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Neste domingo (14), às 22h, a maior produção da história da TV mundial começa a se encerrar, com a exibição do primeiro dos seis episódios da oitava e última temporada de Game of thrones. Lançada em 2011, a série da HBO conquistou 47 prêmios no Emmy e bateu vários recordes de audiência, arrecadação e pirateamento. Mais do que isso, transformou a trama em um dos maiores itens da cultura pop, com uma legião de fãs semelhante à de clássicos do cinema, como Star wars, ávidos por consumir camisetas, brinquedos e, é claro, histórias.

Porém, antes de Kit Harington, Emilia Clarke, Peter Dinklage, Sophie Turner e Maisie Williams atingirem o posto de supercelebridades interpretando os personagens, a história já existia nas páginas escritas pelo norte-americano George R. R. Martin, autor da série literária As crônicas de gelo e fogo. A atração televisiva acabou avançando em relação à trama dos livros que a originou. Martin ainda não concluiu sua série literária. A conexão entre as duas versões ajuda a explicar como Game of thrones se transformou num fenômeno midiático.

Antes de se dedicar à obra, cujo primeiro volume foi lançado nos EUA em 1996 (no Brasil, em 2010), Martin, hoje com 70 anos, era roteirista em Hollywood, com passagens pelas séries Além da imaginação e A Bela e a Fera, nos anos 1980.

Ironicamente, foi a literatura que lhe deu seu maior sucesso na TV, quando David Benioff e D. B Weiss idealizaram e lançaram Game of thrones na HBO. O trabalho da dupla, que sempre contou com a colaboração do autor, foi capaz de transformar os extensos romances ficcionais, com mais de 700 páginas cada um e mais de mil personagens citados, em um programa televisivo atraente para milhões de pessoas, mesmo apresentando um enredo fantasioso complexo e muitas cenas de violência extrema, sexo e nudez.

O sucesso fez a criatura engolir seu criador. Diferentemente da série de TV, que terá seu último capítulo exibido em 19 de maio, a literária não foi concluída nem tem previsão de data para isso. O quinto volume de As crônicas de gelo e fogo saiu em 2011, ano em que a trama televisiva começou. Ainda estão previstos mais dois volumes para arrematar a história. Ocorre que Martin está longe de terminá-los e já revelou sentir certa frustração por ver a versão adaptada antecipar o final, que não necessariamente será o mesmo em seus livros.

Até a sexta temporada, exibida em 2016, o que se via na TV tinha grande proximidade com o que se lia nos livros.
Porém, eles ficaram para trás, e a sétima sequência, exibida em 2017, já não se baseou especificamente em nenhum dos cinco volumes publicados, assim como é o caso desta oitava temporada.

CASAMENTO Mas isso não necessariamente ameaça o casamento entre a literatura e a TV. Doutoranda em comunicação social pela UFMG e mestra em comunicação midiática pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a pesquisadora Kellen do Carmo Xavier, que estuda ficção fantástica e relações de gênero, destaca que as séries televisiva e literária fazem parte do mesmo universo ficcional.

“Ao mesmo tempo em que essa complexidade pode afastar alguns consumidores, atrai outros, que não se satisfazem em apenas ver a série. Vão ler os livros, pesquisar sobre a saga na internet e se reunir em comunidades on-line, por exemplo”, cita Kellen. “É característico do que chamamos sagas fantásticas essa expansão e dispersão de um mesmo mundo entre diferentes meios e linguagens. Via série de TV, muitos consumidores tiveram uma amostra do universo criado por George R. R. Martin e de como, nele, nem tudo é o que parece”, afirma a pesquisadora, autora de uma monografia sobre o arco narrativo em torno do personagem Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) na série de TV.

“Se você pensar em As crônicas de gelo e fogo e em Game of thrones como uma mesma saga fantástica, vai entender essas narrativas não como concorrentes, mas complementares. Consumir ambos dá acesso a mais informações sobre o universo de que fazem parte do que cada produto isolado”, diz.

