Agora é para valer: a oitava e última temporada de Game of thrones (GoT) começou anteontem, com a exibição do primeiro de seis episódios definidores da história que começou em 2011 (na TV, a partir da saga literária criada por George R. R. Martin), transformou-se em combustível de um boom nas produções ao redor do mundo e ofereceu-lhes um horizonte ambicioso sobre o que é possível fazer em matéria de seriados.
Segundo a HBO, a audiência do episódio de domingo foi de 17,4 milhões nos Estados Unidos. No Brasil, o canal liberou seu sinal para não assinantes. Até 19 de maio, quando será exibido o capítulo final de GoT, milhões de fãs ao redor do mundo saberão o desenlace da história de Jon Snow, Daenerys Targaryen, Cersei e Tyrion Lannister e o Trono de Ferro; descobrirão também (provavelmente) o que o Rei da Noite quer, e assistirão, entre outros momentos aguardados com ansiedade desigual, à maior batalha que uma emissora de TV jamais produziu. A expectativa é muito alta.
Game of thrones fez a indústria toda se dobrar diante dos seus números. Foram 47 prêmios Emmy até aqui, a maior coleção entre produções roteirizadas, média de 30 milhões de espectadores por episódio na última temporada nos EUA, recorde absoluto da emissora, e um orçamento de US$ 15 milhões (R$ 58 milhões) por episódio, valor muito acima do usual na televisão. Ninguém sabe o que vai acontecer.
A série já não segue mais a linha do tempo dos livros de George R. R. Martin (pois ele ainda não escreveu o final, embora tenha papel ativo na produção da HBO), e os segredos do continente fictício de Westeros são muito bem guardados. Na coletiva de imprensa de apresentação da temporada, em Londres, o que se dizia era que será um final histórico – mas não muito além disso. Um dos episódios da nova temporada, provavelmente o terceiro, exibirá a batalha muito esperada entre o exército dos mortos, comandado pelo Rei da Noite, e os personagens principais. Apenas a batalha levou a marca impressionante de 55 noites para ser filmada – um helicóptero misterioso sobrevoou as filmagens, em abril de 2018, na Irlanda do Norte, e os produtores David Benioff e Dan Weiss tiveram de entrar em contato com a autoridade civil de aviação do país. Era a polícia, e os segredos, mais uma vez, permaneceram seguros.
RECEIO
“O final para mim não foi chocante, mas sei que não vai agradar a todo mundo, simplesmente porque é impossível”, disse, em Londres, um cético Conleth Hill (Lorde Varys).
“Foi uma ovação de 10 minutos para David e Dan, gente agradecendo, chorando”, lembrou-se Rory McCann (Sandor Clegane), sobre a leitura conjunta. “Nem todo mundo vai ficar feliz, mas, adivinhem, quem escreveu foram eles”, debochou. “Chorei”, contou Gwendolie Christie (Brienne de Tarth). “Algo que nunca compreendi de verdade foi o verdadeiro fenômeno global que a série se tornou. Isso é difícil de imaginar.
“Foi emocionante, não achei que seria”, admitiu Carice van Houten (Melisandre). “Muitas, muitas lágrimas. Foram sete anos da minha vida, tudo isso conectado a essas pessoas e locações”, relembrou.
“Meu dia final foi o último para a maior parte da equipe”, disse a carismática Maisie Williams (Arya Stark). “Era uma cena em que Arya está sozinha, serena, uma cena cuidadosa, que não é o que eu recebia, geralmente. Senti-me frágil. Mesmo agora, quando falo, a ansiedade sobre o fim ainda vem de maneira lenta”, previu.
Em uma das cenas divulgadas nos trailers oficiais da oitava temporada, Arya aparece correndo nas catacumbas de Winterfell, onde seus parentes estão enterrados, e ainda não se sabe de quem ou do quê. “Arya sempre foi um sopro de ar fresco. É fácil rascunhar personagens crianças em séries, frequentemente eles são secundários. Aqui, as pessoas percebiam os diálogos divertidos e a vontade dela de quebrar fronteiras do que significava ser uma jovem garota.
A ousadia da personagem talvez fosse apenas um reflexo da série, que, com o passar do tempo – e com o crescimento no orçamento –, passou a privilegiar cada vez mais imagens espetaculares de dragões no céu e batalhas sanguinárias. De qualquer forma, sempre é possível tirar de Thrones reflexões profundas sobre o que significa ser um bom líder no mundo, e isso nunca é pouco.
NÚMEROS
US$ 1 bilhão
(R$ 3,8 bilhões) por ano é o que a série arrecada para a HBO
16,5 milhões
de espectadores foi a audiência do último episódio da sétima temporada nos EUA
110
indicações a prêmios
186
países assistirão à oitava temporada
1h22
é a duração do terceiro episódio da oitava temporada, o mais longo da série
2.995
morreram ao longo de 67episódios de GoT (foto)
30
locais de gravação em 7 países foram usados na temporada final.