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Estreia na Globo série filmada em Minas e já exibida em streaming

"Se eu fechar os olhos agora" é baseada no livro de Edney Silvestre e tem Débora Falabella e Murilo Benício no elenco


postado em 15/04/2019 05:05

Ambientada no interior fluminense nos anos 1960, série foi gravada em Catas Altas, Minas Gerais(foto: MAURÍCIO FIDALGO/DIVULGAÇÃO)
Ambientada no interior fluminense nos anos 1960, série foi gravada em Catas Altas, Minas Gerais (foto: MAURÍCIO FIDALGO/DIVULGAÇÃO)



Quando o autor Ricardo Linhares escreveu a sinopse de Se eu fechar os olhos agora, série inspirada no livro homônimo do jornalista Edney Silvestre, o streaming estava começando a ganhar força no Brasil. Era final de 2016 e até a própria Globoplay (plataforma digital de vídeos sob demanda criada e desenvolvida pelo Grupo Globo) ainda estava sendo formatada. Mas, coincidentemente, o dramaturgo responsável por sucessos na TV como A indomada, Celebridade, Meu bem querer, Tieta e Anos rebeldes acabou idealizando uma produção em sintonia com o novo formato de distribuição de produtos audiovisuais.

“Ela tem uma estrutura diferente das novelas e das minisséries. Cada episódio tem um título e é independente um do outro. Não tem a continuidade, mas tem um elo entre si. Tanto é que, no primeiro capítulo, eu nem apresento todos os personagens, como costuma ocorrer com essas produções mais tradicionais da teledramaturgia. Antonio Fagundes, por exemplo, que faz o Ubiratan, e que é uma estrela, só aparece no segundo capítulo. Confesso que, quando pensei nesse estilo, nem tinha Netflix na minha casa. Então não foi uma influência”, afirma Linhares.

Se eu fechar os olhos agora estreia nesta segunda (15) na grade da Globo, logo após a novela O sétimo guardião. Mas a série já foi disponibilizada na plataforma de streaming Now (NET e Claro), em agosto do ano passado. “Foi a primeira vez que isso aconteceu. O Now geralmente exibe um produto que já passou na TV aberta ou fechada. Eles não fazem um lançamento. Foi um privilégio uma empresa que nem é ligada à Globo ter se interessado. Mas não houve nenhum tipo de conflito por conta disso, muito pelo contrário”, afirma o autor, que admite estar com grande expectativa para a estreia nesta noite na TV convencional. “É diferente e especial. A nossa grande vitrine ainda é a TV aberta mesmo com o grande crescimento do streaming. A gente acha que uma plataforma tira o público da outra, mas não é verdade. São públicos distintos.”

O ponto de partida da série, que tem direção artística de Carlos Manga Jr., é o mesmo do livro que conquistou o Prêmio Jabuti de melhor romance em 2010. A história se passa em 1961, numa cidade do interior fluminense. Durante uma fuga da escola, Paulo (João Gabriel D’Aleluia/Milton Gonçalves) e Eduardo (Xande Valois) encontram o corpo da jovem Anita (Thainá Duarte) à margem de um lago. Acusados de um crime que não cometeram, eles percebem que existe um mistério maior em torno do caso, envolvendo figuras importantes da sociedade da cidade, como o prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício), a primeira-dama Isabel (Débora Falabella), o empresário Geraldo Bastos (Gabriel Braga Nunes) e sua esposa Adalgisa (Mariana Ximenes), além do dentista e marido da vítima, Francisco (Renato Borghi). Todos mantinham relações obscuras e dúbias com Anita. Por conta própria, os garotos iniciam uma perigosa investigação. No percurso, conhecem o enigmático Ubiratan (Antonio Fagundes), a quem pedem ajuda.

ADAPTAÇÃO Inicialmente, Edney Silvestre havia sugerido adaptar oito contos passados em oito cidades brasileiras. No entanto, Ricardo achou que esse tipo de literatura não funcionaria na TV aberta e sugeriu transformar Se eu fechar os olhos agora em produto televisivo. “Achei que ia dar mais certo, porque o público de TV gosta de acompanhar uma história. É claro que tive que fazer algumas modificações, como a inclusão de personagens como a Adalgisa (Mariana Ximenes) e elaborar mais outros, como Ubiratan e Geraldo Bastos. Criei novas situações também, porque, do contrário, acho que não renderia uma série de 10 episódios”, afirma Linhares.

A versão dele também ganhou mais dinamismo. Se na obra de Edney é um crime que norteia todo o enredo, na telinha, um assassinato deve ocorrer a cada episódio. “Vamos ter várias surpresas. Até o ‘quem matou?’ é diferente do livro. O tom e a essência da obra do Edney Silvestre estão ali, mas cada veículo pede uma narrativa diferente. A TV exige mais ação, adrenalina, aquela coisa do gancho, para que o espectador não deixe de assistir. Por isso não dá para ser totalmente fiel ao livro”, justifica o dramaturgo.

Edney Silvestre afirma que sempre esteve a par das alterações e que aprovou as mudanças, especialmente a inclusão de Adalgisa, a quem considera “uma personagem fascinante, contraditória e encantadora”.”Daquele momento em diante, toda vez que penso nos personagens, vejo Thainá Duarte como Anita, Antonio Fagundes como Ubiratan, Débora Falabella em vez de Isabel, Xande como Eduardo. Murilo é a imagem do prefeito Adriano e Paulo, para sempre, se tornou João Gabriel d’Aleluia. Ricardo e eu conversamos muito sobre o romance, sobre aquela cidade, sobre aqueles amores e minhas inspirações. No momento em que ele começou a escrever, Se eu fechar os olhos agora se tornou uma minissérie de Ricardo Linhares”, diz o jornalista e escritor, que pretende lançar em meados do ano o romance O último dia da felicidade, uma trama de suspense histórico sobre um complô para assassinar a primeira-dama do Brasil.

