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Desafio do recomeço

De volta à Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras defende gestão mais criativa diante da restrição financeira e admite a necessidade de reconexão com o público


postado em 18/05/2019 04:11

(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)


Na hora da crise, criatividade e eficiência são essenciais, seja em que atividade for. Sobretudo na seara cultural, que, a despeito da adversidade histórica (falta de dinheiro), vem sofrendo desgaste institucional. A gestora Eliane Parreiras sabe o tamanho do trabalho que tem pela frente.  No fim de março, após dois anos comandando o núcleo de cultura do Sesc em Minas, ela voltou ao setor público. Retomou a presidência da Fundação Clóvis Salgado – cargo que ocupou entre 2009 e 2010, antes de assumir a Secretaria de Estado de Cultura na gestão Antonio Anastasia/Alberto Pinto Coelho (2011-2014).

Para o público leigo, a FCS é o Palácio das Artes, maior centro de cultura do Estado, com seus teatros, galerias de arte e cinema. Mas agrega ainda outros espaços físicos (Serraria Souza Pinto e Câmera Sete), três corpos artísticos (Orquestra Sinfônica, Coral Lírico e Cia. de Dança), o Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart, com 1 mil alunos) e o Centro Técnico de Formação e Produção.

“É uma entidade muito singular, e o desafio é equilibrar tudo isso”, afirma Eliane, que administra hoje uma fundação mais enxuta. São 285 funcionários, 44 deles comissionados (corte de 23% nos cargos). O orçamento também foi cortado em 10% em relação à projeção feita para 2019.

Com equipe de liderança majoritariamente feminina, a FCS se lança ao desafio de se atualizar diante dos novos modelos da cultura. Ela participou de datas emblemáticas, como nos aniversários do Palácio das Artes, fundado em 1970 e inaugurado no ano seguinte. “Estive aqui nos 30 anos, nos 40 e espero poder preparar os 50 anos da fundação”, diz Eliane Parreiras em entrevista ao Estado de Minas.

Você presidiu a Fundação Clóvis Salgado há 10 anos. Desde então, a situação é completamente diferente, não só por lá, como em todo o país. Qual é a sua meta?


Com o cenário econômico muito mais difícil, o processo é mais complexo. O pensamento tem de ser mais de longo prazo. Ao mesmo tempo, entendemos a necessidade de reconexão da cultura com a sociedade. Houve um relativo afastamento, uma falta de compreensão do que é o processo cultural. E Belo Horizonte passou por um cenário de criação de muitos espaços culturais. O Palácio das Artes passou 30 e tantos anos praticamente sozinho na oferta cultural de porte. Então, do ponto de vista da Fundação Clóvis Salgado, vejo uma complexidade maior na organização das fontes de recursos de gestão. Existe a necessidade de uma gestão mais criativa e eficiente para poder compensar as restrições financeiras e as humanas.

Falando sobre reconexão da cultura com a sociedade, a FCS passou por momentos recentes de fragilidade, inclusive com o movimento Menos Palácio, Mais Artes, que criticava as condições de ensino do Cefart. Houve perda de público? E como trazer um novo público?

A FCS atua na oferta cultural, na produção e criação por meio de seus corpos artísticos e na formação artística e tecnológica. Nosso grande desafio é conseguir equilibrar tudo isso, que trabalhem de maneira integrada. Não posso dizer que a FCS perdeu público. Quando falo em reconectar, falo em trabalhar mobilização, comunicação mais acessível, arte e educação, com o conteúdo que é produzido dentro da casa. Vamos fazer um esforço para que, por meio de diversidade de programação, tenhamos reconexão com a sociedade como um todo, não especificamente com o grupo X ou Y.

Quem frequenta o Palácio das Artes percebe o desgaste do espaço, que foi reformado há 20 anos, após o incêndio de abril de 1997. Além do ar-condicionado do Grande Teatro, há outros aspectos que têm que ser revistos, não?