Para a acadêmica, a notoriedade de Game of thrones no gênero fantástico está relacionada à forma como os personagens são desenvolvidos, tanto nos livros quanto na TV.
“Para compreendê-los, não é suficiente conhecer suas ações, é preciso ter acesso às suas motivações. Quando você entende por que Jaime tornou-se o Regicida (desde o começo da trama, ele é conhecido assim por ter assassinado o rei que deveria proteger como membro da guarda real), você passa a vê-lo de uma forma diferente. E quando é visto de outra forma por Brienne (Gwendoline Christie), ele começa a se mostrar diferente também. Enquanto muitas fantasias oferecem o ponto de vista de apenas um personagem, Game of  thrones permite compreender mais a fundo uma porção de personagens, que, assim como Jaime, mostram-se mais complexos do que poderíamos estar esperando”, diz Kellen.

Com tantas reviravoltas, revelações e surpresas, que incluem a morte de vários personagens importantes, o enredo apresenta aspectos que o tornam único em meio a tantas sagas envolvendo reis, rainhas, espadas e dragões. “Muitos fãs que participaram da minha pesquisa destacaram o modo como Game of thrones consegue se mostrar realista, mesmo se passando em um universo ficcional. Os dilemas das personagens e as disputas de poder não só estão presentes, como são tratados em profundidade. A saga também se destaca por permitir que o leitor e o espectador conheçam a história por meio dos pontos de vista de várias personagens, muitas delas mulheres. Já na franquia cinematográfica de O Hobbit, foi necessário criar uma personagem feminina (Tauriel), pois o livro de J. R. Tolkien não tinha nenhuma mulher retratada em profundidade.
Além disso, George R. R. Martin e os produtores da série sabem selecionar muito bem o que mostrar e o que ocultar para despertar curiosidade e surpreender”, avalia a pesquisadora.

Game of thrones x As crônicas de gelo e fogo


Se você não é iniciado no assunto que domina as conversas neste domingo, entenda do que todo mundo está falando com o breve guia a seguir

 


O que é Game of thrones?

É a série de TV da HBO, criada e produzida por David Benioff e D. B Weiss, inspirada na série literária As crônicas de gelo e fogo. A história foi contada em oito temporadas.
1ª (10 episódios) – 2011 emc10108
2ª (10 episódios) – 2012 emc10106
3ª (10 episódios) – 2013 emc10105
4ª (10 episódios) – 2014 emc10104
5ª (10 episódios) – 2015 emc10103
6ª (10 episódios) – 2016 emc10102
7ª (7 episódios) – 2017 - emc10107
8ª (6 episódios) – 2019* - emc10109
*Um episódio a cada domingo, a partir de hoje (13) até 19 de maio

O que são As crônicas de gelo e fogo?
É a série literária escrita por George R. R. Martin. A história é contada em cinco livros já publicados e ainda será concluída em outros dois volumes a serem lançados.

Livro 1 - A guerra dos tronos (704 páginas) - 1996 nos EUA e 2010 no Brasil
Livro 2 - A Fúria dos reis (784 páginas) - 1998 nos EUA e 2011 no Brasil
Livro 3 - A tormenta das espadas (992 páginas) - 2000 nos EUA e 2011 no Brasil
Livro 4 - O festim dos corvos (784 páginas) - 2005 nos EUA e 2012 no Brasil
Livro 5 - A dança dos dragões (959 páginas) - 2011 nos EUA e 2012 no Brasil
Livro 6 - The winds of winter (Os ventos do inverno) - sem data de lançamento
Livro 7 - A dream of spring (Um sonho de primavera) - sem data de lançamento

Qual é a história dos livros e a da série de TV?
É uma fantasia, que se passa em um mundo medieval imaginário. A trama é sobre uma guerra entre diferentes casas dinásticas pelo trono de Westeros e seus sete reinos unificados. Essa disputa ocorre em paralelo à ameaça de um apocalipse comandado por mortos-vivos vindos de terras geladas.

Onde a história se passa?
Em um mundo imaginário com características semelhantes às da Terra.

Os acontecimentos se dividem em dois continentes: Westeros, que seria análogo à Europa, e Essos, que guarda aspectos geográficos mais próximos do Norte da África e Oriente Médio.

Quando se passa a história?
Como tudo acontece em um mundo imaginário, a história não é inserida na cronologia que conhecemos. No entanto, as estruturas sociais são semelhantes às da Idade Média.

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