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História de família


postado em 01/06/2019 04:11

Retrato de Maria Alexandrina de Almeida faz parte do acervo do Hospital de São João de Deus, em Santa Luzia (foto: Marcos Ikeda/Divulgação)
Retrato de Maria Alexandrina de Almeida faz parte do acervo do Hospital de São João de Deus, em Santa Luzia (foto: Marcos Ikeda/Divulgação)
Acho o maior barato levantar dados sobre a baronesa de Santa Luzia, cujo retrato coberto de brilhantes, ao lado do barão, ocupou uma das paredes de minha casa durante anos e anos. A meninada toda achava o retrato um horror, mulher gorda, de cara inexpressiva. Mas o que ela carregava eram brilhantes, que deixou para as descendentes e já contei aqui que um deles, que sobrou para minha mãe, resolveu nosso problema financeiro durante muito tempo. E minha bisavó, sábia, destinou uma joia para cada neta e o restante para o Santuário de Santa Luzia. O padre, que conheci anos e anos depois, na minha meninice, vendeu as joias que restavam para ricos da capital, identifiquei algumas delas nos salões da sociedade de BH.

Minha mãe passou muitos anos tentando descobrir onde é que ela foi enterrada, depois que abandonou Santa Luzia e voltou com um irmão para a Bahia. Descobri há pouco tempo não só onde ela morreu, em Barra, e a foto de seu túmulo que é bem de acordo com sua categoria. Muito bonito, parece um monumento. Em Santa Luzia, ela deixou parte de sua casa, conhecido até hoje como Solar da Baronesa (minha irmã tem uma linda cômoda de jacarandá que pertenceu à mobília), que tem uma característica pouco divulgada: uma das sacadas da fachada foi fechada, porque ela desconfiou que o segundo barão namorava uma vizinha da janela, vejam só.

Além de sua casa, mobiliário, muita roupa e móveis, ela deixou um bem que está lá até hoje: o Hospital de São João de Deus, que ela construiu em 1844, gastando 30.000$000 em dinheiro da época e começou a funcionar em 24 de novembro de 1845 com todos os utensílios necessários, que serviu à cidade e vizinhanças até há bem pouco tempo, fechado por desvio de verbas e falta de competência dos últimos administradores da cidade.

Amanhã (2), a Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia promove, às 16h, no Solar da Baronesa, no Centro Histórico de Santa Luzia, uma celebração em memória da baronesa de Santa Luzia, Maria Alexandrina de Almeida, falecida há 140 anos. A celebração constará de uma missa celebrada pelo pároco do Santuário de Santa Luzia, Felipe Lemos de Queirós, que será acompanhada por repertório musical inspirado no período colonial.

Após a celebração, Adalberto Andrade Mateus e Marcos Paulo de Souza Miranda, pesquisadores do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, vão apresentar o trabalho “Barões de Santa Luzia: informações preliminares”. A pesquisa reúne informações obtidas em cartórios e arquivos traçando um perfil inédito sobre os biografados. Uma das informações que consta é sobre Antônio Roberto de Almeida, irmão da baronesa, do qual descende a família da matriarca Branca de Almeida Teixeira da Costa.

São apresentados, ainda, dados sobre o auxílio financeiro dado pela baronesa, já viúva, aos Voluntários da Pátria que lutaram na Guerra do Paraguai e a sua adesão ao movimento abolicionista. Maria Alexandrina faleceu em sua cidade natal, Barra, na Bahia, em 2 de junho de 1879, sendo sepultada no Cemitério Santíssimo Sacramento, estabelecendo em seu testamento a liberdade dos seus escravos.

A Associação Cultural ainda mantém vivo o desejo de instalar no Solar da Baronesa, que foi a sua moradia durante anos, um museu dedicado à memória da mulher mineira, sugestão dada por Angela Gutierrez ao saudoso Márcio de Castro Silva, quando a entidade realizou a completa restauração do prédio.


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