A reforma depois do incêndio não atacou problemas históricos. Não foi feita, por exemplo, nova caixa cênica (foi preservada do fogo). Ou seja, o teatro ficou praticamente com a mesma estrutura de 40 anos. Em 2013 e 2014 foram feitas algumas intervenções de modernização. Só que tudo requer manutenção, e os dois problemas (atuais) – o ar-condicionado e a parte elétrica – foram fruto de manutenção não realizada. No caso do ar, houve dois pregões para licitação que estão andando. Um já foi fechado, outro será relançado. A previsão é de quatro meses para finalizar (a obra). Já a subestação elétrica já foi contratada (troca seria de quatro a seis meses). A gente tem um laudo que diz que não há risco nenhum. Também fizemos diagnóstico de todas as salas do teatro para ver o que é possível fazer num plano de ação de quatro anos. Queremos melhorar a infraestrutura técnica. Desta maneira, conseguiremos melhor competitividade. Agora, quando se fala de plano de ação, de investimento, estamos falando de investimento privado. O estado hoje é responsável pela manutenção.

Na gestão anterior, grupos nascidos no Cefart – o Balé Jovem e a Big Band – acabaram. Existe a intenção de retomar esses projetos?

Estes grupos existiam como projeto de pesquisa dentro do Cefart, jovens que estão estudando, ainda não estão no mercado profissional, mas já têm experiência profissional. Por uma decisão da gestão anterior, o modelo mudou. Estamos revendo a grade curricular do Cefart. Entendemos que o que mais pode oferecer diferencial é a integração entre as áreas. Isso pode se dar de várias maneiras. Os grupos são um formato, mas não só. Existe, por exemplo, o projeto LabTec, um laboratório relacionado ao curso de Tecnologia da Cena, que lida com a interlocução com a experiência prática. Queremos avançar, colocar os alunos participando das produções que estão no Grande Teatro.

Também nos últimos 10 anos, BH viu nascer outros teatros (Sesc Palladium, Cine-Theatro Brasil Vallourec) que têm porte semelhante ao do Palácio das Artes. Houve queda na demanda do Grande Teatro?

A demanda não, mas hoje não é fácil encher um teatro com 1,7 mil lugares. A gente acabou ficando focado em um perfil de espetáculos de grandes nomes da MPB, grandes produções. Queremos trazer as novas gerações, trabalhar a formação de público. E retomar, por exemplo, projetos na área de literatura. O Palácio das Artes viveu muito tempo praticamente liderando as demandas. Então, houve pouca ação prospectiva. O grande foco é garantir diversidade. No caso da Sala Juvenal Dias e do Teatro João Ceschiatti, queremos retomar a identidade dos espaços (a primeira para a música; o segundo, para o teatro). Vamos tentar em editais de ocupação de temporada. Há produção grande de Minas que acaba não tendo vazão. Neste ano não conseguimos fomento, mas hoje existem vários formatos em que se pode trabalhar. A gestão passada já retirou a taxa mínima (que era cobrada) para as duas salas.

Então dá para trabalhar sem dinheiro?


A gente atua assim eternamente. Nunca houve abundância na cultura. A gente tem de pensar em gestão, identidade e na realidade em que estamos. Há soluções a curto prazo e a médio que precisarão de investimento. E o investimento privado não cai de graça. Temos de demonstrar, do ponto de vista de gestão, que as diretrizes estão claras.

Destaques da programação


Maio
Dia 22 – Sinfônica em Concerto (Grande Teatro)
Dia 24 – Mostra Mizoguchi (Cine Humberto Mauro, até 13 de junho)
Dia 28 – Coral Lírico em Concerto – comemoração dos 40 anos (Grande Teatro)

Junho
Dia 5 – Sinfônica em Concerto (Grande Teatro)
Dia 8 – Ballet Nacional da China (Grande Teatro)
Dias 14 a 16 – Show Bloco na rua, de Ney Matogrosso (Grande Teatro)
Dias 25 e 26 – Sinfônica e Lírico ao Meio-dia (Grande Teatro)

Julho
Dia 10 – Abertura da exposição Narrativas em processo: Livros de artista na Coleção Itaú Cultural (Grande Galeria, até 29 de setembro)
Mostra David Lynch (Cine Humberto Mauro, data a definir)
Concurso Jovens Solistas (data a definir)

Agosto
Dia 9 – 21º Festival Internacional de Curtas de BH (Cine Humberto Mauro, até 18 de agosto)

Outubro
Ópera La Traviata, de Giuseppe Verdi
(datas a definir)

Novembro
Sinfônica Pop (data a definir)


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