De onde menos se espera, vem o perigo. Todos sabem que a carreira atual mais rendosa é das influenciadoras digitais, que ganham uma boa grana para divulgar de tudo um pouco – sem ter que pagar Imposto de Renda, o que realmente é uma felicidade. Quem não quer ter trabalho, ou não tem preferências próprias, gosta de seguir essas cabeças. E a última novidade é que elas passaram a divulgar cirurgias plásticas com a mesma desenvoltura que divulgam moda, e também que fazem muitas plásticas, trocando de próteses de silicone como se trocassem de camisa.
O cirurgião plástico Bernardo Ramalho, especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, acredita que a maioria delas é feita em troca de divulgação nas redes sociais e que isso é um risco para elas e para os seguidores que acabam sendo influenciados. O médico pontua as medidas necessárias para uma operação com menos riscos. “Para maior segurança e diminuir os riscos, é fundamental escolher um cirurgião renomado, especialista em cirurgia plástica (credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), operar em hospital que tenha CTI, e fazer o procedimento em centro cirúrgico e com anestesista. E no caso das próteses de silicone, colocar (escolher) uma prótese de qualidade (boa marca). Vemos muitas blogueiras e digital influencers reoperando as mamas, pois a grande maioria faz por parceria com o médico.
Ramalho diz que próteses de silicone não precisam ser trocadas. “Antigamente, era recomendada a troca a cada 10 anos. Porém, necessitam de uma reoperação, caso haja algum problema (como contratura capsular, ruptura ou infecção)”, explica o médico, que ainda alerta para o perigo de próteses de grande volume de silicone:“Elas provocam absorção de tecidos adjacentes (inclusive de parte óssea, quando colocadas atrás da musculatura). No Brasil, a maioria dos cirurgiões plásticos opta por colocar os implantes subglandulares (na frente do músculo)”. Segundo Ramalho, algumas cirurgias plásticas não deveriam ser realizadas.
O cirurgião afirma que não é tão simples reparar uma plástica malsucedida. “Sem dúvida, a primeira cirurgia sempre será mais simples do que as cirurgias subsequentes (secundárias ou terciárias). Isso ocorre devido à fibrose, que são cicatrizes ‘internas’ que todas as cirurgias provocam. Logo na primeira vez que a paciente vai operar, o plano anatômico está intacto. A partir da segunda cirurgia, já com a fibrose, o plano anatômico está modificado, dificultando o cirurgião.