Um dos destaques do elenco da série de Linhares é Débora Falabella, que interpreta Isabel, primeira-dama do fictício município de São Miguel. A atriz mineira diz que ficou muito interessada em viver uma personagem reprimida, que esconde seus desejos, que, de alguma forma e em algum momento da história, serão revelados. “E me fascinou muito também poder fazer uma série adaptada de uma obra literária. Sempre me interessei por essas adaptações e acho que fazer de um livro de um brasileiro como o Edney, que tem um trabalho tão reconhecido, é muito importante. Além disso é um modo de as pessoas, por meio do audiovisual, se interessarem e conhecer um pouco da nossa literatura. Além de contar essa história que, apesar de se passar nos anos 1960, faz um paralelo com o que a nossa sociedade vive hoje”, comenta.

CATAS ALTAS Apesar de a história se passar no interior do estado do Rio de Janeiro, foi uma cidade mineira a escolhida para ser o cenário da série. Catas Altas, na região Central, foi descoberta por acaso pela cenógrafa Anne Marie Bourgeois. Uma noite, ela estava no computador, pesquisando cidades históricas pequenas, e acabou dormindo. No dia seguinte, quando acordou, se deparou com uma foto que estava aberta na tela do PC: era a praça de Catas Altas.

“Essa locação casou como uma luva. Filmamos em Catas Altas e também no Caraça. As montanhas, tão presentes no livro; a atmosfera, as belezas naturais, a igreja belíssima e o casario tão bem preservado. A gente não poderia ter encontrado um lugar mais apropriado. Isso sem falar na hospitalidade mineira. Era importante que o cenário fosse real para passar verdade. Credibilidade é uma palavra-chave neste projeto”, diz Ricardo Linhares, que prepara agora uma série inspirada no livro Cacau, de Jorge Amado.

Embora seja natural de Belo Horizonte, Débora não conhecia nem Catas Altas nem o Caraça e diz ter se encantado pelos dois lugares. “É uma região muito bonita. E, ao mesmo tempo, a cidade de Catas Altas é muito conservada, muito charmosa. Acho que ela foi perfeita para contar essa história. Ela fica cercada de montanhas, e aquela sociedade está ali meio parada no tempo. Foi muito lindo conhecê-la, ainda mais sendo um lugar que faz parte da minha história. Filmar em Minas é como filmar em casa. A gente convive com o mineiro, com essa hospitalidade que o mineiro tem. Ficamos numa pousada em que os anfitriões eram maravilhosos. Fomos muito bem cuidados, sempre com essa hospitalidade mineira, que é algo de que eu gosto tanto e que levo de Minas para mim”, afirma a atriz.




Três perguntas para...
Débora Falabella
atriz

Como foi a construção da personagem? Você chegou a ler o livro de Edney Silvestre?
Não tinha lido o livro. Li para a obra (audiovisual). Mas é muito diferente, porque, no livro, minha personagem aparece pontualmente. Ela é uma personagem muito importante para a história, mas não se sabe muito dela. Já na série essa personagem é revelada. Então, além de saber o que acontecia no livro, tive que realmente criar a Isabel, tive que dar a ela musculatura, sentimentos e angústias.

Qual é o principal desafio desse projeto?
Para mim o desafio foi realmente ir aos poucos contando e revelando a história dessa mulher. Ela começa como alguém muito reprimido, inclusive, você vê isso no jeito de ela de ser e se mostrar, nos gestos e na fala, na maneira como ela se relaciona com o mundo. E depois essa mulher vai se revelando. Então é saber essa medida. Ainda mais em uma série em que gravamos todas as cenas misturadas, não teve uma continuidade. E entender qual era aquele mundo que o Ricardo Linhares, que escreveu, o Edney, que serviu como inspiração, e o Manguinha quiseram criar. Nós estamos ali dentro daquele universo e precisamos contar essa história de acordo com esse universo, no ar de mistério e, ao mesmo tempo, tão cruel como a história conta.

A maioria das pessoas de São Miguel não mostra quem realmente é. É uma sociedade de aparências. Você consegue traçar um paralelo com a nossa sociedade,ainda mais com quem se preocupa tanto com a imagem nas redes sociais?
Não consigo enxergar muito esse paralelo com as redes sociais. Acho que as redes sociais são uma decorrência do que a nossa sociedade é e sempre foi. Mas acho que, hoje em dia, existem pessoas voltando a uma questão da moral e um pouco preocupadas demais com a liberdade que a gente adquiriu. Então, estão voltando um pouco para esse conservadorismo e que, na verdade, já não é mais real. Vivemos em um mundo muito mais livre. Se falarmos do mundo inteiro, vivemos em um mundo em que adquirimos essa liberdade. Acho que isso assusta algumas pessoas, porque, às vezes, param de exercer o seu poder, o seu pequeno poder. Então, acredito que a série tenha mais a ver com isso do que a questão das aparências nas redes sociais. Acho que tem a ver com esse conservadorismo que existia nos anos 1960. Essa liberdade foi adquirida e, agora, acho que existe uma parte da sociedade com muito medo disso e que quer voltar para esse lugar da censura, do conservadorismo, da falta de liberdade, da questão da moral.


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