Uma campanha nacional batizada de Calçada Cilada parece que não chegou por aqui. Nem sei se é por falta de grana ou de educação, é raro moradores de casas e edifícios se incomodarem com seus passeios. Quem circula pela Cidade Jardim, que já foi o bairro mais seleto da cidade, percebe isso claramente. Não é raro que quem quiser passar em alguns quarteirões tenha de andar no leito da rua, porque a calçada está em pandarecos. A prefeitura andou fazendo uma campanha para que os moradores fizessem aquele ajuste de calçada com piso especial para deficientes e o negócio não funcionou muito porque as peças do piso que deveriam ser colocadas no chão (aquelas vermelhas) ganharam preços altíssimos. O que devia ser um benefício para a cidade acabou se transformando num benefício para os produtores do azulejo.
Junto com os passeios, as calçadas ganham com frequência alguns buracos deixados por árvores que caíram, foram cortadas e os donos da casa no mesmo espaço não tomaram conhecimento das armadilhas. Engraçado é que as pessoas desconhecem que os passeios fazem parte das moradias, desde os tempos coloniais, quando ganhavam aquelas belas e grandes pedras que atualmente não podem mais ser usadas. Só nas cidades históricas são permitidas.
Assim como nas outras edições, que ocorrem desde 2014, o objetivo principal é engajar a população em favor de cidades mais caminháveis e acessíveis. Com ao menos uma participação em 38 municípios e 10 estados, os números seguem revelando, infelizmente, a falta de compromisso e o estado crítico das nossas calçadas, ruas, passagens e caminhos. Os principais apontamentos indicam calçada irregular, falta de acessibilidade e calçada inexistente. Também merecem destaque os buracos, obstáculos e lixo.
Os moradores se esquecem que a calçada é uma infraestrutura simples e fundamental para a circulação das pessoas em qualquer cidade civilizada. A campanha, que está em sua sexta edição, nasceu em São Paulo, com Silvia Stuchi, gestora ambiental e integrante do Corrida Amiga, que idealiza a iniciativa.