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Espetáculo de dança francês tenta mostrar como viver sem cair

Em Celui qui tombe, que tem apresentações sábado (6) e domingo (7), no Sesc Palladium, os bailarinos dançam com a lei da gravidade, procurando manter-se de pé numa plataforma giratória


postado em 05/04/2019 05:09

Celui qui tombe chega a Belo Horizonte neste fim de semana, com apresentações amanhã e domingo, no Sesc Palladium. O espetáculo abriu o Festival de Curitiba, na semana passada (foto: Géraldine Aresteanu/Divulgação)
Celui qui tombe chega a Belo Horizonte neste fim de semana, com apresentações amanhã e domingo, no Sesc Palladium. O espetáculo abriu o Festival de Curitiba, na semana passada (foto: Géraldine Aresteanu/Divulgação)


Como se manter de pé, num mundo que gira incessantemente? A partir dessa premissa indagatória, o coreógrafo francês Yoann Bourgeois criou o espetáculo Celui qui tombe (Aquele que cai), no qual os bailarinos respondem aos desafios da gravidade tentando equilibrar seus corpos em cima de uma plataforma suspensa que não apenas gira como também se inclina. A montagem chega a Belo Horizonte neste fim de semana, com sessões no sábado (6) e no domingo (7), no Sesc Palladium.

O desafio de encontrar o próprio eixo ou de se manter nele, mesmo lidando com incessantes movimentos alheios ao controle, soa “bastante filosófico” como tema, observa a bailarina Sarah Silverblatt -Bluser, “mas Yoann faz isso de um modo superconcreto, mostrando a relação do homem com os fenômenos físicos, a força da gravidade, a força motriz”.

Sarah integra o novo elenco e o novo formato de Celui qui tombe, criado em 2014, originalmente com seis bailarinos em cena. A versão que chega à capital mineira tem cinco artistas no palco e “uma coreografia muito bem escrita” por Bourgeois, que, no entanto, nunca sai exatamente igual em cada apresentação, algo que apenas reforça as reflexões que o coreógrafo propõe com seu trabalho. Afinal, na arte como na vida, a realidade transforma os planos e impõe a necessidade de adaptação.

Para Sarah, que tem formação em balé clássico, adaptar-se ao modo interpretativo da dança moderna era um grande desafio, mas não o maior. Em Celui qui tombe, os bailarinos também cantam – a capella, um trecho de uma obra de Purcell. “Eu já tinha feito parte de um coral, o que é muito diferente de encarar uma plateia cantando somente com outras quatro vozes”, diz ela, que hoje, contudo, se sente “mais calma” em relação a essa exigência do espetáculo.

Assim como Sarah, que é norte-americana, os demais artistas “vêm de formações e culturas diferentes”, diz ela, o que faz com que “experimentem a mesma coisa”, mas tenham “reações diferentes” no palco. Para a bailarina, esse conjunto diverso é uma das riquezas do espetáculo.

Antes de chegar a Belo Horizonte, Celui qui tombe abriu o Festival de Teatro de Curitiba, na semana passada. Sarah achou a reação do público “supercalorosa” e diz que os aplausos em cena aberta, incomuns nas plateias europeias, surpreenderam todo o elenco. “Sentimos que eles (os espectadores) fizeram a viagem junto conosco.” De BH, Celui qui tombe segue para São Paulo, onde encerra um giro sul-americano que começou pela Colômbia, com três apresentações em Bogotá.

Dedicado inicialmente ao circo, do qual empresta elementos em todos os seus espetáculos, Yoann Bourgeois direcionou sua carreira para a dança contemporânea e, desde 2016, dirige, a quatro mãos com Rachid Ouramdane, o Centre Coregraphique Nacional de Grenoble, no qual se apresenta como um artista interessado em “desarmar o tempo”, por meio de “um processo ininterrupto de criação”. Celui qui tombe é mais uma de suas tentativas de parar o relógio num ponto de suspensão.

Celui qui tombe
Coreografia: Yoann Bourgeois. Bailarinos: Julien Cramillet, Jean-Yves Phuong, Sarah Silverblatt-Buser, Marie Vaudin, Francesca Ziviani. Neste sábado (6) e domingo (7), no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, 31.3270-8100). Ingressos: Plateias 1 e 2: R$ 120 e R$ 60 (meia). Plateia 3: R$ 75 e R$ 37,50 (meia), à venda na bilheteria do teatro e em www.ingressorapido.com. Classificação: livre.


Oito perguntas para...

Yoann Bourgeois
coreógrafo francês

Para exprimir as ideias de Celui qui tombe, o que se exige dos corpos dos atores/bailarinos?

É preciso que o corpo esteja atento, alerta, que reaja às forças naturais para exprimir naturalmente as ideias de Celui qui tombe.

Nesse espetáculo em particular, o risco do fracasso em cena, ou seja, de que tudo caia mal, é maior?

De fato, o cenário, a velocidade, a altura trazem mais riscos. O que importa é como os bailarinos superam e sobrevivem a esses desafios e a essas realidades.

A ideia de um grupo de indivíduos que possam compartilhar seus sentimentos, medos e ideias sobre os acontecimentos parece ser muito importante no espetáculo. Como você faz para defender o papel saudável do grupo sem cair na defesa da ideia de tribo?

Não defendemos uma ideia particular de “grupo” ou de “tribo” ou mesmo de “indivíduo”. O que fazemos é apresentar uma certa realidade que existe sobre a plataforma, em cena, e nós mostramos isso ao público como um modo de exibir a complexidade desses modos de vida.

Para o espectador que diz gostar da dança contemporânea mas ser incapaz de compreendê-la, o que você diria?

Não tente entender. Permita-se sentir, deixe-se ser levado pelas experiências dos bailarinos, deixe de lado as categorizações da “dança” e procure ver seres humanos coexistindo no palco.

Como foi a experiência de vocês no Festival de Curitiba? Os brasileiros costumam se julgar um público mais caloroso que os demais. Qual foi a sua impressão?


Cada público estabelece uma relação e um sentimento diferentes com o modo como os bailarinos se conectam entre si e com o próprio público. A plateia de Curitiba se mostrou, na verdade, muito calorosa e envolvida, pareceu ter sido muito tocada pelo nosso trabalho. Isso, em contrapartida, nos deixa muito tocados. Ficamos sempre muito gratos de ser capazes de nos conectar profunda e verdadeiramente com nosso público.

Algo no modo como os brasileiros se exprimem com seus corpos chamou a sua atenção?

No Brasil, parecem estar presentes uma abertura e uma instintividade. As pessoas se olham nos olhos nas ruas.

Em BH, está programado para sábado um ensaio aberto a artistas locais. Essa é uma prática comum do seu grupo quando está em turnê? Que tipo de experiência vocês costumam ter com essa iniciativa?

Há uma alegria em ver os outros descobrindo seu próprio equilíbrio.

Hoje em dia, como você define sua relação com o circo?

O circo será sempre próximo de mim.


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