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Adeus a um mestre da comédia

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“Estar disposto a fazer humor todo dia é raro”, disse certa vez Lúcio Mauro. Pois a extensa trajetória do ator e diretor está diretamente ligada ao humor – marcou presença em programas históricos da TV brasileira, como Balança, mas não cai (1968), Chico City (1973) e Escolinha do Professor Raimundo (1990). Lúcio Mauro morreu na noite de sábado (11), aos 92 anos, de “falência orgânica múltipla”, segundo divulgou a Globo. Seu corpo será velado nesta segunda (13), no Theatro Municipal do Rio. A cerimônia, aberta ao público, será das 9h às 14h.

“Meu amado pai serenou. Ele merecia esse descanso. Lúcio Mauro teve uma vida linda, uma carreira vitoriosa, cinco filhos, cinco netos, dois casamentos, com Arlete e Lu, duas mulheres fantásticas que se tornaram amigas e mantiveram essa família unida. Papai foi um pioneiro, saiu do teatro de estudante lá no Pará, foi pro Recife, fez rádio, inaugurou a televisão no Nordeste e, de lá, veio para o Rio de Janeiro para se tornar um dos maiores artistas deste país”, publicou o ator Lúcio Mauro Filho em suas redes sociais.

Três anos atrás, Lúcio Mauro sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Ainda que tivesse se recuperado, o ator sofreu sequelas. “Já não era a mesma coisa. Preso a uma HomeCare, ele lutou até suas últimas forças”, acrescentou o filho ator. Lúcio Mauro estava internado havia quatro meses na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, com problemas respiratórios.

Nascido em 14 de março de 1927, em Belém do Pará, Lúcio Mauro começou a atuar no teatro estudantil. Tinha pouco mais de 20 anos quando foi chamado para trabalhar na companhia do ator Mário Salaberry, marido da atriz Zilka Salaberry. A intenção dele era fazer turnê em algumas cidades.
Quando chegasse ao Recife, Lúcio faria vestibular para a faculdade de direito. Dali, a trupe seguiria para o Rio de Janeiro.

ACIDENTE Só que, na viagem para a capital fluminense, um grave acidente de carro mudou os planos. Lúcio Mauro ficou muito machucado; Salaberry morreu. Arrasado, o ator voltou para o Recife, onde conheceu o comediante Barreto Júnior, dono de uma companhia de teatro com sede na cidade.

Nessa época, casou-se com a atriz pernambucana Arlete Salles. Sua estreia no humor foi no Recife, em 1960, com o programa Beco sem saída, da TV Rádio Clube de Pernambuco. Três anos mais tarde, o casal se mudou para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, Lúcio Mauro primeiramente trabalhou na TV Rio; depois, na TV Tupi. Chegou à Globo, onde se concentrou a maior parte de sua carreira, em 1966.

Em 1968, ele criou e dirigiu seu primeiro grande programa.
Em Balança, mas não cai, transmitido ao vivo até 1971, Lúcio Mauro era o Fernandinho, personagem de um quadro humorístico em que atuava com Sônia Mamede, que fazia a personagem Ofélia. Fernandinho era um homem rico e sofisticado, cuja mulher, a ignorante Ofélia, causava-lhe grande constrangimento, devido às suas gafes perante convidados ilustres. Em 1999, o quadro ganhou nova versão no Zorra total, com Lúcio atuando ao lado de Cláudia Rodrigues.

Lúcio Mauro foi muito presente nos programas de Chico Anysio. Dois personagens emblemáticos foram Aldemar Vigário, o aluno bajulador da Escolinha do Professor Raimundo, e Da Júlia, assistente do ator Alberto Roberto (personagem de Chico).

No teatro, alguns trabalhos marcantes foram a peça Além da vida (1980), escrita por Chico Xavier e Divaldo Franco e Lúcio 80-30 (2008), em que ele dividiu o palco com três filhos: Lúcio Mauro Filho (também autor e diretor da montagem), Alexandre e Luly Barbalho. Mais recentemente, o ator participou de A grande família e de um programa comemorativo da Escolinha do Professor Raimundo.

No cinema, esteve no elenco de filmes como Terra sem Deus (1963), de José Carlos Burle; Redentor (2005), de Cláudio Torres; Cleópatra (2008), de Júlio Bressane; e Muita calma nessa hora (2010), de Felipe Joffily. Também participou de novelas como Paraíso tropical (2007), A favorita (2008) e do remake de Gabriela (2012).

COLEÇÃO DE SUCESSOS

Relembre alguns dos trabalhos do ator na TV

• Balança, mas não cai (1968)
• Alô Brasil, aquele abraço (1969)
• Chico City (1973)
• Chico Anysio Show (1988)
• O pagador de promessas (1988)
• Escolinha do Professor Raimundo (1990)
• Zorra total (1990)
• Paraíso tropical (2007)
• A favorita (2008).