Os jovens precisam escolher suas profissões muito cedo. Assim que entram no ensino médio já começa a pressão sobre eles, com perguntas constantes de todos os lados sobre qual curso farão. Talvez, por isso mesmo, muitos abandonam a faculdade e mudam de área, optando por outra profissão, geralmente antagônica à primeira.
Segundo a professora Ruth Caribé da Rocha Drouet, responsável pelo Centro de Orientação Profissional da Universidade de Araraquara, um dos fatores dessa difícil escolha é, além da idade precoce, o grande número de profissões, que aumentam cada vez mais, e o mercado de trabalho torna-se cada vez mais exigente e competitivo. Nessa época, o jovem está definindo sua identidade e, principalmente, querendo estabelecer o que quer ser na idade adulta. Ele precisa conhecer suas capacidades, seus interesses e sua motivação. E tem que considerar três aspectos: pessoal, familiar e social, e seus interesses e suas aptidões.
Os testes vocacionais ajudam muito, verdade, e hoje devem estar bem mais evoluídos e com mínima margem de erro, mas lembro-me de que, quando o teste foi aplicado na minha turma, no primeiro ano do ensino médio, na época era segundo grau, a influência do nosso professor de biologia era tão grande que o resultado geral da turma foi para ciências biológicas.
Passado o grande problema da escolha do que fazer, vem a etapa seguinte, que é enfrentar o vestibular, entrar para a faculdade e, agora, sair de casa. Há alguns anos, com a chegada do Enem e de o resultado influenciar na decisão da universidade em que o adolescente vai ingressar, muitos estão cursando o superior em outras cidades e até mesmo em outros estados. Com isso, têm que sair de casa e assumir a vida adulta, “independente”, porque o custeio continua sendo bancado pelos pais.
Além das significativas transformações naturais da idade, a escolha da profissão, as desilusões amorosas e a nova liberdade conquistada, existe a despedida da escola, e o desligamento do ambiente familiar em que vivia desde a infância.
Para a psicóloga Caroline Yu, conviver com outros jovens que passaram ou passam pela mesma situação é importante, porque ouvir outras experiências traz a sensação de que ele não é o único que está passando por essa fase de transição.
Pensando no comportamento dos jovens brasileiros, empresas têm investido para oferecer experiências positivas, principalmente em fases cruciais como a transição da escola para a universidade. Uma delas é a Uliving, que trouxe ao Brasil o conceito de residência estudantil, inspirado em países da Europa e nos Estados Unidos. Caroline explica que estudos internacionais mostram que sair de casa equivale a uma mudança de país. É a entrada para o mundo adulto. O programa oferece um ambiente exclusivo que incentiva a troca entre os moradores.
Seguem algumas dicas para ajudar os jovens nesta fase: criar vínculo em um ambiente de confiança em que se sintam respeitados e não diminuídos pelas suas angustias e sofrimentos, e onde não se sintam sozinhos. A psicóloga reforça a importância de o jovem se dedicar a atividades que sejam prazerosas, além das obrigações, e reforça que o vestibular passa, as dificuldades se resolvem e as questões se solucionam. Abrir o diálogo com a família e amigos para falar sobre as emoções com os jovens facilita muito o processo de prevenção a possíveis problemas psicológicos.