”, afirmou o escritor e dramaturgo Carlos Alberto Ratton, em entrevista ao Estado de Minas, em 2003.
E foram várias primeiras linhas que ele preencheu, ora com emoção, ora com humor, ao longo de 76 anos de vida. Morto na noite da última segunda-feira (1º), Ratton, que havia descoberto há pouco um câncer no pulmão em estágio avançado, foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério do Bonfim. Nascido em Divinópolis, em 30 de janeiro de 1947, ele escreveu para cinema, teatro e televisão. Tinha 20 anos quando estreou, fazendo assistência de direção em Oh! Oh! Oh! Minas Gerais, espetáculo do Teatro Experimental escrito e dirigido por Jonas Bloch e Jota Dângelo.
Como autor, sua estreia se deu em 1969, quando dividiu com Dângelo a autoria de Futebol, alegria do povo. Mas seu principal texto veio mais tarde. Em 1972, estreou no Rio de Janeiro Dorotéia vai à guerra, texto que deu a Ratton o prêmio Molière. A montagem original tinha Paulo José na direção e Ítalo Rossi e Dina Sfat como protagonistas.
O cenário era a fictícia cidade de Jatobá. Walter Avancini foi o diretor de Mandacaru. Quando o diretor começou a trabalhar em Portugal, Ratton continuou contribuindo com ele. Assinou o texto da novela Barqueira do povo e da minissérie A viúva do enforcado, ambos dirigidos por Avancini para a TV portuguesa.