Coisa irritante para quem está perdendo o jogo de futebol é ver algum adversário, geralmente o goleiro, retardar a devolução da bola só para ganhar tempo. Isso, todo mundo sabe, é fazer cera, mas qual será o berço dessa expressão?
Falemos de abelhas. Na Antiguidade, a cera que elas produzem era dada como pagamento de impostos e outras obrigações. A ilha da Córsega, por exemplo, pagava a Roma o tributo anual de 38t de cera! Entre nós, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, criada em 1567, pagava seus funcionários com cera, matéria-prima para iluminação, veja você.
Produzida por glândulas no abdômen das abelhas-operárias, a cera é usada para a construção dos favos. Segundo Maria Teresa do Rego Lopes, pesquisadora da Embrapa, a construção de um só alvéolo (pequenas unidades de formato hexagonal que constituem o favo) exige minucioso trabalho de equipe e leva tempo – as operárias consomem 7kg de mel para produzir 1kg de cera. Elas executam com movimentos rápidos outras atividades, mas nessa são relativamente morosas – lentidão que explicaria a origem do desespero de muita torcida. Mais que suplício, um perigo para as coronárias...
ABAPORU – Estranho nome do famosíssimo quadro pintado por Tarsila do Amaral, que fez furor na 24ª Bienal de São Paulo, em 1928, e se tornou notável ícone da moderna pintura brasileira. O quadro exibe uma figura monstruosa de pés enormes, sentada numa planície verde, braço alado repousando num joelho, a mão sustentando uma cabecinha minúscula, diante de um cacto absurdo.
MAÇANETA – O nome da peça que serve para abrir portas e gavetas vem de maçã, do latim mattiana, com o acréscimo do sufixo eta, indicando diminutivo. Quer dizer, maçaneta é uma pequena maçã, a fruta que acompanha o homem desde sua origem, frequentemente relacionada ao proibido, ao tentador, ao pecado original cometido por Eva, a primeira mulher que, na tradição bíblica, ofereceu a maçã a Adão, que a comeu e ficou com o pomo na garganta.
MALUCO – Na Indonésia, ficam as Ilhas Molucas, palavra que vem do vocábulo local maluku. Quem nasce lá é moluco ou molucano. O termo tem origem curiosa. É que os portugueses chegaram lá em 1512, ávidos pela riqueza daquelas terras de valiosas especiarias. Em 1570, enfrentaram furiosa revolta dos malucos – assim se escrevia a palavra naquela época –, que deixou assombrados os lusitanos pela ferocidade sangrenta e prolongada. Dessa veemente e ensandecida reação derivou o sentido de louco, aquele que sofre de distúrbios mentais ou, figurativamente, ama loucamente, como diz a canção de Caymmi: “Só louco/ amou como eu amei/ Só louco/ quis o bem que eu quis/ Ah!, insensato coração/ Por que me fizestes sofrer?/ Porque de amor para entender/ É preciso amar”...
FRANCISCO – É prenome com origem no germânico, referente a uma tribo de franks, cujo significado veio do latim francus, ou seja, de condição franca, livre.