A Rua Joaquim Murtinho é da minha infância. Como naquele tempo os primos da minha idade eram só meninos, não era raro que eu fosse jogar futebol com eles na Avenida do Contorno, no canteiro de grama em frente onde hoje existe aquele Hotel Mercure. Como não tinha muita força nos pés, funcionava como goleiro e recebia boas boladas no estômago. Era legal, meninos hoje não encaram essas brincadeiras. Quando nos cansávamos do futebol, descíamos a Joaquim Murtinho e íamos apanhar maria-sapuda no brejo que ficava na quebrada da rua que não era sequer calçada. Além das bichinhas, o brejo era cercado de muitos lírios e outras plantas, que eu gostava muito de apanhar. Guardo dessa época uma séria desconfiança com a rua, que é aquela onde os bueiros soltam rios de água quando chove, a prefeitura colocou aviso para que seja evitada em dias de tempestade e até gente já morreu presa dentro de carro em dia de aguaceiro.
Como é meu caminho diário para ir do trabalho para casa, presto muita atenção no que ocorre no calçamento, que volta e meia tem que ser reforçado, buracos surgem do nada. Por coisa nenhuma moraria ali, porque não imagino que tipo de reforço ou escoamento do brejo foi feito pela prefeitura.
Como esse sumiço vem ocorrendo desde fevereiro, aprendi em cartazes que foram colocados nos postes e árvores da região, com uma foto da – ou será do? – Lolla. O papagaio não é dos nossos, é uma beleza colorida, parece mais uma arara, com muitas cores, o cartaz avisa que é ave importada não sei de onde... Daquele tipo que se algum admirador achar não vai entregar nunca. E ele sumiu do Bairro Santo Antônio, que fica perto, numa divisão que, para falar a verdade, nunca consegui entender como é feita.
Outro lance importante desses dias foi a semana santa, que nos deu várias folgas e excesso de informação. Quando voltei ao trabalho, na última segunda-feira, encontrei em meu computador mais de 400 e-mails, dos quais não se aproveita nada, ou quase nada.