Lágrimas e ovação. Foi assim o emocionado desfile da última coleção Chanel desenhada por Karl Lagerfeld, apresentada em uma paisagem imaculada e nevada.
O desfile de ontem, o mais esperado da Semana de Moda de Paris, foi precedido por um minuto de silêncio em homenagem ao diretor artístico da casa por 36 anos. Ao final, ouviu-se Heroes, canção de David Bowie. A Chanel reverenciou à altura o último dos gigantes da alta-costura.
Lagerfeld morreu em 19 de fevereiro, aos 85 anos. Cumpriu-se o seu desejo: a cerimônia de cremação ocorreu na mais estrita intimidade, três dias depois.
NEVE Sob o telhado de vidro do Grand Palais, o desfile começou com as modelos de pé, silenciosas, em meio ao cenário que remete às estações de esqui, com chalés de madeira e flocos de neve. Na primeira fila estava Anna Wintour, a poderosa comandante da Vogue americana, de óculos escuros e roupa rosa, ao lado de Claudia Schiffer, musa de Lagerfeld nos anos 1990, da atriz Monica Bellucci e da cantora de K-pop Jennie.
A voz do “kaiser” da moda, com seu famoso sotaque alemão, ecoou no Grand Palais durante a transmissão de uma entrevista na qual ele falou de sua estreia na Chanel. Naquela época, duvidaram de que pudesse enfrentar o desafio.
Na passarela, desfilaram as musas da casa – de Cara Delevingne à atriz Penelope Cruz, sorridente, em um vestido branco, passando pela jovem Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford.
O branco dominou a coleção assinada por Karl Lagerfeld e Virginia Viard, que o sucedeu. No último dia da Semana de Moda, o desfile marcou a chegada da estilista ao comando da Chanel. O “kaiser” a apresentava como seu “braço direito e braço esquerdo”.
Em 22 de janeiro deste ano, Viard cumprimentou o público após o desfile, que não contou com a presença de Karl Lagerfeld – ele faltou ao evento pela primeira vez, desde sua estreia na Chanel, em 1983.
Durante a semana fashion parisiense, a Chloé também saudou Lagerfeld, estilista da marca entre 1963 e 1984, distribuindo fotos retrô com frases do estilista. Em Milão, a grife italiana Fendi o homenageou, em 21 de fevereiro, apresentando um “desfile testamento”. (AFP)