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Patriarcado tóxico

A vida invisível de Eurídice Gusmão, do cearense Karim Aïnouz, estreia nesta segunda (20) na mostra Um certo olhar. Longa fala de mulheres 'que queriam ter sido alguma coisa e não foram'


postado em 20/05/2019 04:07

Júlia Stockler (Guida) e Carol Duarte (Eurídice) estreiam na telona como protagonistas do longa de Karim Aïnouz (foto: RT FEATURES/DIVULGAÇÃO)
Júlia Stockler (Guida) e Carol Duarte (Eurídice) estreiam na telona como protagonistas do longa de Karim Aïnouz (foto: RT FEATURES/DIVULGAÇÃO)


Oito anos após O abismo prateado, o cineasta cearense Karim Aïnouz retorna ao Festival de Cannes para a première de um novo filme. A vida invisível de Eurídice Gusmão estreia nesta segunda-feira (20) na mostra Um certo olhar. “Cannes é um ótimo berçário para uma criança ao lado de Berlim e Veneza”, comenta o diretor, que hoje se divide entre Fortaleza e Berlim.

Segundo filme de época de Aïnouz – o primeiro foi sua estreia em longas, Madame Satã, de 2002 – A vida invisível de Eurídice Gusmão é ambientado no Rio de Janeiro da década de 1950. Livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha (2016), o longa acompanha as irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Júlia Stockler).

Muito unidas, mas bem diferentes, elas acabam sendo separadas. Guida, a mais velha, foge de casa e retorna grávida, o que a faz ser expulsa pelo pai. Já Eurídice, que sonha se tornar pianista, acaba ficando sozinha. A separação forçada determina a vida destas duas mulheres. A narrativa vai de 1950 e 1958 – os momentos finais são em 2018.

“Os anos 1950 são conservadores, de muita importância para a família. Estamos falando da década anterior à revolução sexual. Este conservadorismo daquele momento acaba também falando sobre o tempo que estamos vivendo agora”, comenta Aïnouz. Para o realizador, A vida invisível de Eurídice Gusmão é um filme “que fala de mulheres que queriam ter sido alguma coisa e não foram”.  Mas ele mantém o olhar crítico. “A história fala também de resistência, sobre uma mãe solteira num momento adverso. No fim das contas, é uma grande crítica ao patriarcado, mostrando como ele pode ser tóxico.”

O melodrama é também uma forma de o realizador homenagear as mulheres de sua família, principalmente sua mãe, morta há alguns anos. “Meu primeiro curta (Seams, 1993) era um documentário sobre minha avó, que criou as duas filhas sozinhas e, como estava sempre dentro de casa, o único trabalho que conseguiu ter foi ser costureira.” Narrativas sobre mulheres voltariam posteriormente em O céu de Suely (2006) e na série Alice (2008).

FERNANDA MONTENEGRO

“Agora queria tratar de pessoas que tiveram a vida apagada, que queriam ter sido alguma coisa e não conseguiram. É uma forma de homenagear a minha mãe e a geração dela, de pessoas que têm hoje 80, 90 anos”, acrescenta. Muitas senhoras desta geração foram entrevistadas por Aïnouz durante a confecção do roteiro.

Além das duas coprotagonistas, ambas estreantes em cinema, A vida invisível de Eurídice Gusmão traz no elenco Gregório Duvivier, Bárbara Santos, Maria Manoella e Flávia Gusmão. Fernanda Montenegro tem participação especial no filme.

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“Os anos 1950 são conservadores, de muita importância para a família. Estamos falando da década anterior à revolução sexual. Este conservadorismo daquele momento acaba também falando sobre o tempo que estamos vivendo agora”

“Meu primeiro curta (Seams, 1993) era um documentário sobre minha avó, que criou as duas filhas sozinhas e, como estava sempre dentro de casa, o único trabalho que conseguiu ter foi ser costureira”

“Queria tratar de pessoas que tiveram a vida apagada, que queriam ter sido alguma coisa e não conseguiram. É uma forma de homenagear a minha mãe e a geração dela, de pessoas que têm hoje 80, 90 anos”


. Karim Aïnouz
,
cineasta


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